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Nova medida mantém o debate sobre a taxa de expansão do universo

Por| 17 de Julho de 2020 às 18h10

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Nova medida mantém o debate sobre a taxa de expansão do universo
Nova medida mantém o debate sobre a taxa de expansão do universo

Astrônomos concordam que o universo está em constante expansão, e que quanto mais longe olharmos, mais rápido as galáxias se afastam. Mas quando o assunto é a taxa exata da expansão, o consenso termina e começa um debate longo e fascinante. É que diferentes métodos utilizados para o cálculo, todos teoricamente corretos, chegam a diferentes resultados.

Agora, uma nova estimativa de uma equipe do Telescópio de Cosmologia de Atacama (ACT), no Chile, reforça ainda mais essa discordância. Este telescópio foi projetado para analisar a radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB, na sigla em ingês), uma radiação quase tão antiga quando o próprio universo. É através dele que outra equipe conseguiu novas evidências para a idade estimada do cosmos.

De acordo com as observações da cosmóloga Simone Aiola e seus colegas, o universo está expandindo uma taxa de cerca de 67,9 km/s para cada megaparsec (3,26 milhões de anos-luz). Ou seja, a expansão do universo aumenta em 67,6 km/s a cada 3,26 milhões de anos-luz que olhamos para o espaço, de acordo com a equipe de Aiola. Isso está alinhado com o resultado anterior obtido pelo telescópio espacial Planck, que estima a taxa de 67,4 km/s por megaparsec (Mpc).

Tanto o ACT quanto o Planck discordam da maioria das demais estimativas que utilizam objetos que emitem luz mais recente que o CMB, como as supernovas, as pulsares Cefeidas e quasares. Todos estes tendem a indicar uma taxa de cerca de 74 km/s para 1 Mpc. Cálculos usando as Cefeidas como referência, por exemplo, sugerem que o valor seria de 73.4 km/s para 1 Mpc.

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A explicação para essa discrepância pode parecer fácil, mas não é. Medições de distâncias através das Cefeidas, por exemplo, costumam ser altamente confiáveis. Mas quando se trata da taxa de expansão, não se pode dizer com certeza qual das técnicas - novamente, todas corretas na teoria - está fornecendo as medidas corretas.

Se nenhuma explicação for encontrada e uma resposta definitiva não for oferecida, os cientistas terão sérios problemas para compreender o universo e como as coisas mudam com o tempo. Entender a própria energia escura, o material invisível que faz com que o universo se expanda a um ritmo acelerado, depende de uma resposta correta.

A equipe internacional do ACT publicou seus resultados na quarta-feira (15) em um documento no arXiv, repositório onde artigos científicos são enviados pelos autores antes de serem revisados por pares e aprovados em periódicos de renome.

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Quanto às pequenas diferenças entre os resultados do Planck e do ACT, podem ser explicadas pela natureza de cada experimento. De acordo com a colaboradora do ACT Erminia Calabrese, cada método foi diferente o suficiente para gerar essa contradição. “O Planck foi para o espaço, ficamos no chão; e quando você fica no chão e tem maior precisão, observa escalas angulares menores, e elas não precisam necessariamente se comportar da mesma maneira”, explicou a professora.

Já as diferenças mais discrepantes entre o método de CMB e o método das luzes mais recentes, ainda aguardamos alguma explicação mais satisfatória. Um algum deles - ou ambos - estão errados em algum lugar, ou talvez haja alguma nova física por aí que nenhum dos lados tenha compreendido. Por exemplo, a expansão pode ocorrer em taxas diferentes em cada parte do universo.

Fonte: BBC