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Análise | Overcooked 2 é a desculpa perfeita para reunir familiares e amigos

Por| 07 de Agosto de 2018 às 21h10

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Team17
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Você já percebeu que a cozinha é um dos poucos lugares da casa em que todos os membros da família se reúnem? Seja para cozinhar, fazer alguma refeição ou apreciar a dor de quem é responsável por lavar a louça do dia, esse é um dos poucos ambientes de convivência que restou em nossas casas. E, como todo local que tem essa característica, é nele onde curiosamente conseguimos nos divertir e nos estressar em medidas iguais.

Duvida? Experimente preparar um almoço daqueles bem elaborados no fim de semana e peça ajuda a um familiar. Certamente vocês vão se divertir bastante, mas também perceberão que os picos de alegria oscilam para momentos de estresse, seja por vocês se esbarrarem enquanto cozinham, ou porque um de vocês não consegue manter um mínimo de organização na pia ou no fogão. Se não tiverem cuidado e um pouquinho de planejamento, tudo se transforma num verdadeiro caos.

E são essas sensações que a Ghost Town Games transportou para Overcooked, lançado em 2016. Com gráficos cartunescos bem coloridos, personagens bonitinhos e fases desafiadoras, o jogo levava você e seus amigos para cozinhar nos lugares mais inusitados possíveis e imagináveis. Apesar da simplicidade do jogo em si, a fórmula agradou muita gente e rendeu Overcooked 2 — uma sequência que está maior, mais caótica e mais divertida do que nunca.

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Evolução bem recheada

Como toda sequência, Overcooked 2 se propõe a evoluir algumas mecânicas que não funcionavam tão bem no título anterior e trazer novidades que justifiquem a aquisição do game. E, felizmente, ele cumpre muito bem esse papel.

O primeiro game pecava pela falta de polimento, sobretudo em suas mecânicas. Por exemplo: pela falta de precisão nos controles, era bastante comum ver suas receitas acabarem indo para o lixo ao invés de irem para o fogão, que ficava ao lado da lixeira. É um problema bobo que não atrapalha a gameplay do jogo nas fases mais simples, mas que o jogador tinha de se acostumar e aprender a contornar até o último desafio, que é de arrancar os cabelos.

Esse e outros problemas menores foram corrigidos pela equipe da Ghost Town Games e Overcooked 2 se apresenta muito bem polido e fluido. Da movimentação dos personagens à preparação e entrega dos pratos, tudo ocorre de maneira muito natural. Mas o jogo não se limitou a ajustar o que não tinha ficado bom e foi além.

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Uma das primeiras novidades que notamos ao jogar Overcooked 2 é que ele vem com um punhado de novas receitas. Agora, além das tradicionais saladas, pizzas, sanduíches, burritos e peixe frito, o menu agora conta com sushi, sashimi, macarronada, panquecas e bolo (as sopas, infelizmente, ficaram de fora). Para fazer os novos pratos, também foram adicionados novos ingredientes, incluindo camarão, pepino, ovo, farinha de trigo, mel e chocolate.

Para rechear ainda mais a lista de inovações, o jogo acrescenta utensílios domésticos como batedeiras e panelas a vapor e novos processos para concluir o preparo dos novos pratos — e aqui confesso que fazer um bolo foi, de longe, o mais difícil.

São adições muito bem vindas, que não estragam com o ar de familiaridade dos veteranos do primeiro Overcooked e, ao mesmo tempo, nos convidam a reviver o caos que é o Onion Kingdom.

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O caos tem sabor, e ele é gostoso

Após o contato inicial com as novas receitas, a sensação é de que Overcooked 2 tem pouca coisa a mais a oferecer. No modo História, seguimos por uma série de fases (ou cozinhas, como você preferir) que nos fazem lembrar o título anterior. Mas, como já dizia o ditado, essa é apenas a calmaria que precede a tempestade — e o caos.

Num movimento ousado, a Ghost Town Games arriscou e mexeu bastante no level design das cozinhas de Overcooked 2, deixando-as mais loucas do que nunca. Prepare-se, por exemplo, para ficar totalmente perdido depois de estar acostumado com o layout e organização da cozinha e, repentinamente, ver ela explodir e tudo ser reconfigurado no meio da jogatina. É como se fosse uma fase 2-in-1 que atordoa de um jeito divertido e nos faz pensar o que raios está acontecendo ali.

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Também parece que chegou aos ouvidos dos desenvolvedores a informação de que as plataformas móveis têm o poder de irritar e frustrar os aspirantes a cozinheiros. Prova disso é que há uma quantidade absurda de cozinhas organizadas dessa maneira e que deixam a movimentação de um jogador a mercê da boa vontade do outro. Explico melhor: em um ou outro cenário, absolutamente todo o deslocamento do personagem depende do acionamento de uma alavanca, que está a encargo do parceiro de cozinha. E isso exige um planejamento, organização e timing absurdos para que os pratos não peguem fogo — e mesmo quando pegam, só resta mesmo gargalhar e correr para pegar o extintor.

Para ajudar nesse vai-e-vem e poupar tempo, foi acrescentada a possibilidade de arremessar ingredientes de um lado para o outro. Pelo menos aqui, essa já era uma técnica feita informalmente no primeiro Overcooked, quando eu jogava os ingredientes por pequenas distâncias para salvá-los de uma cratera que se abria no meio da cozinha, por exemplo. Agora a mecânica foi oficializada e aprimorada, e nós podemos arremessar pedaços de frango, carne e outros ingredientes para o parceiro ou diretamente para dentro de uma panela. A cena, claro, é cômica por si só e rende momentos inusitados, principalmente quando acertamos um saco de farinha na cabeça do colega e fazemos ele cair num buraco.

Toma-lá-dá-cá

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A mistura de todos esses novos ingredientes acrescenta um sabor extra à fórmula de Overcooked, que aparece nesta sequência muito mais vistoso e saboroso. Porém, um ingredientezinho foi mudado em Overcooked 2 e deixou a desejar.

Se por um lado o game acerta em cheio ao trazer novos desafios na forma de novos ingredientes, receitas, processos e, principalmente, level design, por outro ele se tornou generoso demais em relação à pontuação. No primeiro game, muitas fases nos faziam ralar bastante para obter a pontuação máxima e as três estrelas — e algumas delas eram quase impossíveis de passarmos sem várias tentativas, a exemplo do desafio final contra a almôndega gigante.

Em Overcooked 2, entregar um prato dentro do prazo rende uma pontuação até excessiva, enquanto erros como servir uma receita errada ou até mesmo não entregar um pedido não é tão punitivo assim. Com esse desbalanceamento na contagem dos pontos, até mesmo nas últimas fases, que supostamente deveriam ser as mais difíceis, se tornam fáceis a ponto de conseguirmos obter as três estrelas com uma certa folga e sem afobação.

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Diversão garantida

Mesmo com esse probleminha da pontuação, Overcooked 2 é um jogo muito melhor que seu antecessor. É verdade que ele não é das sequências mais ambiciosas que vimos no mundo dos games, mas acerta a mão naquilo que se propõe a ser: um party game.

O Overcooked original foi muito criticado por não contar com um modo online. Sem essa opção, ou o jogador se contentava em jogar sozinho, o que, diga-se de passagem, não funciona, ou convidava um ou mais amigos para ir à sua casa. Dois anos depois, o modo finalmente chegou à Overcooked 2, expandindo os horizontes da jogatina para além dos limites do sofá na sala de estar e permitindo reunir o melhor dos dois mundos, seja para detonar o modo História ou tacar fogo nas panelas no descompromissado modo Arcade ou o competitivo Versus.

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Em qualquer um deles a diversão é mais que garantida. Do estudo e observação das cozinhas para definir a melhor abordagem possível até os desentendimentos causados por uma receita feita errada ou um empurrão acidental que fez o colega cair num precipício com o prato prestes a ser entregue, Overcooked 2 é a desculpa perfeita para reunir de familiares e amigos num ambiente descontraído, delicioso e caótico tal qual uma cozinha.

*Overcooked 2 foi desenvolvido pela Ghost Town Games e publicado pela Team17 no PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox One e PC. No Canaltech, o jogo foi analisado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Team17.