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Análise | Flat Heroes é um pequeno gigante perfeito para o Switch

Por| 30 de Julho de 2018 às 13h11

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Divulgação
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O lançamento de Super Meat Boy, lá nos idos de 2010, quando o desenvolvimento indie era tudo mato, trouxe para a indústria dos games um olhar para um novo modo de produzir jogos. Um estilo de tentativa e erro, de solução de puzzles, de buscar sobreviver a vários perigos e com pequenas fases separadas com intervalos de relaxamento. Tudo isso aliado a uma mecânica de gameplay e a um controle quase que impecáveis.

É dessa fonte que bebe Flat Heroes, o jogo de estreia do estúdio Parallel Circles. Flat Heroes não só é extremamente polido, como trabalha de forma magnífica todos os aspectos a que se propõe fazer.

Contudo, isso não foi fácil. O título já está há quase um ano em acesso antecipado para computadores e, no início de 2018, foi anunciado para Nintendo Switch. A programação inicial era de que ele chegasse ao mercado em julho deste ano, mas foi adiado para agosto, mostrando que ainda havia o que ser polido. Reagendamento que caiu muito bem ao game.

Flat Heroes é um jogo no qual controlamos um pequeno quadrado capaz de pular, dar um dash no ar, efetuar um pequeno golpe circular e até dar pulos nas paredes e se agarrar a elas. O game traz vários modos de jogo: em todos, é possível jogar em até quatro jogadores. Isso transforma o título mais em um party game do que qualquer outra coisa.

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No modo campanha (totalmente traduzido em português brasileiro), é preciso passar por dez mundos com 15 fases mais um chefão cada. Depois de superado, o jogo traz um modo heroico com as mesmas fases, totalizando 300 estágios para serem superados.

Também no modo single player, há a opção sobrevivência, focado em quanto tempo o jogador consegue ficar vivo nos desafios propostos pela fase. Por fim, há um modo multiplayer chamado versus com quatro tipos diferentes de jogo: zonas, em que o jogadores precisam ficar o maior número de tempo sozinhos dentro de um círculo na tela; batalha, em que é preciso matar o quadrado adversário; fugitivo, no qual vence quem permanece vivo por último na fase; e o captura, uma corrida para ver quem alcança um objeto primeiro na fase. Todos muito divertidos e simples com seu nível de estratégia.

O limite criativo

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Lucas Gonzales e Roger Valldeperas, produtor de design e programador, respectivamente, sabiam muito bem quais eram os fatores limitantes da construção de Flat Heroes e quais decisões de produção tomar. Um dos temas mais recorrentes dentro da indústria de desenvolvimento independente de jogos é saber definir escopo, não necessariamente escolher as melhores ideias, mas aqueles que cabem na sua proposta.

A primeira decisão clara de Flat Heroes é em relação a seus “personagens”. Aqui não há nada de rebuscado. O jogador controla um quadrado, sem história, sem propósito, mas que, ao mesmo tempo, tem muito carisma.

Os dois desenvolvedores sabiam que, ao resumir o seu protagonista em uma forma geométrica das mais primitivas, teriam de entregar algo muito grandioso com que fazer com ela. Assim, controlar esse objeto é muito, mas muito orgânico e gratificante. Não somente por conta de todas as várias habilidades que ele (ou ela) tem, mas porque você sente exatamente o controle de todos os movimentos do personagem. Os botões são bastante precisos, mesmo nos joy-cons não tão ergonômicos do Switch.

Isso causa um efeito semelhante ao de Super Meat Boy. Quando o jogador se vê preso em um estágio, com constantes mortes, são raros os momentos em que culpa o jogo pela morte de seu personagem. Os desenvolvedores municiam tão bem o jogador com possibilidades, ferramentas e uma gameplay precisa, que responsabilizam a pessoa pela sua própria morte. Isto é, com um controle tão bom, se você morreu nesta fase é porque vacilou.

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A genialidade, contudo, está no ponto diametralmente oposto. Ou seja, ao vencer os desafios mais cabulosos, todo mérito e gratificação recaem nos ombros do jogador. E que vitória deliciosa que é passar aquele desafio de várias tentativas!

Cadência

A Parallel Cicles sabe que ritmo é algo muito importante para este título. Ainda seguindo no design simples que permite dirigir energias para outros pontos, a utilização de formas geométricas e sem gráficos rebuscados permite que o jogo seja extremamente rápido.

Dessa forma, quando o jogador morre, a velocidade com que seu quadrado é recomposto e a fase reiniciada é mais rápido do que o pensamento de desistência. O que o jogo não quer é que você pense em desistir dele.

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Dessa forma, tentar 10, 15, 20, ou 50 vezes o mesmo desafio é um looping, por vezes, de não mais que segundos. Uma repetição que você compra por conta da facilidade. Por não lhe permitir pensar: “Por que diabos eu estou fazendo isso aqui mesmo?”.

Cada fase apresenta uma série de ameaças ao seu quadrado. Desde tiros retilíneos da parede, até bolas perseguidoras, espinhos que se comportam como lasers de segurança e quadrados que abrangem toda uma área do estágio. No total, o game deve apresentar uma série de mais de 20 tipos diferentes de formas criativas para matar você, cada vez mais complexas e desafiadoras.

Como cada desafio não dura mais que um minuto, Flat Heroes funciona bem para aquele momento de espera ou mesmo quando você tem cinco minutos de descanso. Ponto positivo para a versão de Switch, não só pelo aspecto portátil, mas pela capacidade de desligar em repouso e voltar exatamente ao mesmo ponto assim que o console é ligado novamente. Isso aumenta ainda mais o caráter imediato e veloz de Flat Heroes.

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Junto disso, o game apresenta uma curva de aprendizado bastante generosa, até mesmo para quem não está lá habituado a jogar videogame, o que foi comprovado nas partidas multiplayer desta análise. Ele começa já desafiador, porém, pela quantidade de ferramentas que oferece, permite seguir facilmente caso se use da criatividade.

Quadradinho apaixonante

Nas mãos de Gonzalez, o nosso querido objeto geométrico ganha ares humanos. É incrível como a rolagem lateral de um quadrado pode ter uma cadência semelhante ao andar humano. O personagem realmente parece andar, isto é, com passos, mesmo que esteja apenas rolando pela tela.

Isso acontece por alguns motivos. Primeiro, porque Gonzalez já trabalhou na TT Games, famosa pelos jogos da série LEGO. Outro ponto é que os controles, de tão orgânicos e responsivos, fazem com que o jogador se sinta quase uma simbiose com o objeto, dando um aspecto mais humano a ele.

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Por fim, o ponto mais bem feito e pensado aqui é que o nosso quadrado não é bem uma forma concreta, mas se manifesta como uma espécie de gosma. Ao correr de forma muito veloz, ele deixa um rastro que lembra uma bactéria ou geleia ambulante. Mesma técnica usada, por exemplo, no filme Flubber, carregando àquela geleca ares de extraterrestre.

Tudo isso faz com que você zele por uma forma geométrica que, apesar de essencialmente inanimado, ganha vida e representação. De certa forma, esta característica tira o aspecto frio do título e dá a ideia de que aquele quadradinho é quase uma representação minimalista de um ser humano (mesma representação que jogos do início dos games tentavam fazer, como Space Invaders, Pong e outros).

Party game

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Embora Flat Heroes seja um título que funciona muito bem para se jogar sozinho, ele brilha de forma igual no multiplayer. Isso porque as fases ficam mais fáceis quando se está jogando com mais pessoas. Contudo, calma, não é que os desafios fiquem menores. O que acontece é que, para continuar a fase, é preciso que somente um dos jogadores sobreviva até o fim. Assim, caso você esteja jogando em quatro pessoas, quadruplicam as chances de passar daquele estágio.

Dessa forma, há aqui, em um mesmo título, uma opção de multiplayer cooperativo e competitivo para quem gosta de cada uma das versões. Mais uma vez, o Switch sai na frente com o fato de já vir com “dois controles” e que funcionam suficientemente bem para esse tipo de diversão.

Tanto os modos campanha quanto versus são bem equilibrados para se jogar em grupo.

Música

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Talvez a parte mais simples de Flat Heroes seja sua vertente sonora. O game traz uma sequência de músicas eletrônicas, em loopings, que não enche muito os ouvidos. Um convite para que o jogador coloque um podcast ou qualquer outro som enquanto joga as partidas.

Destaque apenas para os efeitos sonoros, que, vez ou outra, aliados a um slow motion, causam um sentimento mais épico ao que está acontecendo. Entretanto, esses raros momentos não valem a repetição de batidas do jogo.

Chame os amigos

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Por fim, Flat Heroes é um jogo bem pouco ambicioso e, por isso, consegue entregar muito bem o que faz. Ainda, trabalhando em paletas de cores bem variadas, o título toma o cuidado de permitir que se troquem os tons para não excluir os daltônicos da brincadeira (mais uma vez, uma demonstração do cuidado da desenvolvedora).

O título é divertido, bem acabado, com poucos ou quase nenhum bug. Os controles entregam exatamente o que o jogador precisa para passar pelos desafios e tornar as fases um ambiente de superação mais pessoal e menos mecânico. Ponto totalmente positivo para o título.

A recomendação, aqui, é, caso você tenha um Switch, opte por esta versão que casa de forma magnífica com o console.

Pelo preço na casa de US$ 10 no Switch e R$ 15 no Steam, o jogo é uma excelente pedida pelo que cobra.

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Flat Heroes foi desenvolvido pela Parallel Circles e publicado pela Deck 13. O jogo entrou em acesso antecipado no Steam em 8 de setembro de 2017 e chega oficialmente para PC e Switch em 2 de agosto. No Canaltech, o jogo foi analisado com uma cópia para Nintendo Switch gentilmente cedida pela publicadora.