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Análise | Jump Force é a festa de aniversário que deu muito errado, infelizmente

Por| 21 de Fevereiro de 2019 às 13h33

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Bandai Namco
Bandai Namco

A revista semanal japonesa Shonen Jump, responsável por publicar incontáveis clássicos, tais como Cavaleiros do Zodíaco, Samurai X, Yu Yu Hakusho, Dragon Ball, Naruto e tantos outros, recentemente completou 50 anos, mas a celebração se estendeu para os videogames também, com a Spike Chunsoft, que desenvolveu games da série Danganronpa e J-Stars Victory VS, no comando da produção e a Bandai Namco responsável pela distribuição.

A festa em forma de game atende pelo nome de Jump Force. Todavia, a comemoração parece ter saído muito aquém do esperado... Não leve a mal, os convidados para a celebração foram excelentes — muito embora se eu pudesse teria convidado alguns bonecos diferentes, além de tentar equilibrar a quantidade de representantes por franquia, mas vamos discutir isso depois. O problema foi (quase) todo o resto.

Convidados: OK

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O rol de personagens de Jump Force é realmente muito bom, muito embora, pessoalmente, eu ache que faltou ousar um pouco mais e, principalmente, equilibrar o número de representantes de cada franquia. A reclamação fica por conta de existirem mais bonecos do mangá x do que do y, o que pode incomodar alguns fãs de determinadas séries.

Um bom exemplo de ousadia fica a cargo de Yami Yugi, de Yu-Gi-Oh!, que é tanto visual quanto tecnicamente interessante de se jogar, já que o personagem utiliza uma versão digitalizada em tamanho real de suas principais cartas para lutar por ele. O mesmo vale para os personagens de Jojo’s Bizarre Adventure, que utilizam os Stands em golpes especiais. Mas as novidades meio que acabam aí.

No total, são 43 personagens jogáveis, sendo 40 deles retirados de publicações conhecidas da Shonen Jump, 1 completamente original criado pelo jogador e outros 2 inéditos. Existem planos para mais 9 bonecos se juntarem ao rol de convidados via DLC futuramente e outros rostos conhecidos também dão as caras, mas não é possível controlá-los — como é o caso de Ryuk e Light Yagami, de Death Note, por exemplo.

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A soma da equação, no fim das contas, traz uma sensação de que, nesse aspecto, Jump Force poderia oferecer muito mais do que tem em mãos, por mais satisfatório e interessante que o elenco de bonecos pareça. Talvez os personagens prometidos via DLC diminuam um pouco esse sentimento, mas será necessário aguardar alguns meses até que isso aconteça.

Brincadeiras: É…

Pegando carona nos personagens e algumas mecânicas de combate anteriormente citadas, vale mencionar que a jogabilidade é onde Jump Force verdadeiramente mostra sua força — trocadilho não intencional. Ainda assim, embora o game seja simples e prático em termos de gameplay, o que o torna muito fácil de assimilar, os pontos positivos param por aí.

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Não existe nada inovador no combate: os golpes se resumem a ataque fraco e ataque forte, botão de defesa, pulo e agarrão. Os comandos de cima do controle também ativam o dash e a esquiva (quando pressionado no momento certo) e as técnicas especiais são acionadas ao combinar os gatilhos superiores com um dos quatro botões de ação. Há também a “habilidade de despertar”, que tira um dano considerável e pode ser ativada com os analógicos.

Não existem estratégias complexas a serem dominadas: tudo é bastante simples e rápido de aprender, o que é muito bom, mas também é um tanto quanto ruim, já que torna o game um pouco menos atraente, em especial para o segmento competitivo de jogos de luta; e o limita a apenas um bom jogo para tirar contras com os amigos em alguma ocasião, no controle de vários personagens conhecidos e queridos.

Decoração: Hmnnn…

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E se de um lado a jogabilidade entrega uma experiência agradável, os gráficos de Jump Force talvez sejam o ponto mais crítico. A simples ideia de trazer os personagens dos mangás para o “mundo real” soa bastante estranha, mas, esteticamente, e é até bonito apreciar os tecidos das roupas dos personagens detalhados ao extremo, tentando simular uma sensação de (estranho) realismo.

Ainda assim, as expressões faciais dos bonecos continuam em seus traços originais e, quando transportados para o 3D em uma tentativa de transformá-los em personagens realistas, o resultado é somente um sentimento caótico dentro do peito. Para alguns deles, entretanto, a estética gráfica até que funciona, como no caso de Yusuke Urameshi de Yu Yu Hakusho e de Seiya e Shiryu de Cavaleiros do Zodíaco.

Para outros como Goku, Vegeta, Trunks e toda a trupe de Dragon Ball, ou os bonecos de Hunter X Hunter, porém, não funciona tão bem assim. A criação original do jogador (uma espécie de avatar para tentar aumentar a imersão) também parece funcional, mas a movimentação é no mínimo bizarra e, considerando que o game tenta forçar uma ideia de realismo, essa falta de atenção a esses detalhes só piora a soma dos fatores.

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Ainda assim, as animações de técnicas especiais e, em especial, os cenários para lutas, são bem bonitos, ajudando ainda mais no conflito visual que o game apresenta. Por fim, a trilha sonora não impressiona muito, além de ser repetitiva. Enquanto eu jogava, não consegui perceber nenhum tema conhecido embutido nas faixas orquestradas da composição; o que é uma pena. Teria sido muito mais emocionante confrontar ou controlar Seiya e Shiryu ao som de Pegasus Fantasy, por exemplo.

Celebração: Não

São os 50 anos da Shonen Jump, certo? O simples fato de ser um evento comemorativo da revista é um motivo e tanto. Porém, Jump Force tenta instigar a atenção dos jogadores com uma trama bem fraca — chata até, eu diria. O game começa com Goku e Freeza lutando em Nova Iorque juntamente de Naruto e Luffy de One Piece. O embate parece épico, mas tem um desfecho bem anticlímax.

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E em meio a tudo isso, o jogador precisa desenvolver seu avatar. A criação envolve dar um nome e personalizar o visual do boneco. Assim que é criado, é explicado que o personagem foi atacado por Venoms - os inimigos comuns do jogo -, mas antes de ser possuído pela força deles, um poder oculto o despertou.

O boneco original acaba sendo recrutado para a Jump Force ao lado de Goku, Naruto, Luffy e tantos outros, que se reuniram para acabar com a ameaça dos Venoms, agora que todos os mundos da Shonen Jump emergiram e passaram a coexistir no mundo. É uma história bem básica e o desenrolar dela não é nada instigante.

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Apesar de manter a dublagem em japonês e possuir legendas em português-brasileiro (cujo trabalho de localização, inclusive, ficou muito simpático e satisfatório), a sensação que fica é de que não era necessário desenvolver tantos motivos para colocar tantos bonecos icônicos juntos, perambulando em uma base e sendo enviados em missões enquanto uma trama clichê e arrastada se desenvolve. A porradaria já bastava.

O game, inclusive, não possui menus como outros games de luta. Ao invés disso, o jogador precisa navegar em uma espécie de hub onde o seu personagem original (e todos os bonecos recrutados pela Jump Force) perambulam e treinam o dia todo. Neste ambiente, ao conversar com os NPCs, é possível escolher as missões principais, missões de treinamento ou missões de tutorial; além de lutar online ou offline.

Nesse aspecto, o jogo é bastante parecido com Dragon Ball Xenoverse, só que menos divertido. E por falar em diversão, outro fator que certamente o mata definitivamente são os loadings. Os carregamentos são constantes e bastante demorados. Não é nem preciso dizer como isso é irritante, não é mesmo?

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No fim das contas, a equação é essa mesma: Jump Force é um amontoado de boas ideias mal executadas; uma celebração cujo planejamento foi virando uma bagunça. E mesmo com tantos problemas, a comemoração finalmente aconteceu, mas ninguém parece ter saído feliz da festa. Uma pena, realmente uma pena.

Jump Force está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One. No Canaltech, o jogo foi analisado no PS4 com cópia gentilmente cedida pela Bandai Namco.