Telescópio James Webb encontra moléculas orgânicas onde elas não deveriam estar
Por Danielle Cassita | Editado por Patricia Gnipper | 13 de Outubro de 2022 às 18h01
Uma equipe de cientistas liderada pelo astrofísico Ismael García-Bernete, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, descobriu moléculas orgânicas perto do centro de três galáxias ativas — até então, eles consideravam que elas não poderiam sobreviver por lá. Além disso, as observações sugerem que a radiação nos arredores dos buracos negros supermassivos das galáxias alterou as propriedades das moléculas.
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Eles analisaram as galáxias NGC 6552, NGC 7319 e NGC 7469, que contêm hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (ou apenas “PAHs”, na sigla em inglês). Os PAHs são moléculas formadas por átomos de carbono dispostos em anéis, e como são bastante abundantes no universo, são consideradas possíveis blocos construtores da vida.
Como os PAHs brilham na luz infravermelha quando recebem radiação das estrelas, eles são bons guias para os astrônomos que estudam a atividade no interior das galáxias, e podem indicar a atividade em núcleos galáctico ativos, as regiões brilhantes no coração das galáxias.
Para o estudo, os pesquisadores compararam as emissões dos PAH perto dos núcleos com aquelas próximas de regiões formadoras de estrelas. Os modelos anteriores haviam sugerido que a radiação intensa do centro das galáxias, vinda dos arredores dos buracos negros supermassivos ali, iria destruir os PAH, mas o instrumento Mid-Infrared Instrument (MIRI), do James Webb, encontrou vários deles no centro das três galáxias estudadas.
As observações mostraram que as emissões vinham de PAHs maiores e eletricamente neutros, ou seja, a radiação poderia ter eliminado as moléculas menores e eletricamente carregadas. Enquanto isso, as maiores podem ter sobrevivido porque estavam protegidas por envelopes de gás molecular denso, próximo do núcleo galáctico.
Entender os processo de perda dos menores PAHs é importante porque, normalmente, as regiões formadoras de estrelas são ricas nestas moléculas eletricamente carregadas; sem elas, os astrônomos não conseguem descobrir onde as estrelas podem estar se formando. “O próximo passo é analisar uma amostra maior de galáxias ativas, com propriedades diferentes”, disse García-Bernete.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Astronomy and Astrophysics.
Fonte: Astronomy and Astrophysics; Via: Universidade de Oxford