Publicidade

Do P&B ao 8K | A transformação na transmissão das Copas do Mundo

Por| Editado por Jones Oliveira | 08 de Novembro de 2022 às 17h00

Link copiado!

Reprodução/Pexels
Reprodução/Pexels

A Copa do Mundo do Catar está aí e já não vemos a hora de torcer pelo hexa. Seja você ou não um grande fã do futebol, é impossível ficar indiferente à Seleção Brasileira e ao maior torneio esportivo do planeta. A prova disso é que já tem muita gente de olho em uma televisão nova para acompanhar cada um dos jogos, que começam a ser exibidos a partir do próximo dia 20 de novembro.

A razão para isso é simples: edição após edição, a qualidade da transmissão de TV vem aumentando e já estamos em um momento em que até os mínimos detalhes podem ser observados na tela. Por isso mesmo, é natural que todo mundo queira ter um aparelho em casa capaz de captar a experiência de estar dentro de um estádio lotado.

E a Copa do Mundo 2022 vem com tudo no sentido de novidades, a começar pela TV 8K, um novo salto tecnológico importante. Só que esse é só mais um capítulo da longa tradição do torneio de experimentar e popularizar tecnologias. Das primeiras imagens ainda em preto e branco à chegada da transmissão colorida, passando pelos ganhos de resolução, a história das Copas é também a história da forma como a gente vê TV.

Continua após a publicidade

Quando a Copa ganha forma

Depois de quatro edições narradas apenas por radialistas, foi em 1954 que a Copa do Mundo ganhou imagens, permitindo que os torcedores pudessem ver os jogadores em campo e seus gols.

Quer dizer, apenas alguns torcedores. Apenas oito países europeus puderam assistir à partida de abertura do mundial entre Iugoslávia e França. Mesmo assim, foi um feito e tanto, já que foi a primeira transmissão com que muita gente teve contato.

Continua após a publicidade

As coisas começam a mudar um pouco de figura na edição seguinte. A Copa do Mundo de 1958 é lembrada por todos como a primeira vez que o Brasil foi campeão, mas foi também a primeira vez que o torcedor brasileiro pôde ver os gols de Pelé e Garrincha, embora não ao vivo.

Naquele ano, a transmissão dos jogos se expandiu para mais países, mas ainda centralizada na Europa. Foram 11 nações que receberam o sinal ao vivo. Já para o restante do mundo, as imagens eram gravadas em kinescópio, um antecessor do videotape gravado em 16 milímetros e enviado de avião.

Foi assim que as emissoras brasileiras transmitiram a conquista da Seleção — e com algumas limitações. Isso porque a gravação chegava com atraso de um a dois dias e não contava com o jogo na íntegra, o que obrigava os canais a exibir apenas os compactos das partidas. Foi somente em 1962 que as gravações continham a íntegra das partidas.

Continua após a publicidade

1970: ao vivo e a cores

Não demorou muito para que a Copa do Mundo e a relação do brasileiro com o torneio passasse por uma verdadeira revolução. A edição de 1970, no México, foi tão marcante que gerou a expressão "ao vivo e a cores".

É por isso que o tricampeonato brasileiro é tão emblemático para a história da Seleção. Só que não dá para ser ingênuo e acreditar que todo mundo assistiu aos jogos da mesma maneira.

Continua após a publicidade

A TV colorida ainda era um produto de luxo na casa das pessoas e a maior parte dos aparelhos era em preto e branco. É por essa razão que a bola oficial da Copa do Mundo daquele ano adotou o clássico padrão com gomos nessas cores, facilitando a visualização de quem tinha uma TV p&b.

De qualquer forma, essa é uma edição emblemática por representar esse salto na qualidade, abrindo as portas para as demais melhorias que viriam já nos anos seguintes.

Em busca da melhor definição

A partir desse ponto, as mudanças na transmissão dos jogos da Copa do Mundo se tornam um pouco mais sutis. É realmente difícil competir com a ideia de ver imagens ou cores pela primeira vez, mas isso não quer dizer que as novidades foram poucas.

Continua após a publicidade

Em 1986, por exemplo, o sistema de tira-teima passou a ser aplicado nos jogos, o que deu um dinamismo maior às transmissões. Como era possível exibir o replay de determinadas jogadas, acompanhar a partida não era mais aquela coisa estática e ajudou a transformar o espectador também em juiz e treinador.

Já em 1994, o ano do tetra, os jogos passam por um novo salto de qualidade na televisão. Essa edição do mundial incorporou novas tecnologias de captação de imagem, fazendo com que as câmeras dentro de campo registrassem muito mais detalhes do que tínhamos até então.

Só que ainda estamos falando da velha TV de tubo, cujo tipo de tela não colaborava em nada para garantir a qualidade das transmissões — uma realidade que só passou a mudar a partir de 2002.

Continua após a publicidade

Japão e Coreia: penta em HD

Foi na Copa do Mundo do Japão e Coreia do Sul que os primeiros testes de imagem em alta definição começaram a ser feitos. Mais uma vez, era ainda algo experimental e que os torcedores só iriam experimentar de verdade anos mais tarde.

Ainda assim, a conquista brasileira do penta chegou a ser transmitida em HD por aqui em algumas salas de cinema. Para isso, câmeras especiais foram colocadas no estádio e as imagens transmitidas via fibra óptica, permitindo que alguns poucos sortudos e entusiastas conferissem o jogo na melhor qualidade possível para a época.

Continua após a publicidade

Alemanha 2006: a primeira Copa em Full HD

O teste em HD na Copa do Mundo da Coreia e do Japão deu tão certo que, já na edição de 2006, tivemos outro salto. Naquele ano, as emissoras já passaram a transmitir em Full HD e os torcedores de todo o mundo puderam assistir às 32 seleções em 1080p.

Essa foi uma mudança tão drástica que impactou também a cobertura televisiva. Como a imagem se tornou cristalina e cheia de detalhes, permitindo que o público percebesse até mesmo detalhes ínfimos da partida, os jornais e programas esportivos passaram a explorar isso de diferentes formas. Não por acaso, vimos vários programas fazendo leitura labial do que jogadores e treinadores falavam dentro e fora do campo — algo impossível de se fazer antigamente.

África 2010: vuvuzelas em 3D e no streaming

Continua após a publicidade

Já na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, foram duas grandes tendências que entraram no jogo. De um lado, a tentativa de emplacar a transmissão em 3D, que não foi muito bem aceita e logo caiu em desuso. Do outro, o streaming começou a ganhar força e muita gente assistiu à Copa do Mundo pela internet, principalmente no trabalho. O único problema era o delay.

Copa do Mundo em 4K e além

Esse problema ainda não foi solucionado, mas tivemos outro avanço significativo na qualidade das televisões. Na Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil, começaram os testes das transmissões em 4K. E se a gente achava que dava para ver todos os detalhes com o Full HD, quatro vezes mais resolução que mostraram como um gol pode ficar ainda mais bonito — inclusive o 7x1.

Continua após a publicidade

E, agora que a TV 4K já se popularizou e o sinal digital ganhou espaço na edição de 2018, a Copa 2022 chega com mais uma promessa de revolução. Desta vez, na Copa do Mundo 2022 veremos as primeiras grandes transmissões em 8K, ampliando a qualidade da imagem e transformando os televisores em verdadeiras janelas para os estádios do Catar.

É claro que nem todo mundo vai conseguir assistir aos jogos nesta resolução, mas o que a histórias das Copas do Mundo bem ensinaram é que o torneio serve para experimentar e introduzir novas tecnologias que vão invadir a casa dos torcedores nos anos seguintes. E parte da mágica do mundial para os entusiastas de tecnologia é também ver qual a próxima jogada da indústria — e, como sempre, esperamos goleada.