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Gelo nas crateras da Lua pode estar protegido por "escudos magnéticos"

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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viledevil/Envato
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As anomalias magnéticas presentes na Lua podem servir como pequenos escudos magnéticos, protegendo a água congelada nas crateras lunares contra a ação constante do vento solar. É o que propõem autores da Universidade do Arizona em uma nova pesquisa, que trouxe um mapa das anomalias presentes no polo sul lunar. O trabalho foi apresentado na conferência Lunar and Planetary Science Conference.

A primeira evidência de gelo de água em nosso satélite natural foi encontrada em 2018, no interior de crateras nos polos sul e norte da Lua. Ali, o gelo fica sempre nas sombras e pareceu ter sobrevivido à ação da luz solar durante milhões de anos. Só que, embora estas crateras estejam protegidas da luz do Sol, elas não ficam livres das partículas eletricamente carregadas presentes no vento solar.

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O esperado é que o vento já tivesse destruído o gelo há muito tempo, principalmente porque a Lua não tem campo magnético para protegê-la das partículas. Assim, no estudo, os autores produziram um mapa das anomalias magnéticas, formadas por campos magnéticos estranhamente fortes espalhados pelo polo sul lunar. As anomalias se sobrepõem com as crateras polares em sombras permanentes, e podem ter depósitos de gelo.

Para a pesquisa, eles combinaram 12 mapas regionais do polo sul lunar obtidos pela sonda Kaguya, do Japão. O mapa composto mostrou que as anomalias estavam sobrepostas às crateras Shoemaker e Sverdrup, localizadas em regiões de sombras permanentes no polo sul lunar. Apesar de terem apenas uma fração da força do campo magnético da Terra, as anomalias podem ter ação significativa contra o bombardeio de íons do vento solar, atuando como pequenos escudos protetores do gelo.

“Elas podem desviar o vento solar, e acreditamos que podem ser muito significativas para proteger as regiões em sombras permanentes”, explicou Lon Hood, cientista planetário da universidade. Portanto, talvez seja este o segredo por trás da existência de gelo há tanto tempo na Lua, o que pode até transformar as crateras com anomalias em alvos interessantes para explorações futuras e estudos.

Os pesquisadores sabem da existência das anomalias desde as missões Apollo 15 e 16, mas a origem delas é desconhecida. É possível que tenham sido formadas há mais de 4 bilhões de anos, quando a Lua tinha um campo magnético e foi atingida por asteroides ricos em ferro. O material derretido após os impactos pode ter sido magnetizado permanentemente.

Ainda é necessário coletar mais dados para a confirmação do efeito protetor das anomalias e, apesar de não haver nenhuma missão planejada atualmente com este objetivo, Paul Lucey, cientista planetário que não participou do estudo, acredita que o mistério destas crateras precisa ser estudado. “Por que alguns lugares são congelados e outros não? Estes campos magnéticos precisam ser investigados como uma possível explicação”, ressaltou.

O artigo com os resultados do estudo foi publicado no site da conferência.

Fonte: Lunar and Planetary Science Conference; Via: Live Science, Science