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Análise | Cuphead chega ao Switch com toda maestria da versão de Xbox One

Por| 06 de Agosto de 2019 às 09h58

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Wagner Wakka/Canaltech
Wagner Wakka/Canaltech

Cuphead chega ao Switch com duas questões simbólicas muito importantes. A primeira é que o game foi lançado em 2017 com exclusividade para plataformas da Microsoft no PC e Xbox One. Logo, a chegada ao console da Nintendo mostraria o primeiro passo de parceria entre as duas empresas.

A segunda questão seria um teste de fogo das capacidades do Switch em aguentar um game que, embora simples, exige bastante qualidade técnica para rodar o título com excelência.

É neste contexto que Cuphead se torna um excelente port para o console da Nintendo. Ele chega com boa qualidade de imagem e traz tudo que a versão de Xbox One oferece, com DLC e acesso à plataforma da Microsoft.

O que é? 

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Para quem ainda não conhece Cuphead, este é um game da StudioMDHR, estúdio canadense com uma vontade muito sui generis. Ele é um game animado em 2D lateral, no estilo chamado de run n’ gun, ou seja, é preciso somente andar e atirar. Contudo, não é tão simples assim, qualquer dano tomado significa perder uma vida e a morte resulta em começar a fase toda de novo.

O grupo queria fazer um jogo com estilo estético que lembrasse desenhos feitos a mão na década de 1930. Somente a ousadia de criar um curta com esta técnica na época já seria um baita desafio, uma vez que fazer alguns segundos de cena exige vários e vários quadros.

Ou seja, fazem um game inteiro nessa pegada é algo para além de inimaginável. No caso do jogo, rodando a 60 FPS, é preciso 60 desenhos a mão para cada segundo de jogo.

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Mas calma, existem técnicas para diminuir a quantidade de trabalho. Mesmo assim, isso fez com que o game, anunciado em 2013, só chegasse ao Xbox One quatro anos depois.

Os criadores de Cuphead se inspiraram muito nas técnicas de Max Fleischer, também conhecido como um dos pais de uma técnica chamada de rotoscopia. Basicamente, ele filmava atores em cena e depois reproduzia seus movimentos em cima de um desenho a mão.

Cuphead busca emular este tipo de experiência, dando essa carinha de desenho antigo ao jogo. Para isso, ele lança mão de algumas características. A primeira é exatamente a relação de frames na tela.

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Os filmes rodam com uma taxa de quadros menor do que a atual dos jogos. Com isso, para criar esta sensação de desenho foi preciso jogar a frequência da animação para 24 FPS.

Contudo, estamos falando de um jogo dos mais difíceis, o que exige precisão do jogador, sendo que uma taxa de 24 FPS pode não ser o ideal. Assim, a solução foi colocar as animações em 24 FPS e toda a gameplay em 60FPS. Isso cria um ambiente de estranhamento típico de quando se está vendo um filme antigo, mas sem fazer o jogador perder o tempo de resposta dos comandos.

Aqui, começa o primeiro desafio do Switch: conseguir manter esta taxa de quadros. Será que rola? A resposta é sim, o game chega ao console cravado nos 60 FPS. Se estiver jogando na mão, ele reduz a resolução para 720p, sendo que no dock, o jogo roda a 1080p na televisão.

Gráficos

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A segunda característica importante de Cuphead para criar um ambiente de animação é exatamente o trabalho estético dos anos 1930. Os desenhistas fizeram um estudo profundo das principais nuances que personagens da época tinham e colocaram nas fases. Há aqui pin-ups animadas, típicas do início do século; vegetais e animais transformados em verdadeiras criaturas demoníacas; e pacatos personagens que se mostram diabólicos. Tudo isso feito a mão.

É por isso que o trabalho estético de Cuphead é tão importante para o jogo. Como uma obra visualmente impressionante, o jogador mais experiente pode ter um pé atrás com o port para o Switch. São vários os exemplos de games que chegaram ao console com visual capado para que o hardware dê conta do recado.

A boa notícia aqui é que Cuphead é tão bonito, se não for melhor, no Switch que na versão de Xbox One. Em vídeos de comparação, é possível ver que as duas versões se assemelham bastante, sendo que o Switch traz até um pouco mais de cor e menos blur (efeito embaçado) à movimentação dos personagens.

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Com isso, pode-se dizer com bastante tranquilidade que a versão de Switch não deixa nada a desejar em relação ao lançamento original tanto sobre a quantidade de frames, quanto para qualidade gráfica.

Portabilidade

Um destaque importante para a versão de Switch é que o game foi lançado para console sem que uma empresa terceirizada fosse contratada para isso. No universo de games, é bem comum que se renegue a outra companhia o trabalho de fazer uma versão de um game para outro console. Aliás, existem desenvolvedores atualmente só especializados nisso.

No caso de Cuphead, toda a transposição foi feita pelo próprio StudioMDHR, de forma que a companhia não deixaria o game chegar ao Switch com estas duas características falhas.

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Outro ponto notório é a relação do jogo com a Xbox Live. Cuphead nasceu para ser desafiante, um game bastante difícil com complexas lutas de chefes atrás de lutas de chefe. Como estilo em run n’ gun, a ideia é fazer o jogador se ver dentro de um inferno de balas e sobreviver mostrando habilidade manual.

Quem vence este tipo de desafio quer mostrar para o mundo sua superação. Para isso, a Microsoft criou dentro de sua plataforma online as conquistas, pequenas tags que mostram o desempenho do jogador dentro de um game.

O Switch não conta com nenhum tipo de conquista ou troféu (como no PlayStation 4), mas o Cuphead se conecta diretamente à conta do usuário na Xbox Live. Assim, sempre que se realiza um feito importante, a informação de conquista aparece na tela, tal qual acontece no Xbox One.

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É até estranho quando você vê a linguagem visual tão da Microsoft aparecendo na tela do Switch, exatamente da mesma forma. Embora não combine em nada com a estética do console da Nintendo, saber que esta relação existe já é algo impressionante.

Controles

Por fim, Cuphead permite já que se tenha o multiplayer cooperativo desde o começo, usando os joy-cons em separado do Switch. O game, como uma proposta de lutas rápidas e fases também não muito longas, casa muito bem com o console da Nintendo.

O ponto negativo pode estar nos controles. Os botões dos joy-cons não são efetivamente muito precisos e ágeis, dificultando ainda mais o já difícil desafio de Cuphead. Assim, a recomendação é de que se utilize um Pro Controller do console para ter uma experiência melhor com o game.

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Aliás, as configurações iniciais de comandos do jogo não ajudam em nada, com o dash (também usado para esquiva) no botão X. Isso faz com que você tenha que mover o dedo muito rápido para pular e esquivar no ar. O game permite reconfigurar isso, sendo que a dica é modificar o dash para algum dos gatilhos superiores do controle.

Versão definitiva? 

O Cuphead no Switch chega como uma das melhores versões do game até agora lançadas. O estúdio também já prometeu que todo conteúdo extra será lançado junto para as três plataformas.

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Atualmente, há o The Delicious Last Course, o conteúdo extra com novos personagens, fases e chefes, a ser lançado somente no ano que vem. A empresa havia agendado esta DLC para 2019, mas publicou uma postagem em seu próprio blog informando sobre o atraso.

Assim, se você tiver um controle Pro do Switch em casa e goste de passar raiva morrendo várias e várias vezes com este belíssimo game, o Cuphead no Switch é, com certeza, uma recomendação excelente para o console.

Pode ir sem medo que ele tem todos os requisitos que outras versões trazem. O jogo foi lançado em 18 de abril e está na loja brasileira da Nintendo ao preço de R$ 49,90 (totalmente justo pelo que o jogo oferece).

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No Canaltech, esta análise foi realizada com uma cópia gentilmente cedida pela Nintendo.