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Análise | Sword Legacy: Omen adapta a lenda do Rei Arthur de RPG de mesa

Por| 29 de Agosto de 2018 às 13h17

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Análise | Sword Legacy: Omen adapta a lenda do Rei Arthur de RPG de mesa
Análise | Sword Legacy: Omen adapta a lenda do Rei Arthur de RPG de mesa

A lenda de Arthur e a espada Excalibur é um tanto quanto batida nos tempos atuais. Mesmo que seja de uma maneira fantasiosa a lá “contos de fadas”, todos sabem a história do rei mais famoso da Terra da Rainha. Em Sword Legacy: Omen, jogo brasileiro desenvolvido pelo estúdio carioca Firecast, novamente vemos essa saga, só que através de uma nova perspectiva.

A história do game mostra a Bretanha Partida. O país é fragmentado em cinco reinos, muito tempo antes de o Rei Arthur aparecer. Diz-se que estas terras estão divididas por conspirações e deslealdades, e é justamente uma traição que inicia toda a jornada. A princípio, assumimos o controle do decadente e arrogante cavaleiro comandante Uther Pendragon, que se junta a Merlin, uma espécie de necromante, enquanto escapam de um ataque.

O reino deles, Mércia, sofreu um atentado e o rei foi morto. Agora, Uther e Merlin precisam se aliar a um grupo de improváveis heróis enquanto tentam descobrir porque o Duque de Wessex os atacou e causou toda essa catástrofe. No início, enquanto jogamos o tutorial, encontramos dois aliados: o lanceiro Duanne e a ladra Gwen. Porém, conforme o jogo avança, encontramos outros como o sacerdote Felix, a arqueira Flint, o ferreiro Gorr e o bárbaro Ferghus.

Todos os personagens possuem habilidades únicas tanto no modo de exploração quanto no de combate e ajudarão Uther e Merlin em sua busca pela verdade e a justiça enquanto passam por pântanos, calabouços, florestas, abadias e diversas outras localidades, enfrentando diferentes tipos de inimigos.

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Vale ressaltar que a história de Sword Legacy: Omen mostra um lado bem obscuro da Bretanha Partida, com muitos personagens bem próximos dos originais e acontecimentos surpreendentes que mostram que na guerra e no amor realmente vale de tudo, desde que se obtenha a conquista.

Um legado de gêneros e mecânicas

Além de reimaginar os contos arturianos de uma maneira bem singular, Sword Legacy: Omen é, sumariamente, um game experimental. Um híbrido que executa muito bem vários gêneros e mecânicas distintas. Ele é um jogo de RPG que mistura exploração e combates por turnos com leves toques de visual novel — em momentos que são apenas narrados e/ou mostram textos que contam o desenrolar da história.

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Explicando melhor: o jogador controla até quatro personagens por vez na party. É possível alternar entre eles a todo o momento durante o modo de exploração, mas os integrantes do bando só podem ser gerenciados/escolhidos no início das missões. Nesta forma de jogo, pode-se andar livremente pelos cenários, abrindo portas, desarmando armadilhas, resolvendo enigmas, e, principalmente, coletando itens e pergaminhos (os quais expandem muito a história do game, inclusive).

Uma vez que inimigos são avistados no campo, o game entra no modo de batalha. É aqui que a magia acontece, para o bem e para o mal. Afinal, o jogador deverá administrar muito bem os seus Action Points (APs, ou Pontos de Ação) se quiser sair com o time são e salvo da luta. A estratégia aqui não é apenas mostrar que a party de heróis é mais forte do que a outra, não.

Na realidade, tudo acontece de uma maneira que lembra muito uma partida de RPG de mesa. Primeiramente porque os personagens dependem dos APs para se movimentarem e atacarem. Então, por exemplo, se Uther tem 8 APs e gasta 5 se movimentando entre os quadrantes do campo de batalha, só sobrarão 3 APs para ele gastar em seu turno. Supondo que o jogador conseguiu aproximá-lo de um oponente, será preciso escolher o que o personagem fará em seguida.

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Ele pode atacar usando um dos golpes listados na parte inferior da interface de batalha, que também consomem APs dependendo do que for executado; ou ainda empurrar o inimigo, defender ou ficar em vigilância. O alerta, por sinal, é uma posição de batalha extremamente importante, pois não apenas ajuda o personagem a executar as famosas AdOs (Ataques de Oportunidade em mesas de RPG), como também evita que ele leve esse tipo de golpe. Isso sem contar que a atenção fica redobrada para ataques ou projéteis, o que pode aumentar as chances de o boneco se defender ou bloquear as investidas.

Pontos de determinação também são bem importantes. Eles são acumulativos e podem ser usados nas batalhas como uma espécie de moeda de troca: ao usar 1, o boneco ganha mais pontos de ação temporários e pode, portanto, se movimentar ou atacar mais vezes se quiser. Esses pontos de determinação são atributos importantes não apenas para a party de heróis, mas para os inimigos também. Quanto mais os personagens perdem esse elemento, mais penalidades eles sofrem, então é preciso ter cuidado, especialmente ao encontrar inimigos que atacam essa característica em específico.

Também é possível usar objetos do cenário a favor dos heróis durante as batalhas, mas aqui é preciso ter cuidado, pois, dependendo do item, ele também pode causar os mesmos efeitos nos protagonistas, mais atrapalhando do que ajudando. No mais, as localidades podem ser as melhores aliadas em algumas batalhas e, em outras, a pior inimiga dos jogadores.

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Vale ainda comentar que, acabando os turnos dos heróis, é a vez dos inimigos atacarem ou se movimentarem pelo cenário. E, ao final das batalhas, a câmera, que até então permanece em uma visão por cima do local, dá um close no último ataque executado em slow motion, dando ênfase à cena e tornando tudo muito gráfico e visceral.

Outros aspectos técnicos

Por falar em gráfico, cabe ressaltar como os gráficos de Sword Legacy: Omen são belos. O estilo visual puxado para uma história em quadrinhos mais caricata e toda a liberdade criativa aplicada em torno disso no título foi muito acertado. Mesmo que os personagens se movimentem devagar pelos cenários — o que irá incomodá-lo a princípio, mas nada que o costume não resolva —, a beleza recriada na tela compensa. Só um pouco, mas compensa.

A trilha sonora deixa um pouco a desejar por apostar na orquestra épica e típica de uma história do gênero. Ela até empolga no início, mas após ouvir as músicas de batalhas por tanto tempo, se torna apenas enjoativo, ainda mais porque as lutas não são rápidas em sua grande maioria.

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E outro ponto que incomoda bastante é o fato de que os personagens não são dublados. O máximo que se ouve deles são grunhidos e berros, e nada mais. Os menus e demais textos estão em português, então não é como se esse aspecto fosse estragar o entendimento da história, mas é um detalhe que deixa aquela impressão de que o jogo poderia ter sido muito melhor nessas partes.

Nivelar para sobreviver

Os personagens do game não necessariamente evoluem o level. Na realidade, a party compartilha pontos de renome, com os quais podem comprar novas habilidades. Além disso, pode-se equipar os bonecos com proteções e armas eficientes, e vale apontar também como é difícil juntar dinheiro e muitas vezes será preciso economizar nos gastos. Tudo isso torna o gerenciamento da party bastante interessante, mas é primordial ter um pouco de paciência e de cautela com tudo o que for feito.

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Curar os personagens no início da história pode se tornar uma verdadeira epopeia, porque os itens de cura são escassos (na verdade, raros), e só se pode recuperar a energia em acampamentos (parcialmente) ou em hotéis (totalmente), que são caríssimos e não compensam. Até a chegada do curandeiro na narrativa, esse aspecto é bem difícil de lidar. 

Outro contraponto do game nesse sentido de nivelamento é a dificuldade. Ela é inconstante além da conta, com batalhas alternando do fácil para o difícil a qualquer instante e sem muita lógica — não é como se a alternância nas dificuldades ocorresse explicitamente, mas isso pode ser sentido nas lutas quando menos se espera.

E mesmo com todos esses prós e contras, Sword Legacy: Omen parece uma boa pedida. Ele irá, certamente, chamar muita atenção por seu estilo (e bota estilo) gráfico, que é lindíssimo, além de trazer uma proposta interessante de mescla de jogabilidades e de narrativa que tira bom proveito de tudo. Não há nada de muito revolucionário no jogo: ele é apenas muito bem-feito em determinados aspectos. Vale a compra.

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Sword Legacy: Omen foi desenvolvido pelo estúdio Firecast e a Fableware Narrative Design, e distribuído pela Team17 Digital. O game chegou ao Steam em 13 de agosto de 2018 e pode ser adquirido com conteúdos adicionais como trilha sonora e artbook, ou individualmente, contando apenas com o jogo base. No Canaltech, ele foi analisado com cópia cedida gentilmente pela Team17 Digital.