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Jade Raymond | Quem é a executiva que comandará o Google Stadia?

Por| 16 de Abril de 2019 às 11h20

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Jade Raymond | Quem é a executiva que comandará o Google Stadia?
Jade Raymond | Quem é a executiva que comandará o Google Stadia?
Google Stadia

O Google Stadia foi anunciado no mês passado e trouxe ao mercado dos games um gostinho do que poderemos ver em um futuro próximo. A proposta de ter um serviço de games hardcore sem a necessidade de um console físico, com todo o processamento em nuvem e utilizando como canal um navegador de internet fala por si: a indústria está mudando.

E quando falamos da Google e suas entradas em mercados que antes ela não participava tão ativamente, era de se esperar que a companhia chegasse quebrando tudo. Dentro do time que comandará o departamento de games estão nomes como Phil Harrison (ex- Xbox e PlayStation), Jack Buser (ex- PlayStation) e a grande chefe da parada, Jade Raymond, veterana do mercado, com mais de 20 anos de experiência, e que será a líder do primeiro estúdio first party da Google, o Stadia Games and Entertainment.

Com passagens por EA e Ubisoft, a canadense, que agora também é vice-presidente da Google, tem tudo para alçar o Stadia ao sucesso e colocar a Google de vez na briga pelo topo do mercado.

O começo

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Canadense de Montreal, Jade Raymond se formou em ciência da computação na McGill University, em 1998, e, logo depois, ingressou na Sony como programadora. Com um trabalho de destaque na empresa japonesa, sendo responsável pela criação do primeiro grupo de pesquisa e desenvolvimento online da companhia, logo ela chamou atenção da Eletronic Arts, sendo convidada, em 2002, para integrar a equipe de criação de The Sims Online, seu primeiro trabalho com games.

Com talento notório para a criação de ambientes mais complexos e completos — tendo em vista o tamanho de The Sims Online para a época —, não demorou muito para que Raymond decolasse na carreira dentro da indústria dos games. Todavia, antes de dar o seu verdadeiro salto na carreira, ela se juntou ao clássico programa G4 The Electric Playground como correspondente e comentarista, em 2003, ficando lá por um ano.

Logo, sua desenvoltura e capacidade chamou a atenção da Ubisoft Montreal, um dos principais estúdios da Ubisoft e responsável por franquias como Assassin's Creed e Splinter Cell.

Trajetória na Ubisoft e a consolidação como uma das grandes da indústria

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O começo explosivo, por assim dizer, da carreira de Jade Raymond na indústria dos games teve seu ápice em 2004, quando ela foi convidada para integrar um dos estúdios mais importantes da Ubisoft, o de sua própria cidade natal, Montreal. E foi nesse estúdio que Raymond deu suas maiores contribuições para o mercado, ajudando na criação da que, hoje, é a maior franquia da Ubisoft: Assassin's Creed.

“A Jade é uma amiga que fiz dentro da Ubisoft. Super esperta, criativa, tendo ajudado muito na criação do primeiro Assassin's Creed e, posteriormente, do segundo, liderando ambos os projetos”, comenta Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft para a América Latina, em entrevista ao Canaltech. “Desejamos muito sucesso a ela e o bom disso é que, com certeza, trabalharemos juntos”, complementa Chaverot.

No primeiro game da franquia, lançado em 2007, Raymond atuou como produtora, liderando criativamente o projeto que depois, como todos sabem, se transformou em um monstro do entretenimento: além dos games, a série derivou filmes, HQs, brinquedos e outros produtos. Com o sucesso desse lançamento, era natural que ela comandasse também Assassin's Creed II, que, para muitos, é o melhor jogo da série. Neste título, Raymond atuou como produtora executiva, tendo um papel não apenas de criação, mas também o de comando sobre o funcionamento de todo o ecossistema.

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Com tamanho destaque e dois gigantes lançados, era natural que Raymond logo assumisse um estúdio pra si, e foi na própria Ubisoft que isso ocorreu. A gigante francesa decidiu abrir a Ubisoft Toronto, em 2010, deixando para ela a responsabilidade de não apenas comandar a nova divisão, que fora lançada com grande expectativa, mas também de trazer ao público novas franquias e jogos ainda mais completos.

Durante sua passagem por esse estúdio, que terminou em 2014, Jade Raymond ajudou na criação de duas novas franquias, sendo produtora executiva de Watch Dogs (lançado em 2014) e The Might Quest of Epic Loot (lançado em 2015). Além desses dois títulos, ela também comandou a produção de Tom Clancy's Splinter Cell: Blacklist (2013), último game da franquia.

Volta para a EA

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O sucesso na Ubisoft acabou novamente chamando a atenção da EA, que colocou na mesa uma proposta para Raymond ser a vice-presidente sênior e gerente-geral de grupo responsável pela montagem de um novo estúdio também em Montreal. Com isso, nascia a EA Motive, responsável por franquias como Star Wars e Plants vs. Zombies HD.

Foram três anos por lá e o controverso lançamento de Star Wars Battlefront II, que sofreu uma enxurrada de críticas pelo modo como conduziu as microtransações.

Jade, a indústria e o futuro

A escolha de Raymond para comandar o estúdio de games da Google não é por acaso. Com a volta do engajamento dos jogadores por títulos single player, era natural que a empresa escolhesse alguém que ajudou a criar uma franquia pautada na jogatina em mundo aberto e que fosse reconhecidamente criativa. Seu grande trabalho no setor, inclusive, a colocou como uma das poucas executivas do mundo dos games a figurar no Top 500 da revista Variety como uma das pessoas mais influentes da indústria global.

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"Nos jogos de ação e aventura tradicionais, havia um pensamento: 'Que história queremos contar? Qual é o labirinto ou quebra-cabeça que queremos criar em cada nível?', indaga ela em entrevista recente para o GameIndustry.biz. “O mundo aberto é diferente. É sobre criar sua própria história, onde você decide como fazê-lo. Você não é o rato no labirinto. Há mais envolvimento do jogador”, complementa. Será que ela estava certa?

Sim, e sua visão acabou sendo comprovada dentro da franquia que ela mesma ajudou a criar. Assassin's Creed, hoje, abraçou o RPG de vez com Assassin's Creed: Odyssey e, como ela mesma disse, o próprio jogador acaba criando seu enredo, já que o game dá total liberdade para que isso aconteça. Outras empresas também estão seguindo pelo mesmo caminho e se a Google quisesse se aventurar neste universo dos jogos AAA, também teria de "abraçar" este modo de se fazer um game.

Chamada para fazer uma "revolução", segundo ela mesma disse na apresentação do Stadia, Raymond possui o currículo e capacidade necessárias para comandar a escalada da Google no mundo dos videogames. Seus trabalhos e maneira como conduziu projetos monstruosos a credenciam para tal.

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O Stadia é um terreno fértil para colocar toda a criatividade de Jade Raymond à prova. Se ela tiver metade do sucesso que teve com Assassin's Creed, é certo que poderemos ver grandes mundos sendo criados e jogadores cada vez mais livres.

O Google Stadia será lançado ainda este ano nos Estados Unidos. O Brasil ainda não possui data de lançamento.