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Review | JBL Endurance Dive: desenvolvido para nadadores, mas aguenta o tranco?

Por| 01 de Setembro de 2019 às 10h00

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Luciana Zaramela
Luciana Zaramela

O sonho de todo amante da música e dos esportes é poder conciliar seus momentos de treino com sons inspiradores. E por isso, os fones in-ear ficam cada vez mais populares entre a galera das academias, das corridas, das pedaladas… mas, peraí: e a galera das piscinas? Pensando no público nadador, a JBL desenvolveu um fone de ouvido que pode ser levado para dentro d'água com você.

O JBL Endurance Dive é um modelo IPX7 (falaremos disso mais adiante), com design emborrachado e que, segundo a fabricante, é pra ser usado na piscina — daí o "Dive" (mergulho) no nome. Mas, esse IPX7 não geraria controvérsias? Segundo a JBL, não.

E aproveitando que a natação é o esporte favorito da degas aqui, não pensei duas vezes quando tirei o fone da caixa e vi seu estilão robusto e todo emborrachado: testei por uns minutos e pensei: "Tô perdendo tempo, bora mergulhar o Dive na piscina".

Então, no review, vamos fazer o seguinte: inicialmente o foco será no fone fora d'água e, depois, conto o que aconteceu durante a minha experiência com ele na piscina.

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Design & Ergonomia

O Endurance Dive é a cara do esporte. Isso porque ele leva um material emborrachado em praticamente todo o seu revestimento, com poucas partes plásticas. Não é um true wireless por motivos óbvios, e além de ser voltado a atividades aquáticas (não só natação, diga-se de passagem), também podem ser companheiro de academia, ou corrida, ou outra atividade física. É fitness, pronto.

Os earbuds ficam localizados em um sistema meio "trambolhudinho", que no início, pareceu pesado e pendendo das orelhas, mas nada que uma boa adaptação não resolva. O conjunto todo tem um gancho magnético que passa atrás da orelha para firmar os fones, e esse mesmo gancho, chamado de Powerhook, ao ser destacado magneticamente da "caixa" onde está o bud, já liga o fone — que ou começa a procurar por conexão Bluetooth, ou te dá opção de armazenamento.

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Peraí, armazenamento? Sim, ele tem 1 GB de armazenamento interno — ou você pensou que o Bluetooth fosse funcionar debaixo d'água?

O modelo que recebemos veio na cor preta e verde fluorescente, bem com cara de esportivo, mesmo. Ergonomicamente falando, não incomoda, ainda mais por ser todo emborrachadinho, revestido de silicone, trazer mais dois pares de ponteiras (totalizando P, M e G) e dar uma super impressão de estabilidade. De fato, os fones são estáveis, mesmo. E não machucam!

O case que acompanha o Dive é um charme: todo feito de silicone, pode ser deixado do lado da piscina numa boa, cabe na mochila sem ocupar muito espaço e, se organizar direitinho (e você tomar o cuidado de não molhar), guarda o cabinho de carga da bateria, também. Tem uma imagem dele no final desta análise.

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Controles

Tudo acontece do lado direito do Dive. Em ambient seco, ele tem controles sensíveis ao toque, além de dois modos de escolha de reprodução (Bluetooth ou MP3). Ao destacar o Powerhook, o fone vai ligar (o movimento inverso o faz desligar, ou seja: não tem botão on/off). Um toque no conjunto da direita vai reproduzir e pausar a música. Dois toques, avança uma faixa. Três toques, retrocede. Deslizar o dedo para cima e para baixo aumenta e diminui o volume.

Em ligações telefônicas, basta um toque para atender ou desligar. E dois toques recusam a ligação.

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Para alternar entre MP3 ou Bluetooth, basta tocar durante 3 segundos sobre a logo da JBL no fone direito. Há ainda um pulo do gato aqui — sobre o qual falaremos a seguir para passar a mesmíssima impressão que tive ao testar o fone na piscina. Mas já adiantando, é óbvio que os controles táteis não funcionam na água.

Bateria 

A bateria do Dive tem oito horas de duração — o que não é nada mal para um fone esportivo. E com apenas 10 minutos de carga, você ganha uma hora de reprodução. O tempo exato do treino de muita gente.

O que a JBL indica é que, ao terminar de nadar com o Dive, você não o espete no computador ou tomada para carregar. Antes disso, o recomendado é sacudir o fone para a água sair do conector micro USB e esperar secar, para só depois recarregar, evitando queimar o brinquedo com um curto.

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Armazenamento

Para que o Dive funcione debaixo d'água, a JBL não teve escolha: a solução foi inserir 1 GB de armazenamento interno para você se sentir nos (não tão) velhos tempos quando conectar os fones ao computador e transferir músicas em formato MP3 era de praxe.

Mas, nem tudo são flores.

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Desvantagem número 1: 1 GB de música é pouco, levando em conta que espetar os fones no computador para "trocar a coleção" toda vez que você enjoar da sua seleção pode ser um pouco desencorajador. "Ah, mas 1 GB dá uma média de 200 músicas!"; ok, legal, mas quem gosta de música e vive buscando novidades vai ter um trabalhinho aí.

Desvantagem número 2: poucas são as pessoas que, em pleno 2019, mantêm uma versão MP3 das músicas que escutam. Estamos na era do streaming! Converter, salvar, transferir… enfim, é o preço que se paga se você realmente quiser nadar ouvindo músicas.

Conectividade

O Bluetooth do Dive é bem legal, como é tradicional dos produtos da JBL, tendo um alcance razoável para quem vai para a academia ou mesmo usar o fone no escritório ou apartamento enquanto o smartphone fica ali, quietinho, num canto. O modelo usa a versão 4.2 da tecnologia e, infelizmente, só permite uma conexão por vez. Um fone para chamar de seu, né? E não suporta NFC.

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Parênteses: o Endurance Dive não tem opção cabeada. Pudera, isso é bastante normal em modelos esportivos. A única entrada que ele tem é uma porta micro USB para carregamento.

E o áudio, é bom?

O áudio é razoável se você for comparar o modelo com outros fones in-ear voltados estritamente à música. Mas tudo se torna incrivelmente bom quando você analisa o conjunto em ação. Só para manter a tradição, vamos analisar as gamas de frequência individualmente, dentro e fora d'água.

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Nas CNTP (fora da piscina)

Em termos de graves, primeiro de tudo: esse fone depende muito de um bom selamento para que você ouça o melhor das frequências baixas. Do contrário, você vai ouvir um grave muito choco. Então veja qual das ponteiras se encaixa melhor no seu ouvido — principalmente se for usar o brinquedo debaixo d'água. A resposta dessa frequência não é exatamente precisa, indo na contramão dos fones de malhação. Os graves são presentes, mesmo que tímidos, mas isso depende muito da música. Ouvindo Não há dinheiro que pague, na versão da Nação Zumbi, percebemos que a música começa com uma presença legal do contrabaixo, mas logo você nota que os graves cedem espaço para os chimbais e os órgãos que aparecem a partir do quinto compasso, além dos efeitos de rádio walkie-talkie do vocal de Jorge Du Peixe. Já em Can't Stop The Feeling, do Justin Timberlake, a ênfase aparece legal no baixo à la Motown, mas, de novo, os agudos sobrepõem tudo. (Um parêntese muito pessoal aqui: na piscina isso acaba sendo levemente compensado pela pressão da água, que empurra os fones mais ainda em direção aos ouvidos. Vamos falar disso, comparativamente, a seguir). Já uma faixa propositalmente grave como Tightrope, de Janell Monáe e Big Boi, soa grave no DIVE, com subgraves responsivos, até.

A gama de médios parece um pouco comprimida, apesar de presente. Isso porque os médios soaram magrinhos na maioria das músicas que testamos, e parece que foram deslocados para o fundo da mixagem. Em Virtual Insanity, do Jamiroquai, os pianos, presentes em toda a música, aparecem mornos, perdem um pouco da presença e do ataque, e arrisco a dizer que até o brilho se perde um pouco e mistura nas frequências agudas. O mesmo acontece com o vocal de Jay Kay: pratos, chimbais e backing vocals sobrepõem a voz. Até o baixo, quando a música cresce, vem para frente e empurra os médios lá para o fundo. Já em Sheez Music, do Dumpstaphunk... kudos para os médios! A caixa da bateria arrebenta bonito, tal como deve ser no funk. No refrão, a batera se mantém lá no alto, sem embolar na guitarra, no vocal, no clavinet e nos backing vocals. O solo de guitarra é a única coisa capaz de mascarar a bateria, mas normal, né? A masterização dessa música já foi feita para ela soar "v-shaped", então compensou bem no Dive. Graves ok; agudos ok, também — com ressalvas para os pratos de ataque e algumas frases de órgão. O solo de baixo deveria ter mais impacto, mas a gente entende.

Você já deve ter percebido que o destaque do Dive, fora d'água, está na gama aguda. E realmente: a JBL provavelmente colocou ênfase nos agudos para dar uma sensação de mais clareza, translucidez nas músicas. Em Crazy, do Gnarls Barkley, a bateria eletrônica, mais "agudinha" e bem marcada com chimbais, é o primeiro impacto que se ouve nessa faixa de frequência. No refrão, a voz perde presença para o fraseado de violinos. O baixo existe, mas não resiste: não tem punch. Backing vocals aparecem legal, mas sabe o que mais incomodou mais nessa mixagem? Os ruídos de toca-discos — efeito vintage usado por toooooda a extensão da faixa. Tipo toca-discos antigo e um bolachão muito empoeirado com uma agulha velha. O efeito lo-fi não acontece sobre todas as trilhas, deixemos claro que isso é uma trilha deslocada da música, aparentemente. Mas incomoda. Já a faixa Sujeito de Sorte, do Belchior, fica praticamente impossível de ouvir, tamanha a ênfase em agudos que ela naturalmente tem e que o fone impulsiona quase que sem limites. A voz dele sibila demais, os pratos soam muitíssimo estourados. Mesmo quando entra o groove, precedido pela frase de violão e piano elétrico, a música ainda perde seu glamour para a avalanche de agudos.

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B) Na piscina

Quando entrei na piscina pela primeira vez com os fones e pus um Careless Whisper, do George Michael, para dar "aquele grau" nos exercícios aquáticos, no primeiro stroke a música parou. Bom, devia estar com algum problema da música... troquemos. We Don't Need Another Hero, da Tina Turner, foi a próxima. Ajeitei os fones, a touca, os óculos, dei UMA braçada e a música parou de novo. Saí da água, funcionou. Entrei na água, mergulhei, parou. Algo de errado não está certo, como dizem os poetas da atualidade. Foi quando resolvi destrinchar o manual e percebi que há um ponto IMPORTANTÍSSIMO: dá para isolar a superfície de toque e usar os botões físicos de play/pause debaixo dágua: um toque curto seguido de um toque longo, de cinco segundos, sobre a logo da JBL cancela a superfície touch, e assim, quando a água passa por ela, não faz a música parar. Então, tenha isso em mente se for comprar um modelo desses para nadar.

Vamos usar as mesmas músicas para termos parâmetro de comparação.

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Os graves ganharam presença! Para nadar, usamos a ponteira G, e o fone deu uma pressão legal, trazendo um equilíbrio significativo entre as frequências. Em Não Há Dinheiro Que Pague, o baixo ganhou punch, os vocais e backing vocals econtraram seu lugar ao sol e a percussão/bateria respeitou as outras frequências. Parece que a mágica da água fez desembolar o que antes ficava embolado. Can't Stop The Feeling até deu aquele ânimo extra para nadar mais rápido, pois com os buds bem adaptados aos ouvidos, o baixo e a voz de Justin Timberlake ganharam destaque, e a marcação aguda de pratos e chimbais da bateria eletrônica pararam de irritar. A ponte, que é basicamente baixo, guitarra muda e repetidos "I can't stop the", soou incrível na piscina! Tightrope teve pouca diferença, mas a que teve foi para melhor, óbvio.

Agora, médios: Virtual Insanity melhorou muito com pianos mais presentes, chimbais menos rasgados e a voz de Jay Kay "de volta" para o lugar. Antes não dava para perceber, no pan direito, os efeitos de sintetizador (frases soltas em alguns compassos). Não é um ás dos médios, esse fone, mas claro… nenhum fone esportivo que se preze, é. A galera fitness quer mais é grave e marcação, pancada, ritmo, pressão nos ouvidos. Sheez Music ganhou MUITO punch debaixo d'água, mas o destaque, aqui, vai para o contrabaixo e as notas graves do clavinet. Algumas notas do vocal rouco de Ivan Neville também melhoraram muito na gama grave. Os médios, que já eram legais, ficaram ainda melhores, tudo pela questão do selamento: com menos agudos interferindo na frequência vizinha, ela soa muito melhor.

Os agudos, que eram o calcanhar de aquiles do Dive fora da piscina, agora não são mais. Crazy parou com aquela ênfase toda no ruído chato e insistente de vitrola velha, jogado em uma trilha aleatória da música. Por quê? Com os fones bem adaptados, não é que os agudos deixam de existir; os graves, médio-graves e médios soam melhores, da maneira que foram projetados para soar, visto que esse fone é voltado principalmente para o uso durante a natação. O resultado é um equilíbrio muito satisfatório. Violinos também deixaram de incomodar justamente por isso. Falando agora de Belchior, Sujeito de Sorte virou outra música quando os fones foram usados durante a natação. Os agudos muito proeminentes continuaram, mas as frequências graves e médias, que ganharam "força" com a pressão da água e a melhor adaptação aos ouvidos, deram uma boa maquiada neles.

Bacana ver como a JBL pensou em um fone para soar muito legal na piscina, e usar da ajuda da pressão da água para entregar as frequências da melhor maneira possível em seu in-ear esportivo-aquático. Então, se você está pensando em comprar o Endurance Dive para atividades exclusivamente extra-piscina, pense melhor. Esse modelo é mais indicado para usar na água, mesmo.

Microfone

O Dive vem com um microfonezinho ok para você que, entre umas braçadas e outras, resolve sair da piscina um pouco para se alongar ou fazer uns polichinelos. Não é o foco do fone, mas é razoável para mandar um áudio no WhatsApp e atender a uma ligação. Cumpre seu papel, apesar de soar enlatado. Convenhamos, né? Você não vai precisar dele enquanto nada.

Isolamento de ruído

O Dive, por ser in-ear, tem um isolamento passivo de ruído até legal, o que te ajuda a se concentrar nos seus treinos ou afazeres, mesmo com a música em volume médio. Não tem cancelamento ativo (ANC). Na piscina, falar de isolamento dispensa comentários.

O que tem na caixa? 

  • JBL Endurance Dive
  • Cabo para carregamento
  • 2 pares extras de ponteiras (totalizando P, M e G)
  • Bolsa de silicone para transporte
  • Manuais

Preço e onde comprar

O JBL Endurance Dive sai por R$ 499 no site oficial da JBL, em até 6x sem juros no cartão. Mas é possível encontrá-lo mais barato na Amazon. E está disponível nas cores preta com verde fluorescente e vermelha com cinza escuro.

Veredicto

O JBL Endurance Dive é interessante. Emborrachado, bonito, bem esportivo mesmo. Embora no site oficial da marca a indicação é para que ele seja um fone de triatlo, ou decatlo, como preferir, a nossa indicação é que ele seja um fone para natação, mesmo. Por quê? Como já mostramos antes, ele fica mais bem encaixado nos ouvidos quando a pessoa está debaixo d'água. A menos que você encontre a posição ideal e use a ponteira que melhor se adaptar aos ouvidos, sem o fone ficar bambo ou mal adaptado, o legal mesmo é colocar o bichinho pra funcionar na piscina (ou no mar).

Muito embora a certificação do aparelho seja IPX7 (segurança de submersão por 30 minutos em 1 metro, mas que a JBL chama de à prova d'água), testamos por muito mais tempo que isso, em treinos normais de 50 minutos, e tudo ok. Padrões, né? Não que estejam aí para serem quebrados, mas, pelo menos durante os testes do Canaltech na piscina, o uso dentro d'água fez jus à propaganda da JBL.

Além do mais, para nós, nadadores, é muito legal poder contar com a tecnologia de áudio da JBL para tornar a natação um esporte ainda mais prazeroso. Aguentou bem o tranco, pelo menos durante nosso período de testes.

Para a construção e estilo, nota 9. Para o conforto e adaptabilidade, nota 8. E para o som, mais uma nota 8 (na piscina). Recomendamos!