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Planeta água: a Terra era um mundo submerso quando a vida surgiu, segundo estudo

Por| 04 de Março de 2020 às 19h20

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Planeta água: a Terra era um mundo submerso quando a vida surgiu, segundo estudo
Planeta água: a Terra era um mundo submerso quando a vida surgiu, segundo estudo

No filme Waterworld - O Segredo das Águas, de 1995, Kevin Costner interpreta um anfíbio em um planeta Terra que foi completamente coberto pelos oceanos devido ao superaquecimento. Acontece que este “mundo de água”, de continentes submersos, pode ter sido o passado do nosso planeta, 3,2 bilhões de anos atrás.

De acordo com um novo estudo publicado na revista Nature Geoscience, geólogos chegaram a essa conclusão depois de analisar dados de isótopos de oxigênio da antiga crosta oceânica onde agora a terra está exposta, formando a Austrália. Se essa teoria estiver correta, ela poderá nos trazer grandes implicações na investigação sobre a origem da vida.

Benjamin Johnson e Boswell Wing, os geólogos por trás do artigo, escreveram que "uma Terra primitiva sem continentes emergentes pode se parecer com um 'waterwolrd' [mundo de água], fornecendo uma restrição ambiental importante à origem e evolução da vida na Terra, bem como sua possível existência em outros lugares".

Como a pesquisa foi feita

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Tudo começou quando Johnson e Wing conversavam durante conferências sobre uma crosta oceânica bem preservada, com 3,2 bilhões de anos de idade, localizada em uma parte remota da Austrália Ocidental. Crosta oceânica, por sinal, é uma camada de rocha sólida que se encontra sob milhares de metros de água e sob espessos depósitos sedimentares junto aos continentes.

A crosta australiana remete ao éon Arqueano, um período geológico compreendido aproximadamente entre 3,85 bilhões de anos e 2,5 bilhões de anos atrás. Johnson se interessou pelo assunto e se juntou ao grupo de pesquisa de Wing para ver essa crosta por conta própria.

Assim que coletou suas próprias amostras de rochas e pesquisar dados existentes sobre o assunto, Johnson criou uma tabela do isótopo (variações diferentes do mesmo elemento químico) de oxigênio e dos valores de temperatura encontrados na rocha. As diferenças nos isótopos de oxigênio preservados com a rocha antiga ofereceram algumas pistas sobre a interação entre a água e a rocha bilhões de anos atrás.

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Depois de fazer o processo com dados de rochas inteiras, Johnson criou um modelo inverso para fazer estimativas dos isótopos de oxigênio presentes nos oceanos antigos. Isso revelou que a água do mar antiga foi enriquecida com cerca de 4‱ (4% em partes de mil) a mais de um isótopo pesado de oxigênio (oxigenio com oito protons e dez neutrons, escrito como 18O) que uma água do oceano livre de gelo atualmente.

Como isótopos pesados diminuíram?

Este é o mistério, e o estudo sugere duas explicações. Uma delas é que na água da antiga crosta oceânica havia muito mais interações em alta temperatura capazes de enriquecer o oceano com os pesados ​​isótopos de oxigênio, algo que não há na água do mar de hoje. A outra explicação é que a circulação da água a partir de rochas continentais poderia ter reduzido a porcentagem de isótopos pesados ​​na água do oceano.

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A equipe defende que "o clima continental da terra começou algum tempo depois de 3,2 bilhões de anos atrás e começou a reduzir a quantidade de isótopos pesados ​​no oceano", de acordo com Johnson. Ele também afirma que a ideia de que a circulação de água pela crosta oceânica de uma maneira distinta de como acontece hoje, causando a diferença na composição isotópica "não é sustentada pelas rochas".

Por fim, o geólogo disse que o estudo demonstra que novos modelos podem ser construídos para encontrar novas maneiras quantitativas de resolver um problema - mesmo quando esse problema envolve a água do mar de 3,2 bilhões de anos atrás. Esses modelos podem nos dizer sobre o ambiente em que a vida começou: "sem continentes e terras acima do nível do mar, o único local para os primeiros ecossistemas evoluírem seria no oceano".

Fonte: Terra Daily