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Deus Ex: Mankind Divided é um aprimoramento para a franquia [Análise]

Por| 21 de Setembro de 2016 às 12h32

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O primeiro Deus Ex marcou época no início do século ao revirar o formato dos jogos de tiro em primeira pessoa e acrescentar elementos até então inéditos. De um estilo que basicamente era correria e armas, o jogo lançado pela Ion Storm em 2000 trouxe refinamento ao gênero ao colocar elementos de stealth, RPG e quebra-cabeças. Depois de dois ótimos jogos para PC (o outro foi Invisible War), a série retornou pelas mãos da Eidos Montreal em 2011 para computador e consoles com Human Revolution, entrada que reviveu em grande estilo o universo futurista e cyberpunk da franquia.

Cortamos agora para 2016, quando a Eidos Montreal novamente nos convida a visitar o mundo de Deus Ex em Mankind Divided, disponível para PS4, PC e Xbox One. Passado em 2029, dois anos após a história de Human Revolution e 23 anos antes do jogo original, o novo game retoma a história de Adam Jensen, que de um espião a favor de empresas privadas se tornou um agente da Força Tarefa 29, uma divisão de contraterrorismo ligada à Interpol, onde ele é o único integrante aprimorado. A propósito: aprimorados são seres humanos que têm capacidades sobre-humanas fornecidas através de upgrades cibernéticos ou de nanotecnologia.

Outro corte rápido: para quem não jogou Human Revolution, talvez seja necessária uma atualização, coisa que Mankind Divided se oferece a fazer assim que o jogador aperta o Start, com um vídeo de mais de dez minutos recapitulando a história e mencionando pontos importantes do último título. No final do game anterior, um atentado fez a população de aprimorados perder o controle e matar milhares de humanos, o que criou medo e uma segregação entre os humanos "puros" e os "primados".

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Essa divisão da humanidade que o título sugere é o ponto de partida do novo jogo, que usa a cidade de Praga, na República Tcheca, como cenário principal. O país no leste europeu foi uma grande escolha da Eidos Montreal para mostrar o peso da diferença social como motor da narrativa no novo capítulo da série, já que os aprimorados agora vivem à margem da sociedade, o que também gera repercussões na atitude do jogador.

E joga nessa trama grupos pacíficos e terroristas na defesa dos interesses dos primados, gangues mafiosas envolvidas em operações ilegais de implantes cibernéticos, assim como interesses escusos da iniciativa e a já tradicional dose de espionagem característica da franquia. Mesmo assim, apesar de a receita ser muito interessante na premissa e boa parte de sua execução, o jogo perde parte de seu apelo em momentos cruciais, deixando de estabelecer motivações críveis para Adam Jensen e outros personagens coadjuvantes. No final, a trama ganha algum fôlego, apenas para ser interrompida bem quando parecia que as coisas ficariam mais interessantes. Talvez seja a deixa para um próximo jogo.

Jogabilidade aprimorada

Por outro lado, temos a jogabilidade e é aí que Mankind Divided brilha COMPLETAMENTE. O game constrói em cima do que já era ótimo em Human Revolution, com um design variado de missões, que o jogador pode abordar de diversas maneiras diferentes, cumprindo-as de acordo com sua vontade e os upgrades escolhidos para o personagem. De acordo com suas ações e missões completadas, o jogador ganha pontos de experiência, que se convertem em pontos de Praxis e podem ser trocados por upgrades.

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Se você investir em habilidades como hack de sistemas e furtividade, é possível concluir o jogo matando poucos ou nenhum inimigo, apenas abrindo portas trancadas e se esgueirando por corredores e passagens subterrâneas - a propósito: apesar de não muito grandes, os mapas de cada distrito em Praga foram muito bem planejados, dando uma liberdade imensa de movimentação para o jogador. Os gráficos não são assim tão impressionantes (jogamos ele na versão PS4, mas parece que no PC a experiência é BEM melhor), mas contam com toques bem caprichados na iluminação e cenários. Alguns detalhes de física de colisão não são bons como se espera de um título AAA, mas não chegam a atrapalhar na curtição do game.

Voltando à jogabilidade e a liberdade do jogador: caso você queira abordar Deus Ex: Mankind Divided como um jogo de tiro, aprimorando suas habilidades de combate, isso não é apenas permitido, como passou a ser uma opção real, diferentemente de Human Revolution, que tinha seus momentos de pauleira, mas favorecia o uso do stealth, dando mais pontos de experiência para quem escolhia esse caminho. A Eidos Montreal revisou o sistema, dando mais pontos de experiência e mais possibilidades para quem prefere o caminho DA BALA, com novos atributos de evolução na área de combate, como uma pele reforçada capaz de anular os danos dos inimigos por um tempo limitado e a capacidade de lançar lâminas com longo alcance.

Essa liberdade de ação na abordagem das missões também surte efeito na história do jogo. Certas missões podem ser resolvidas de forma pacífica, de forma furtiva ou dialogando da forma certa com NPCs, gerando outras side quests, ou podem ser cortadas pela metade caso um caminho mais agressivo ou letal seja escolhido. Isso cria um verdadeiro senso de responsabilidade nas missões e no papel de Jensen como um aprimorado em meio à uma sociedade que discrimina esses humanos. Pena que a história do jogo nem sempre acompanhe o bom design destas quests.

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Dublagem em português? Sim. Boa? Nem tanto

Outro detalhe que atrapalha bastante na imersão do jogador no universo de Deus Ex: Mankind Divided é a péssima dublagem. Seja em inglês ou em português, o jogo sofre com atores pouco inspirados e diálogos fracos em muitos momentos, assim como a terrível - e repito, TERRÍVEL - sincronização das vozes com as animações. Mesmo assim, é preciso parabenizar a Square Enix por pensar no jogador brasileiro ao ter a dublagem local para o game. No caso de Deus Ex, em que a história e diálogos são importantíssimos para entender boa parte dos elementos em jogo, isso faz toda a diferença.

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Ah, eu mencionei que Mankind Divided tem um modo multiplayer online? Baseado em um momento chave da campanha do game, o modo Breach tem uma história própria sobre um grupo de hackers em realidade virtual que deve dominar os servidores de uma poderosa empresa. Com dinâmicas de combate, stealth e quebra-cabeças, o modo consegue até ser interessante por algumas horas, mas nada capaz de realmente viciar o jogador. Não vamos nos enganar: o ouro do game da Eidos Montreal está mesmo no modo single player, que conta com um modo New Game+ para aqueles que terminaram pela primeira vez, mas que quer retornar para ver outros desdobramentos da história, dependendo da sua decisão. É um jogo que vale a pena jogar de novo.

Para quem é fã da série e curtiu HumanRevolution, Deus Ex: Mankind Divided é um jogo absolutamente necessário, que, com o perdão da referência, aprimora tudo o que fez o game anterior algo especial em termos de jogabilidade, apesar de não contar com uma história tão boa. Já para os marinheiros de primeira viagem, o título não deixa de ser altamente recomendado, sendo um exemplo de como criar uma experiência diferenciada em termos de liberdade ao cumprir suas missões e apresenta um universo todo particular e envolvente acompanhando essa receita.