Mês Internacional do Gamer: é preciso debater sobre violência e jogos
Por Giovana Gaiolli | 19 de Agosto de 2021 às 10h00
Como é sabido pela sociedade, temos dezenas, ou melhor, centenas de datas comemorativas durante o ano. Para os geeks de plantão, algumas possuem um valor sentimental especial – vide 4 de maio (aliás, May the force be with you), mas esse artigo não é sobre Star Wars. O 29 de agosto é o Dia Internacional do Gamer e, nada mais justo, do que eu trazer para discussão uma das maiores polêmicas que rodeiam o mundo dos jogos desde sua criação: há relação entre violência e os games? Ou melhor, os jogos nos levam para o lado negro da força?
Um dos gêneros mais populares de videogame é o de disparos (shooter), como é o caso dos títulos Counter Strike, Fortnite ou Grand Theft Auto. No entanto, não há evidências que os relacionem diretamente com atos violentos. Diversas pesquisas, como a da Competitive Intelligence Unit, por exemplo, afirmam que videogame não é causa de violência em si, já questões sociais e circulação de armas são. Outro relatório, esse da Associação Americana de Psicologia, baseado em mais de 100 estudos, concluiu que não há evidências sólidas que induzam alterações neurológicas e atos de violência.
Os países que mais consomem videogames são Japão e Coréia do Sul, justamente os que registram os menores índices de violência no mundo. O número de mortes por arma de fogo por ano no Japão não costuma ultrapassar 10 pessoas, enquanto a Coreia do Sul registra, em média, 300 homicídios por ano — e não necessariamente por arma de fogo. Na verdade, entre os 10 países que mais consomem videogames, apenas os Estados Unidos têm um número elevado de tiroteios.
Então onde está o problema?
Parece fácil culpar os videogames por casos de violência, no entanto, deveríamos nos atentar à circulação de armas de fogo e à facilidade de adquiri-las, bem como à saúde mental de quem tem o tiro como meio de entretenimento.
Vários estudos têm demonstrado que videogames não geram efeitos negativos sobre as pessoas e nem estão associados a comportamentos agressivos. Por exemplo, o estudo Growing Up with Grand Theft Auto: A 10-Year Study of Longitudinal Growth of Violent Video Game Play in Adolescents ("Crescendo com Grand Theft Auto: um estudo de 10 anos sobre o crescimento longitudinal de jogos violentos entre adolescentes") avaliou três grupos de crianças:
- Aquelas que jogaram muitos videogames violentos desde a muito novo
- Aquelas que jogaram videogames com violência moderada desde novo
- Crianças que não jogavam ou que consumiam jogos com baixo ou nenhum nível de violência
Os resultados não encontraram relação entre o consumo de títulos violentos e o aumento de comportamento agressivo em idades mais avançadas.
Além disso, de acordo com a psicologia, o consumo moderado de videogames está associado a vários benefícios mentais, como bom humor, relaxamento, redução do estresse e da ansiedade, regulação emocional, redução da depressão, alta autoaceitação, aumento da autoestima, melhor vitalidade e ganho de criatividade.
Para a criança e adolescente
Mesmo assim, é importante pontuar que, como filmes, os videogames apresentam uma classificação etária. No Brasil, por exemplo, 222 jogos eletrônicos em mídia física e jogos de RPG foram submetidos à classificação indicativa do Ministério da Justiça de janeiro a outubro do ano passado. Esse tipo de conteúdo passa obrigatoriamente pelo crivo da classificação indicativa do governo.
A classificação indicativa analisa e categoriza conteúdos como "livre" ou indicados por faixa etária que vão de 10 a 18 anos de idade. A análise leva em conta cenas de violência, uso de drogas, sexo e nudez, com fatores atenuantes ou agravantes, dependendo do enredo. Ela foi criada e atua como uma ferramenta para ajudar principalmente pais e responsáveis a filtrar os conteúdos acessados por crianças e adolescentes.
É essencial, tanto nos jogos como em qualquer outra mídia, consumir o conteúdo indicativo à sua idade, pois se você é menor e quer comprar um jogo +18, esse jogo não foi feito para você. Às crianças e adolescentes, é preciso respeitar o seu tempo, e aos pais, é preciso policiar.
Vale ressaltar, que existe um universo de possibilidades de games além de jogos de disparo. Para a criançada, podemos citar videogames desenvolvidos para incrementar o aprendizado — esse tipo de jogo é conhecido com a classificação "quebra-cabeça" ou "educacional". Aqui, podemos citar os títulos Professor Layton, Portal ou Candy Crush, dentre tantos outros cujo objetivo é acelerar o processamento mental por meio de exercícios de aritmética, memória e observação.
Dia Internacional do Gamer — para todas as idades
Então, agora você já sabe, da próxima vez que ouvir que videogames geram violência, diga que é justamente o contrário e que videogames até podem trazer benefícios à saúde. E o dia de celebrá-los está chegando.
Como comentei acima, 29 de agosto é o Dia Internacional do Gamer e, logicamente, promoções não irão faltar. Uma dica é o festival criado para homenagear os apaixonados por jogos eletrônicos nessa data, é o Gamer Days que durante dez dias, entre 27 de agosto e 5 de setembro, trará ofertas exclusivas para o público gamer no site gamerdays.intel.com.br. A ideia é oferecer as melhores ofertas do ano em desktops, notebooks, sistemas e componentes das melhores marcas do mercado.
Aos gamers e geeks, aproveitem o nosso dia, mas claro, com moderação, como todas as coisas devem ser, e lembrem-se: um Jedi usa a Força para o conhecimento e defesa, nunca para o ataque.