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Tempestades globais em Marte criam torres de poeira em direção ao espaço

Por| 27 de Novembro de 2019 às 22h30

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Pesquisadores da NASA estão estudando um fenômeno peculiar que ocorre em Marte: a série de tempestades descontroladas que cobrem todo o planeta com uma névoa de poeira. Embora as tempestades de poeira sejam comuns por lá, elas ocorrem de forma muito mais intensa, em escala global, pelo menos uma vez a cada dez anos.

Em 2018, equipamentos da NASA tiveram uma visão detalhada da tempestade de poeira global daquele ano. Com os dados da sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO), os pesquisadores puderam investigar melhor o fenômeno que ainda intriga a comunidade científica.

Dois novos artigos publicados entram em detalhes sobre algo que acontece dentro dessa tempestade: nuvens concentradas de poeira que aquecem à luz do Sol e se elevam no ar. São nuvens enormes, que formam verdadeiras torres de poeira e sobem muito mais alto na atmosfera marciana do que a poeira normal. Embora elas também ocorram em condições normais, as torres se formam em maior número durante as tempestades de poeira globais.

Elas têm proporções gigantescas. Uma torre começa com uma área da largura do estado de Rhode Island (que tem 3.144 km²). Quando atinge uma altura de 80 quilômetros, como foi o caso flagrado pela NASA durante a tempestade global de 2018, ela pode ser tão larga quanto o estado de Nevada (286.382 km²). À medida que a torre decai, ela pode formar uma camada de poeira a 56 km acima da superfície, que pode ser mais larga que os Estados Unidos.

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As torres de poeira aparecem ao longo do ano marciano, mas, de acordo com o principal autor do artigo, Nicholas Heavens, a tempestade global de 2018 apresentou um comportamento diferente. Ele explica que “normalmente, a poeira cai em um dia ou mais", porém durante a tempestade global “as torres de poeira são renovadas continuamente por semanas". Em alguns casos, várias torres foram vistas por até três semanas e meia.

Como Marte perdeu sua água?

Os cientistas trabalham com a hipótese de que o vapor de água preso à poeira pode causar esse efeito de torre, criando uma espécie de “elevador” para o espaço, onde a radiação solar quebra suas moléculas. Isso pode ajudar a explicar como a água de Marte desapareceu ao longo de bilhões de anos. Quando a poeira se aquece, ela cria correntes de ar que carregam gases, incluindo a pequena quantidade de vapor de água.

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Um artigo anterior liderado por Heavens mostrou que, durante uma tempestade global de poeira em Marte em 2007, as moléculas de água foram lançadas na atmosfera superior, onde a radiação solar poderia decompô-las em partículas que escapam para o espaço. Isso pode ser uma pista de como o Planeta Vermelho perdeu seus lagos e rios, tornando-se o deserto que é hoje.

Ainda não há uma conclusão sobre a causa das tempestades globais de poeira por lá, mas há algumas hipóteses nas quais cientistas trabalham atualmente. Com tempo e mais dados a serem coletados, a equipe do MRO espera entender melhor as torres de poeira e que papel elas podem ter desempenhado na eliminação da água marciana.

Uma equipe dedicada ao clima marciano

Ainda há algumas pequenas quantidades de vapor de água na atmosfera de Marte, que ainda desempenha um papel importante no clima do planeta. E a NASA tem uma equipe inteira dedicada a entender o clima marciano — o Mars Climate Modelling Center —, que se concentra nos três componentes críticos da atmosfera marciana: vapor de água, dióxido de carbono e poeira.

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Na simulação abaixo, as nuvens de água e gelo se formam e se dispersam ao longo de um dia de verão no hemisfério norte.

A simulação mostra que, embora as nuvens sejam mais finas que as da Terra, elas desempenham um papel vital nos sistemas eólicos do planeta. E isso significa que elas também ajudam a moldar o movimento da água ao redor de Marte. O objetivo do estudo é entender o atual ciclo da água em Marte e, claro, descobrir mais sobre o antigo planeta marciano. Para isso, os cientistas também trabalham com algumas hipóteses, tais como mudanças climáticas causadas por impacto.

Assim como o pessoal do MRO e a equipe de Heavens, o Mars Climate Modelling Center também acredita que é necessária uma melhor compreensão da física das torres de poeira, até porque esse entendimento é necessário para planejar futuras missões enviadas para lá. Por exemplo, graças ao time de modelagem climática, a NASA sabia de antemão que a sonda InSight chegaria a Marte perto do final de uma tempestade de poeira e, assim, os engenheiros da missão prepararam a nave para operar de acordo com as condições.

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Fonte: NASA, Universe Today