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Análise | Battletoads diverte na mesma proporção que irrita, e isso é bom demais

Por| 19 de Agosto de 2020 às 21h30

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Xbox Game Studios
Xbox Game Studios

Uma das franquias mais divertidas e carismáticas de todos os tempos, Battletoads ficou bons 26 anos sem um único lançamento. Depois que a Microsoft adquiriu a Rare, em 2002, os fãs do trio de sapões Rash, Pimple e Zitz aguardava ansiosamente por um novo jogo e que fosse capaz de resgatar toda a ação que pudemos presenciar nos clássicos dos anos 90, com muita porrada, desafios com dificuldade insana e muitas, muitas risadas.

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Na E3 de 2018, a grande notícia que todos aguardávamos: Battletoads ganharia um novo game e que seria inspirado em seus títulos passados, porém, claro, com as adaptações necessárias para a atual geração, como resolução em 4K, gráficos em 2.5D e muitos outros elementos que precisavam aparecer para, ao menos, fazer sentido para os jogadores que não tiveram a chance de experimentar os jogos passados.

Aqui no Canaltech, tivemos a chance de provar uma build durante a BGS 2019, que mostrou um game que tinha potencial, mas muitos problemas, sobretudo de fluidez. O combate de Battletoads nada mais é do que um clássico beat'em up e, sem velocidade e dinamismo, tudo ficaria ainda mais complicado. Bem, o jogo final, desenvolvido pela Rare e pela Dlala Studios, pode ser considerado quase perfeito quando pensamos em um game desse trio de sapos.

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Com fases variadas, maior variedade de inimigos, inúmeras possibilidades de combos e, claro, uma dificuldade altamente desafiadora, Battletoads promete agradar não apenas os fãs antigos, mas também os jogadores atuais. O Canaltech embarcou nas aventuras de Rash, Pimple e Zitz antes do lançamento, marcado para o próximo dia 20 de agosto, e vai contar todos os prós e contras desse game que promete divertir e irritar na mesma proporção, o que, para nós, é excelente.

Diferenças e semelhanças

Por mais que o jogo seja relativamente "sem segredos", as primeiras fases servem para que o jogador se adeque aos novos comandos de Battletoads. Logo de cara pudemos ver que mesmo que, de início, tenhamos acesso aos três heróis ao mesmo tempo, isso não quer dizer que teremos vida fácil. Você vai precisar deles e é importante que comecemos nossa análise abordando essa mecânica, que é das mais inteligentes que vimos em games do gênero beat'em up.

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Ao invés das vidas em número, como ocorria nos anos 90, temos um sistema de "ressurreição", por assim dizer, que deixa tudo bem interessante e dinâmico. Caso o sapo sob o seu comando perca a barra de vida, ele volta para uma espera, que dura 20 segundos, e outro dos heróis toma seu lugar. Ao reviver, você pode trocar para o personagem que estava utilizando, mas ele surgirá com a vida pela metade. Com isso em mente, vá para Battletoads com a ideia de que você irá se divertir muito, mas também passará por inúmeros apuros, com momentos de irritação e descontrole que marcaram os clássicos dos anos 90.

Quando o bicho começa a pegar é que sentimos que o jogo melhorou demais com relação à bulid que jogamos na BGS 2019. Os golpes estão muito mais ágeis e podemos nos locomover com mais liberdade nas fases. Muito embora o game continue difícil, com inúmeros inimigos na tela, os comandos de esquiva, pulo e combos nos garantem que, dependendo da nossa habilidade, consigamos nos livrar dos problemas.

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Além dos golpes tradicionais, os sapos podem executar dois tipos de comandos especiais, um pouco diferente do que ocorria nos game antigos, mas que nos dão uma variedade maior de combos e diferentes níveis de dano. Com o botão X (quadrado, no PS4), executamos os socos e chutes normais, com o Y (triângulo no PS4), utilizamos uma espécie de "saque", que é capaz de levar vários inimigos de uma vez para o alto, causando mais dano e, por fim, o botão B (Círculo, no PS4), que executa o Golpe Metamórfico, muito útil para quebrar defesas e tirar bastante dano de vários adversários ao mesmo tempo. Este último, aliás, fica ainda melhor quando seguramos o botão, mas, claro, ficamos vulneráveis por um momento.

Não há como bloquear ataques em Battletoads, por isso, use e abuse do botão de esquiva, que também é muito utilizado em outros momentos, que falaremos mais adiante. Além de escapar dos golpes e projéteis, uma boa maneira de, ao menos mitigar os ataques dos inimigos é fazendo bom uso das línguas dos sapos. Você pode lançá-la e, como se fosse uma corda, trazer ou ir até monstrinhos para que os encha de porrada, ou seja, nesse vai-e-vem, podemos poupar vida.

Outro golpe interessante e que ajuda a "se defender" em Battletoads é a goma de mascar. Cada um dos sapos possui duas disponíveis, que deixam o inimigo imóvel durante um breve período de tempo. Nesse movimento, porém, um dos poucos defeitos da jogabilidade do game: a mira. É muito complicado escolher qual dos monstrinhos acertar com a língua ou com a goma. E na chuva de golpes que é Battletoads, isso faz diferença em algumas situações.

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Desafio inteligente

Depois de se habituar aos comandos, hora de sentir a dificuldade do jogo em si, a começar pelos seus inimigos. Não importa a fase em que você esteja, seus adversários o atacam de modo que todas as ações se complementam, o que torna tudo muito mais difícil. Além dos inimigos básicos, temos de enfrentar monstrinhos que lançam projéteis, dão choque e que são capazes de utilizar escudos. O mais legal por aqui, apesar da enorme dificuldade em que somos colocados, é que os inimigos são muito variados, dando diferentes sensações de desafio à medida que avançamos no jogo.

Mais semelhanças com os anos 90? Bem, você terá essa sensação em momentos bem específicos, como a interação com o cenário e da comilança das moscas. No caso do cenário, você precisa acertar alguns alvos e usar a língua dos sapos para "trocar de plano" nas fases. Já quando falamos dos insetos, eles nada mais são que a nossa chance de recuperar um pouco da energia para seguir adiante no gameplay.

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Também nos sentimos nos anos 90 quando enfrentamos os chefes de cenário. Além de serem extremamente criativos, com golpes dos mais variados, eles seguem o padrão de utilizarem todos os planos das fases, bem como ocorria com os games do passado.

A novidade na progressão, no entanto, vai para algumas situações inusitadas e que foram de grande (e boa) surpresa na jogatina. A começar pelos puzzles, que aparecem em meio às fases e que são obrigatórios para que possamos seguir em nossa jornada. Além disso, entre um ato e outro, podem aparecer alguns desafios extras que ajudam na pontuação, como minigames e charadas.

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Outra característica marcante de Battletoads que voltou de maneira remodelada - e melhorada - para o game desse ano são as fases especiais, aquelas em que utilizamos veículos para passar. Seguindo a mecânica de revezamento entre os sapos, enfrentamos verdadeiras corridas de obstáculos, que vão ficando cada vez mais intensos e irritantes. De diferente aqui, porém, é que, em algumas delas, utilizamos uma visão frontal para jogar, e não lateral.

Enredo e ambientação de primeira

A Rare e a Dlala Studios apostaram alto e conseguiram bons frutos ao darem a Battletoads um enredo que pudesse aliar o humor ácido, o carisma e a nostalgia. Evitaremos spoilers, é claro, mas para quem é fã de longa data, gratas aparições tornam tudo bem divertido e inusitado. Mas, falando bem por cima, Rash, Pimple e Zitz não estão mais na crista da onda, por assim dizer, e precisam retomar os tempos de glória e fama. Capitaneados por Zitz (é o que ele mesmo diz), o trio de sapos parte para uma jornada em busca de heroísmo. Mas, para obter isso, aliados improváveis vão surgir.

E, como não poderia deixar de ser em um game de Battletoads, há muito humor, piadas pesadinhas e situações altamente constrangedoras, mas que dão um bom tom e fazem sentido com a proposta que o jogo tem. Isso sem falar nas animações e cut scenes, que são de encher os olhos e nos fazem pensar, por vezes, que estamos assistindo a um desenho do Cartoon Network.

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Os gráficos do jogo, aliás, estão muito bonitos, com desenhos muito bem feitos e efeitos visuais primorosos, que casaram bem com a perspectiva 2.5D. Nós rodamos o game em um Xbox One X e ele se apresentou em um belo 4K nativo, com 60fps e sem qualquer engasgo, o que ajuda também na jogabilidade.

Algo que merece muito destaque em Battletoads, porém, são os efeitos sonoros e a trilha de fundo. Quase que 100% do jogo é embalado por riffs e solos de guitarra digno de um thrash metal raiz. E esse é um ponto que, aliás, os jogos tidos como "indies" ou AA têm investido cada vez mais, o que torna a experiência ainda melhor e mais divertida.

Queremos o online

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Por mais que a Rare e a Dlala Studios apontem para Battletoads como um jogo de multiplayer de sofá, a falta de um modo online é um pecado que precisa ser corrigido urgentemente. Como todos devem saber, o game faz parte do Xbox Game Pass e poderia ter ainda mais adesão se posse compatível com uma jogatina à distância.

Apesar disso, aproveitamos a ocasião para ver se Battletoads tem o mesmo poder destrutivo de UNO e Cuphead e a resposta é: sim. Jogar com outras duas pessoas é muito mais divertido do que sozinho, porém cobra seu preço: amizades e relacionamentos podem minguar.

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Ainda bem que voltou

Depois de me assustar durante a BGS 2019, com uma build dura e sem graça, a versão final do novo Battletoads traz tudo aquilo que esperávamos há mais de 20 anos. Combates divertidos e intensos, inimigos variados e inteligentes, fases com desafios dificílimos, gráficos e animações impecáveis e todo o carisma de um dos trios mais legais dos games.

Apesar da ausência de um modo multiplayer online, Battletoads fica ainda mais divertido quando jogado com amigos, mesmo offline. Mas, cuidado: o jogo vai divertir na mesma proporção em que vai te irritar. É por sua conta e risco.

Battletoads será lançado em 20 de agosto para Xbox One e PC, disponível desde o primeiro dia para assinantes do Xbox Game Pass.

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Battletoads foi avaliado no Xbox One X com uma cópia gentilmente cedida ao Canaltech pela Microsoft Brasil.