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Tau-Herculídeas: a tempestade que pode chegar a 100 mil meteoros em maio

Por  • Editado por  Rafael Rigues  | 

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 Prokhor Minin/Unsplash
Prokhor Minin/Unsplash

A chuva de meteoros Tau-Herculídeas deste ano pode ser uma verdadeira tempestade. Embora ela aconteça todos os anos, a Terra passará agora por um fluxo particularmente denso de partículas que o cometa 73P/Schwassman-Wachmann 3 deixou para trás.

De onde vem a chuva Tau-Herculídeas?

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Também conhecido como SW3, o cometa “pai” da chuva de meteoros Tau-Herculídeas foi descoberto em 1930 e orbita o Sol a cada 5,4 anos. Aliás, ele passará novamente por nós entre julho e agosto deste ano, mas será difícil observá-lo: em 1995 ele se fragmentou em várias partes, sendo as principais denominadas "B", "C", "G" e "R".

Devido à fragmentação, o cometa está “sujando” parte de sua órbita com poeira e detritos. Cálculos recentes preveem que a chuva de meteoros Tau-Hercúlideas de maio de 2022 pode ser bem intensa, mas nada é garantido. E tudo depende da velocidade das partículas no espaço.

Se os destroços estivessem viajando a mais de 354 km/h quando se separaram do cometa, as chances de ver a tempestade de meteoros são altas. Por outro lado, caso os detritos tivessem velocidades de ejeção mais lentas no momento da fragmentação, nenhum deles chegaria à Terra.

Previsões da tempestade de meteoros

Em 2006, o SW3 apareceu no céu novamente e os astrônomos descobriram que ele havia se fragmentado em pelo menos 68 pedaços — e ainda estava desmoronando. É daí a suspeita de uma tempestade de meteoros prevista para esse ano.

O problema é que não sabemos ao certo se essa tempestade realmente vai acontecer, principalmente porque é difícil observar as passagens anteriores do cometa. Por exemplo, em 2011, durante sua última penúltima visita à Terra, ele ficou a maior parte do tempo atrás do Sol, então não foi possível estudá-lo.

Já em 2017, os astrônomos encontraram mais um pedaço maior, chamado BT. Além disso, os núcleos múltiplos do cometa são pequenos: o fragmento C, o maior de todos, tem apenas cerca de 1 km de diâmetro. Um núcleo de cometa comum tem cerca de 10 km de largura.

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Além da velocidade dos detritos, há outras condições que a tempestade de meteoros ocorra. Uma delas é que o cometa empurre os detritos ejetados durante passagens anteriores perto do Sol. Por fim, o número de partículas expelido do núcleo do cometa durante sua separação em 1995 deve ser alto.

Caso essas condições sejam atendidas, teremos uma tempestade de meteoros no final de maio, e ainda um surto na segunda quinzena de junho.

Como observar a Tau-Herculídeas

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As chuvas de meteoros levam o nome de seus radiantes, isto é, das constelações de onde elas parecem surgir no céu. Isso costuma ser imutável, mas não é este o caso da Tau-Herculídeas. O radiante dessa chuva não é Hércules, mas sim Boötes, entre as estrelas brilhantes Arcturus e Vega, em direção ao Noroeste.

Primeiro, por volta da 00h11 (Horário de Brasília) da madrugada do dia 31 de maio, a Terra atravessará os detritos deixados pelo cometa em 1892 e 1941. Para esse momento, a previsão já é animadora o suficiente para valer a pena ficar acordado: até 50 meteoros por hora.

Mas o segundo surto pode ser muito mais empolgante. Na mesma madrugada, às 02:04 do dia 31 de maio, nosso planeta poderá atingir a tal trilha mais densa ejetada pela fragmentação de 1995. Alguns cálculos preveem uma tempestade entre 10 mil a 100 mil meteoros por hora!

Bem, também temos más notícias: o radiante estará mais baixo no céu do Hemisfério Sul em relação à América do Norte, então talvez a taxa de meteoros por aqui seja menor. Ainda assim, se a tempestade acontecer, não há motivos para desânimo — a quantidade de “estrelas cadentes” ainda será alta.

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Além disso, com o radiante baixo no céu, nós, no hemisfério sul, podemos ver também alguns earthgrazers, ou seja, meteoros que desenham longas trilhas enquanto riscam o céu a partir do radiante. Esse tipo de meteoro não entra por completo na atmosfera terrestre, mas “arranha” as camadas superiores por mais tempo, causando um efeito visual bem diferente.

Fique atento: os dois “surtos” no dia 31 de maio terão vida curta e imprevisível. Não sabemos a largura da trilha de detritos, então não é possível prever quanto tempo a Terra ficará dentro dela. Portanto, se o céu na sua região estiver livre de nuvens e neblina, vale a pena se preparar para as observações ainda no final da noite de 30 de maio.

Um último surto da Tau-Herculídeas ainda poderá acontecer na noite entre 25 e 26 de junho, por volta das 23:58, graças à trilha de detritos deixada pelo cometa em 1930. Porém, a taxa de meteoros dessa vez será de apenas cerca de 3 meteoros por hora.

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Fonte: EarthSky, NASA, Cometography