FBI distribui pornografia infantil na Dark Web para localizar pedófilos
Por Durval Ramos | 25 de Janeiro de 2016 às 11h06
Há momentos em que é preciso entrar no campo da ilegalidade para pegar os verdadeiros criminosos. Essa parece a chamada de algum filme policial ruim, mas é apenas a mais nova estratégia do FBI para identificar e capturar quem divulga e compartilha pornografia infantil na internet. Assim, para conseguir localizar quem comete esse tipo de crime, o órgão norte-americano plantou algumas iscas que vão ajudar a identificar quem consome esse tipo de conteúdo.
Segundo o site Motherboard, a ideia surgiu após a agência ter conseguido hackear uma página de pornografia infantil na Dark Web e, ao invés de apagá-la para evitar que mais pedófilos acessassem aquele endereço, o que ela fez foi manter o conteúdo no ar, mas dentro de seus próprios servidores. Assim, ao longo de 13 dias, os agentes tiveram total controle sobre a página e a mantiveram funcional para que as pessoas não notassem nenhuma diferença. A partir disso, eles conseguiram tanto identificar os IPs dos usuários e ainda enviaram uma espécie de malware que enviava dados diretamente para os escritórios do FBI, o que ajudou a prender esses indivíduos.
É claro que, para isso, foi preciso fazer vistas grossas a várias questões éticas. A principal delas, inclusive, era o fato de que o FBI distribuiu pornografia infantil na Dark Web por quase duas semanas. É claro que foi para uma causa nobre, mas não há como ignorar o quanto esse é um ponto polêmico dentro da operação. O lado bom é que, apesar de ser algo bem delicado, o resultado da tarefa foi bastante satisfatório.
Como aponta o site The Next Web, a investigação resultou na identificação de mais de 1.300 pessoas que passaram pelo site. Até o momento, de acordo com o USA Today, pelo menos 137 pessoas já foram acusadas. Mais do que isso, o FBI ainda teve acesso a informações de mais de 215 mil usuários registrados no site — identificado apenas como Playpen — entre os dias 20 de fevereiro e 4 de março. Esses dados vão ajudar o governo a localizar esses indivíduos em uma nova fase da operação.
De acordo com o ex-agente Ron Hosko, essa foi uma oportunidade única para a agência conseguir se infiltrar em "um dos lugares mais sombrios da Terra". Para ele, apesar da investigação ter feito com que o FBI ultrapassasse alguns limites morais e éticos, não havia outra maneira de identificar tantos criminosos de uma só vez e, por isso, eles seguiram em frente com os planos.
O único ponto é que muitos desses usuários localizados estão fora dos Estados Unidos, em países como Chile, Grécia e Dinamarca. Isso significa que o governo dos EUA precisará do apoio das forças policiais dessas nações para poder encontrar e autuar quem consome pornografia infantil ao redor do mundo.
Fonte: Motherboard, The Next Web, USA Today