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Marvel vs. Capcom Infinite tem potencial, mas é fraco em sua essência [Análise]

Por| 22 de Setembro de 2017 às 10h11

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Marvel vs. Capcom Infinite tem potencial, mas é fraco em sua essência [Análise]
Marvel vs. Capcom Infinite tem potencial, mas é fraco em sua essência [Análise]

A comunidade de jogos de luta está acostumada a esperar, principalmente quando o assunto é a franquia Marvel vs. Capcom. Quem esperou 11 anos entre o segundo e terceiro jogos da série sabe muito bem disso, mas sabe também que o resultado foi impressionante. Ultimate Marvel vs. Capcom 3 revolucionou o cenário não apenas pelos gráficos com cara de quadrinhos, mas também pela jogabilidade divertida que abraçava novatos e dava opções aos profissionais.

A espera até Marvel vs. Capcom Infinite foi menor, mas o mesmo também pode ser dito de seu resultado. O título anunciado com destaque durante a PlayStation Experience de 2016 foi recebido com felicidade pelos fãs, mas somente até eles terem o primeiro contato com o game em si, cheio de personagens reciclados, um modo história desinteressante e, acima de tudo, escolhas bastante equivocadas em termos de design.

Infinite chega como uma mistura de passado e presente, trazendo de volta, por exemplo, o estilo de controle dos mais antigos, com botões de soco e chutes de diferentes intensidades. Ao mesmo tempo, tenta manter o estilo agitado de seu antecessor, com golpes cheios de pirotecnia, especiais que enchem a tela e combos que ressaltam o que há de melhor nas características de cada protagonista. É uma pena que não tenha dado muito certo.

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Más escolhas

Há pouco de novo no título e esse acaba sendo o aspecto mais frustrante. Dos 30 personagens escolhidos para a leva inicial de Marvel vs. Capcom Infinite, mais de dois terços também estavam presentes no terceiro jogo da série. E, pior, aparecem, em sua maioria, com os mesmos golpes, combos e especiais, com as poucas melhorias ocorrendo em termos de balanceamento e compatibilidade gráfica com o restante do conjunto.

Algumas escolhas soam até mesmo inexplicáveis. Chris Redfield, por exemplo, aparece ainda como visto em Resident Evil 5, apesar de já ter tido duas iterações em jogos mais recentes. O mesmo vale para Frank West, de Dead Rising, e Dante, de Devil May Cry, ainda representando suas imagens de jogos antigos por mais que já tenham dado as caras em versões mais recentes.

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O conjunto, percebido logo nas primeiras horas de jogatina, soa preguiçoso. Os personagens inéditos, com raras exceções representadas por Capitã Marvel e Thanos, por exemplo, fazem pouco para trazer frescor ao jogo. Infinite é um game que demora para instigar o jogador, e, nesse tempo, fará com que ele sinta bastante saudade de Ultimate Marvel vs. Capcom 3.

Também são poucas as exceções quando o assunto é o design. Mega Man, Capitã Marvel e Ryu estão entre os poucos personagens que não passam uma sensação ruim ao serem observados, pela simples falta de simetria entre as partes do corpo – e, para o lutador de Street Fighter, isso só acontece porque os “lutadores de rua” já são, por si só, bizarramente desproporcionais.

Por sua expressão facial e corpo troncudo, o Capitão América mais parece uma Tartaruga Ninja, enquanto o Homem-Aranha parece ter sofrido algum problema de má formação na infância, com a cabeça pequena demais para o tamanho de seu corpo. Chun-Li, felizmente, foi consertada antes do lançamento, mas também não escapa dessa impressão ruim.

Durante o modo campanha, a sensação de que algo está errado só fica pior. Os modelos de personagens, claramente, foram pensados com o exagero e a liberdade criativa pedida pelos jogos de luta. Vê-los interagindo entre si nas cutscenes, entretanto, é simplesmente bizarro.

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Tudo fica ainda pior quando se nota a história que está sendo contada. Ela parece começar da metade, quando tudo já está em andamento, relatando em linhas gerais para o jogador a gênese de tudo. Os personagens somem e desaparecem quase que aleatoriamente, mantendo alianças que soam estranhas ou simplesmente não fazem sentido.

Não dá para saber, por exemplo, se essa é a primeira vez que um crossover acontece, o que explicaria as uniões meio estranhas ou as conversas entre aliados que, jogados juntos em um universo agora compartilhado, parecem se conhecer. Isso leva a alguns momentos criativos, como a piada sobre o fato de Haggar administrar Metro City sem blusa, ou as divertidas interações entre Dance e Rocket Raccon, mas, na maioria do tempo, a sensação é de simplesmente não saber o que está acontecendo.

Qual o motivo de tamanha fidelidade da Monster Hunter pelo Pantera Negra? O que levou Hulk e Ryu a trabalharem juntos, e porque o lutador japonês faz parte de uma equipe de pesquisa? Nada é explicado, tudo é jogado, em uma campanha que mais soa como um tapa buracos do que algo efetivamente pensado e criado para explorar da melhor forma possível cada protagonista.

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E ainda para falar em decisões equivocadas, o que dizer da escolha por privilegiar o universo cinematográfico da Marvel, que acabou por deixar de fora nomes clássicos como Wolverine e Magneto, ou recentemente consagrados, como é o caso de Deadpool? A desculpa de que "os fãs não se lembram dos X-Men" não cola, principalmente em um game onde temos nomes como Jedah, Bionic Commando ou Firebrand.

Qualidade no que importa

Felizmente, o aspecto mais importante de qualquer game de luta, a jogabilidade, surge como um dos destaques aqui. E é apenas neste quesito que a Capcom é feliz em unir o passado e o presente, entregando um resultado bastante satisfatório, que não fecha as portas tanto assim aos casuais, ao mesmo tempo em que permite um aproveitamento de experiência da parte dos esportistas digitais.

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A variedade de opções aberta pelo “novo-velho” esquema de controles ganha contornos ainda mais interessantes com a ajuda das Joias do Infinito. Elas agem como poderes especiais, de forma semelhante, mas não tão parecida assim, com o V-Trigger de Street Fighter V, deixando os personagens mais fortes, rápidos ou garantindo vantagens especiais durante combates, permitindo viradas impressionantes caso o adversário seja pego de surpresa.

Avaliar a longevidade de um game de luta competitivo, principalmente em suas primeiras semanas de vida, não é tarefa fácil. Por mais que a baixa quantidade de streamers e a falta de empolgação da comunidade seja clara, também estamos falando de um título que acabou de chegar, com o qual os especialistas ainda estão brincando e que, acima de tudo, conta com o apoio maciço da Capcom, um dos maiores nomes do gênero, e também presença garantida nas principais competições do segmento.

Felizmente, naquilo que mais importa, Marvel vs. Capcom Infinite tem muito o que proporcionar. Combater com os protagonistas ainda é divertido e assistir à performance de jogadores profissionais continua sendo um deleite, com momentos que ainda vão render memes pelos anos que virão.

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Mesmo com isso, não dá para afastar a sensação de que temos aqui uma versão meio piorada do antecessor. Faz falta em Marvel vs. Capcom Infinite o carisma do anterior, levando muitos jogadores a pensarem se não seria melhor esperar uma década – que estava a quatro anos para ser completada – do que esperar menos tempo, mas receber um game aquém não somente do esperado, mas também do alto padrão de qualidade e originalidade firmado pela Capcom em seus crossovers.

Marvel vs. Capcom Infinite foi analisado no PlayStation 4 com cópia física gentilmente cedida ao Canaltech pela Warner Bros. Games.