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Análise | Spyro Reignited Trilogy é maravilhoso, mas tem péssimo port no Switch

Por| 08 de Setembro de 2019 às 08h50

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Wagner Wakka/Canaltech
Wagner Wakka/Canaltech

Os meados da década de 1990 representaram uma revolução nos games. A indústria saía da era 2D com os jogos tipicamente laterais para um mundo tridimensional com toda sorte de possibilidade que isso permitia.

Começava, com o lançamento do Nintendo 64 e Playstation, um momento de vanguardismo, quase que uma corrida para ver quem propunha o melhor formato de jogo 3D. Claro que, como em todo momento de transição, muita experimentação surgiu. São vários os jogos, principalmente do PlayStation, que tentam de formas horrendas criar mundos 3D sem muito sucesso.

A história nos conta que a Nintendo venceu essa corrida com Super Mario 64, lançado em 1996. Foi o jogo do bigodudo que ditou basicamente todas as regras dos jogos 3D que viriam a ser lançados depois.

O movimento de câmera, o uso de analógico, o desenhos de fase, quase tudo foi bem ensinado quando a Nintendo apresentou ao mundo o universo dos 64 bits. Quase que um manifesto do desenvolvimento 3D da segunda metade de 1990.

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Entre os games que beberam dessa fonte está Spyro The Dragon, título que colocaria o simpático dragão como um novo mascote da Sony. Era neste jogo que a Sony investiria todo seu arsenal de desenvolvimento sobre games de plataforma e aventura.

Ele chegou junto com outros grandes títulos do gênero no Nintendo 64, como Banjo-Kazooie, lançado também em 1996. Assim, posicionou-se como a opção de aventura para quem tinha só o PlayStation e não poderia jogar Mario 64 ou mesmo Banjo.

Spyro se consagrou mais pela falta de algo melhor no console do que exatamente pelo que oferecia para o gênero. A começar, tinha um level design muito mais simples que Mario 64. Ainda, o personagem faz muito menos movimentos do que o encanador, o qual se transformou em um verdadeiro acrobata por aquele mundo 3D. Spyro simplesmente cospe fogo, faz uma investida com a cabeça e plana. Ele não contava nem mesmo com power-ups ou itens que modificavam de fato seus poderes de dragão.

Entretanto, marcou época de vários jogadores do PlayStation como um grande título de seu tempo. Esse é o motivo que fez a Activision relançar toda a trilogia de jogos de Spyro para PlayStation 4, Xbox One e, agora, para Switch e PC.

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O que é? 

Spyro Reignited Trilogy é uma remasterização dos games originais do dragão roxinho. Isso significa que houve só uma melhoria gráfica e muito pouco mudou na gameplay, design de fases e itens pelo mundo.

Spyro pode não ter sobrevivido ao sabor do tempo como Crash, por exemplo (também relançado há pouco pela Activision). Ele chega com a maioria dos problemas que a versão original carrega, o que pode ser um belo impeditivo para muita gente.

Contudo, para os amantes de um belo game retrô, é um item que bate em cheio na nostalgia.

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Aqui, a Activision reuniu os três games do dragão lançados para o PlayStation. Assim, ele tem Spyro the Dragon, Spyro 2: Ripto's Rage! e Spyro: Year of the Dragon. Para que os três títulos fizessem sentido juntos, também foram recriadas algumas telas de loading e hubs de pause.

Em termos de remasterização, a Vicarious Vision fez um trabalho excepcional. Spyro está mais lindo que nunca, com muito, mas muito mais detalhes que as versões originais.

Feito na Unreal Engine, ele é um excelente colírio aos olhos de quem jogou Spyro lá na década de 90. Contudo, nem tudo são flores.

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Vacilo 

A trilogia foi originalmente lançada para PlayStation 4, Xbox One e PC em novembro de 2018. Depois de muito pedido, a Vicarious Vision anunciou o port também para o Switch.

A princípio, a ideia de ter esses três games no console híbrido da Nintendo parece ser uma escolha perfeita. A começar, Spyro é um jogo rápido, com fases igualmente pequenas.

Entrar em um novo mundo, recolher tudo que há por ali e seguir para um novo local não leva mais de de cinco ou oito minutos. Ainda, esse esquema de fases bem definidas com demarcação simples e coletáveis também estimula a gameplay pausada e com interrupções. Para um console com características de portátil, essa facilidade de jogar um pouquinho entre uma tarefa e outra sem perder o fio da meada é perfeita.

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Junto disso, os controles de Spyro também não são lá assim exigentes, nem demandam muita destreza. Dessa forma, os pequenos botões dos joy-cons dão conta do recado.

Tudo isso poderia colocar Spyro como um jogo simplesmente ideal para se jogar no Switch, certo? Pois bem, não é bem assim.

Spyro Reignited Trilogy aparece no console da Nintendo como um port secundário. Ou seja, a versão original foi mesmo para os outros aparelhos, sendo que ele só foi adaptado para cá. Isso é visível pela quantidade de erros e falta de adaptação que esta versão do game tem.

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Tudo começa com o tamanho do arquivo para o console. Spyro Reignited Trilogy pesa 15 GB, um montante bastante grande no Switch, mas típico de ports não tão bem feitos para o aparelho.

Em termos de comparação, os recentes Astral Chain e Super Mario Maker 2 ocupam 9,8 GB e 2,9 GB, respectivamente, dentro da memória do console. Super Smash Bros. Ultimate, um dos mais pesados, ocupa 15,3 GB. Ou seja, não houve nenhuma compressão ou algo do tipo para que ele entrasse no console.

Spyro Reignited Trilogy também foi feito na Unreal Engine, um motor gráfico que permite bons ajustes para aparelhos como o Switch. Só isso já mostra que não houve uma grande preocupação em adaptar o game para o console.

Além disso, a trilogia tem uma gama enorme de falhas básicas e bugs no Switch. Durante os testes do Canaltech, foram 12 problemas de travamentos e erros diferentes e, por vezes, recorrentes. Vamos a alguns deles.

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A trilogia conta com música remasterizada, além de algumas mudanças nas batidas dos sons. Contudo, se você quiser colocar o áudio original do PlayStation, também pode curtir uma versão mais purista do game. Entretanto, quando escolhemos a opção no menu do game, ele fica por alguns segundos com o áudio e, de repente, tudo fica mudo. O bug aconteceu ao menos três vezes quando tentamos optar pela versão antiga da trilha.

Outro erro bastante impeditivo está na câmera. Como Spyro original foi lançado para o PlayStation em uma época que não havia analógicos no controle, a visão sempre seguia o personagem de forma automática. Como modernização, a Vicarious Vision adicionou a câmera com controle pelo direcional direito ao jogo.

Contudo, também é possível manter a câmera original, chamada de passiva, que, em tese, segue Spyro quando ele vira. O problema é que, por conta de bugs, a mudança de estilo de câmera não modifica EM NADA a forma como a câmera se comporta. Ou seja, é um opção muito legal dos desenvolvedores, mas que não funciona nesta versão.

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Por fim, outra característica que revela a ruindade do port para o Switch está nos loadings e hubs do game. A começar, o tempo de carregamento é muito maior do que se pode imaginar para um game como este. Há mais demora para se começar uma fase do que, por exemplo, Mario Odyssey, com a mesma proposta, mas muito mais complexo.

Além disso, em toda animação de carregamento há travadas de tela e de movimentação de personagem, mostrando que o conjunto não está dando conta de fazer o loading e apresentar as imagens na tela ao mesmo tempo.

Por fim, em março deste ano, a Vicarious Vision adicionou legendas junto com a dublagem (vale lembrar que o jogo está dublado em português). Contudo, não é possível escolher legendas diferentes da do áudio. Ou seja, nada de ouvir em inglês com tradução em português.

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Ou seja, se você está pensando em pegar o jogo para o console da Nintendo, a indicação é esta: espere um pouco. Ainda, caso você tenha um outro console em casa, opte pela versão que não a do Switch. A probabilidade é de que uma atualização resolva os problemas de desempenho no console.

Recomendações 

Spyro Reignited Trilogy é uma excelente remasterização do jogo original com algumas boas mudanças. Entre elas, uma das melhores é adição de mapas, o que não havia no jogo original. Junto disso, houve a já citada modernizada na câmera. Assim, se você já gostava de Spyro original, pode curtir demais o que vem nesta remasterização.

Ela realmente consegue abraçar o melhor da nostalgia da época, trazendo Spyro com todas suas qualidades e defeitos. De quebra, também oferece uma dublagem nova que dá uma bela ambientação e carisma para o game.

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Uma pena é que ele esteja rodando de forma tão ruim no Switch, a ponto de não ser recomendável nesta plataforma.

Spyro Reignited Trilogy foi portado para o Switch em 3 de setembro. No Canaltech, esta análise foi feita com cópia digital cedida gentilmente pela Activision.