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Protestos marcam início de obras de polêmico telescópio no Havaí

Por| 23 de Julho de 2019 às 22h50

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TMT.org
TMT.org

Um conjunto de protestos vem acontecendo na região de Mauna Kea, no Havaí, por conta de obras do Thirty Meter Telescope (TMT). O aparelho é uma construção polêmica na região com já quatro anos de debate, por conta da localização da instalação. 

Centenas de protestantes bloquearam a região onde começaria a ser construído o TMT. Após quatro anos de debate, a corte suprema do Havaí decidiu pela validação das obras do telescópio, com início no último dia 15. Por conta disso, uma série de manifestantes foi à região evitar que a decisão fosse cumprida. 

Polêmica

O TMT foi projetado para ser construído no topo do monte Mauna Kea. A região é boa para observações, cuja localização alta privilegia a varredura do céu. A questão é que a região também é considerada sagrada pela população nativa havaiana, de etnia indígena. O povo de lá considera o monte com grande significado cultural, não querendo a profanação do espaço para outros usos. 

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Foi exatamente este embate que atrasou as obras do TMT. Chamado em tradução literal de Telescópio de Trinta Metros, ele ganha esse nome exatamente pelo diâmetro da sua cuba externa. O dispositivo deve ser capaz de fazer observações com 12 vezes mais resolução que o telescópio espacial Hubble. 

O aparelho é desenvolvido pela Universidade da Califórnia e pelo California Institute of Technology (Caltech). Com isso, o embate é considerado por parte da comunidade acadêmica como um conflito entre religião e ciência. 

Em texto publicado no dia 16, a paleontóloga Sara Segura Kahanamoku, da Universidade de Berkeley, levantou o debate mais uma vez. “Proponentes do Thirty Meter Telescope (TMT) afirmam que isso vai ajudar astrônomos a explorarem o passado do universo, em busca de nossas origens, enquanto a defesa dos kiaʻi (guardiões havaianos) pela proteção de suas regiões sagradas é pintada como impedimento para o progresso científico. Esta falsa dicotomia esconde uma questão fundamental em jogo:  quem toma as decisões pelas pessoas, pela terra e pelo futuro?”, questionou a pesquisadora. 

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Protestos 

Opositores à construção do TMT começaram a se unir logo após o início das obra para fechar estradas e acesso ao monte Mauna Kea. As manifestações ainda contaram com adesão de pesquisadores de observatórios, além de funcionários em regiões próximas dali, no dia 16. Entre eles, o observatório Keck, considerado um dos maiores do mundo. Pesquisadores aceitaram atrasar seus trabalhos para apoiar a população na oposição ao TMT. 

Contudo, o governador do Havaí, David Ige, como estado dos Estados Unidos, proclamou estado de emergência em 17 de julho, permitindo que polícias e militares agissem na região. Sete protestantes chegaram a se amarrar em árvores fechando a estrada. Todo o manifesto foi apresentado em carta aberta de opositores, em sua maioria, estudantes de astronomia da região. No total, 33 nativos da região foram detidos e liberados em seguida. 

O grupo de estudantes levantou um abaixo-assinado em que pedia que o governo retirasse suas forças militares da região, permitindo protestos da população local em proteção à região sagrada. Ainda, há exigência de que se permita acesso de nativos para realização cerimônias religiosas na região mesmo após a construção do telescópio. 

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Até o momento, as forças militares continuam por lá protegendo as obras. 

Fonte: Carta aberta, Massive Science