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O que aconteceria se a velocidade da luz fosse menor?

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twenty20photos/Envato
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A velocidade da luz no vácuo é, por definição, igual a 299.792.458 metros por segundo. Ela é a entidade que se move mais rápido no Universo e, se fosse menor do que realmente é, a maneira como percebemos o mundo ao nosso redor seria muito diferente

A forma como enxergamos cores e objetos mudaria, assim como a nossa percepção de tempo. As mudanças seriam tão dramáticas que é possível acreditar que a própria vida na Terra fosse comprometida

No campo da Teoria da Relatividade, descrita pelo físico Albert Einstein, um dos postulados considera que a luz é constante e se propaga no vácuo sempre a uma mesma velocidade. Se ela fosse menor do que realmente é, efeitos como a dilatação do tempo e contração do comprimento seriam muito mais perceptíveis. 

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Canaltech conversou com Frederico L. Cabral, físico, cientista da computação e aluno de doutorado do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), que nos contou como poderia ser a nossa percepção sobre o mundo caso a velocidade da luz fosse menor.

Segundo Frederico, se a velocidade da luz fosse igual à velocidade com que andamos durante uma caminhada, por exemplo, perceberíamos efeitos relativísticos muito facilmente. Durante o passeio, o tempo passaria mais lentamente para quem está em movimento — a ponto de, ao final da caminhada, a pessoa que se movimentou estar mais jovem em relação a quem ficou parado.

"Imagine sair de casa para dar uma volta na rua, ir à academia e depois ao shopping. Ao chegar em casa, você descobre que seu irmão gêmeo está mais velho que você. Isso aconteceria se a velocidade da luz fosse apenas um pouco maior do que a velocidade que você correu na esteira da academia, tornando a dilatação temporal perceptível no dia a dia”, propõe o pesquisador. “O tempo desacelerou para você, mas não para seu irmão que ficou em casa", explica.

Além da nossa percepção de tempo ser diferente, também iríamos presenciar um outro efeito relativístico, que é a contração do comprimento. Objetos que cruzassem o nosso caminho pareceriam bem menores do que realmente são — a ponto de você se perguntar como o motorista e os passageiros poderiam caber dentro de um ônibus caso o transporte passasse por você durante sua caminhada, destaca Frederico.

O pesquisador também propõe um exercício de abstração que leva em consideração outro conceito físico: o Efeito Doppler Relativístico. Em linhas gerais, o fenômeno pode ser descrito como a mudança aparente da frequência da luz para objetos que se movem em velocidades relativísticas — o que seria o nosso caso se a velocidade da luz fosse igual à velocidade da nossa caminhada ou a de um carro em movimento, por exemplo.

"Você está na rua num dia de sol, apenas olhando os carros que passam. De repente, você vê um carro branco que estava estacionado começar a se mover na sua direção. Ele fica azul, passa por você e, à medida que se afasta, muda para vermelho.” A essa altura, você deve estar se perguntando como poderia ser possível o carro mudar de cor na sua frente, mas Frederico explica que isso seria possível graças ao Efeito Doppler Relativístico, que seria perceptível se velocidade da luz fosse próxima à velocidade do carro.

Frederico destaca que o Efeito Doppler Relativístico é um princípio fundamental para a astronomia, pois é a partir dele que cientistas podem observar e determinar a velocidade e direção do movimento de estrelas, galáxias e outros corpos celestes. 

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“A partir do desvio para o vermelho (redshift), os astrônomos conseguem medir a expansão do universo, enquanto o desvio para o azul (blueshift) indica objetos que estão se aproximando. Essa ferramenta é essencial para entender a estrutura do cosmos, detectar exoplanetas e comprovar a Teoria do Big Bang”, completa o pesquisador.

Se a velocidade da luz fosse menor, a maneira como percebemos conceitos de idade também seria muito diferente. "No nosso mundo imaginário, as idades das pessoas ficariam completamente diferentes dependendo de seus movimentos”, afirma Fred.

“Depois de um único dia, cada pessoa teria experimentado uma passagem do tempo distinta. A propósito, como saberíamos que se passou um dia se cada pessoa sentiria o tempo de maneira única? Um dia para você poderia parecer apenas algumas horas para um amigo correndo na esteira e talvez várias semanas para um irmão que passou o dia dirigindo”, sugere o pesquisador. 

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Apesar de parecer confuso, Frederico garante: tudo seguiria regras matemáticas precisas da Relatividade de Einstein. “Ainda assim, nossa percepção do tempo nunca mais seria a mesma”, conclui. 

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