Plutão tem um oceano subterrâneo — e outros mundos congelados também podem ter
Por Patricia Gnipper |
Plutão, o planeta-anão estudado de pertinho pela sonda New Horizons em 2015, abriga em seu interior um oceano subterrâneo — e isso pode ser incrivelmente comum em outros mundos congelados pelo universo. Ao menos é o que indica um novo estudo publicado nesta semana na revista Nature Geoscience.
De acordo com o documento, uma camada de isolamento gasoso é o que provavelmente mantém o oceano de Plutão no estado líquido abaixo de sua crosta congelada, já que uma distância aproximada de 5 bilhões de quilômetros do Sol é longe o suficiente para que a temperatura superficial do planeta seja, de fato, congelante.
"Isso pode significar que há mais oceanos no universo do que se pensava anteriormente, tornando a existência de vida extraterrestre mais plausível", declarou Shunichi Kamata, cientista da Universidade de Hokkaido, no Japão, e principal autor do estudo em questão.
E como foi que se descobriu um oceano subterrâneo em Plutão? O segredo está na análise do "coração" do planeta-anão, onde fica a bacia chamada Sputnik Planitia, com 660 km de nitrogênio congelado que forma o lobo esquerdo da imagem que se assemelha ao desenho de um coração. Observações da New Horizons, da NASA, mostraram que a região está alinhada com o eixo das marés de Plutão — a linha ao longo da qual a atração gravitacional da lua Caronte é mais poderosa. A equipe acredita que o planeta-anão entrou nessa orientação justamente por causa da massa extra concentrada na superfície da Sputnik Planitia e perto dela. Tal massa extra deve, então, vir do gelo de nitrogênio que é acumulado na bacia, assim como da água do oceano enterrado.
E como seria possível um oceano permanecer líquido em Plutão, e não congelar, ao longo de 4,6 bilhões de anos? A explicação, de acordo com o estudo, seria a hipótese de que uma camada isolante de "hidratos de gás" sob a crosta congelada de Plutão poderia ser a responsável por impedir o congelamento de tal oceano — e a equipe realizou simulações de computador para testar essa ideia.
Em simulações sem os hidratos de gás, o oceano subterrâneo de Plutão congelou há centenas de milhões de anos. Mas ao adicionar essa camada isolante, o oceano persiste até hoje. Vale ressaltar que, apesar de o estudo fazer sentido e ser embasado por simulações de computador, ainda não se tem a confirmação de que tal camada de gases realmente existe ali, e mais estudos e observações precisam ser feitos para que essa ideia seja comprovada, ou não.
Fonte: Space.com