Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Gambiarra espacial: sete momentos em que o improviso salvou vidas

Por| 04 de Dezembro de 2019 às 13h43

Link copiado!

NASA
NASA

Uma das frases mais famosas da história da exploração espacial foi imortalizada no filme de 1995, Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo, quando o astronauta John Swigert entrou em contato com o comando terrestre para informar que havia um problema com a missão. “Houston, nós tivemos um problema”, declarou.

Apesar de hoje em dia esta frase ser usada em situações do dia a dia e até como meme, problemas em viagens espaciais são lidados com muita seriedade. O problema em questão da Apollo 13 foi um dos mais sérios já ocorridos na história da corrida espacial, mas não foi o único. Entre o primeiro cosmonauta a fazer uma caminhada espacial até os dias atuais, quando há até problemas de encanamento na ISS, elencamos algumas das soluções mais criativas que astronautas tiveram para resolver algo que fugiu do planejado em uma viagem no espaço.

1. Traje espacial ou balão?

Continua após a publicidade

O cosmonauta Alexei Leonov foi o primeiro a fazer uma caminhada espacial, em 18 de março de 1985. A caminhada em si foi bem sucedida, mas houve um problema: os cientistas russos não previram o efeito do vácuo na roupa espacial, que inflou como um balão conforme o cosmonauta se afastou e depois retornou à nave Voskhod.

A roupa inchou tanto que não apenas os pés e mãos de Leonov saíram das botas e luvas, como ele não conseguiu retornar à cápsula, que estava prestes a reentrar na atmosfera. Para passar novamente pela escotilha de entrada, o cosmonauta liberou um pouco de ar de dentro do seu traje, que demorou um pouco para desinflar, o suficiente para ele sentir as dores da descompressão.

No fim, felizmente, deu tudo certo. Ou quase. Apesar de ter retornado com sucesso para dentro do módulo, Leonov e seu companheiro de missão, Pavel Belyayev, tiveram problema na reentrada. A Voskhod saiu um bom bocado da rota. Eles chegaram à superfície em segurança, mas passaram duas noites de frio até serem encontrados em meio aos montes Urais.

2. Buzz Aldrin salva o dia com uma… caneta!

Continua após a publicidade

Pouca gente sabe, mas a primeira caminhada lunar também quase terminou mal. Ao retornar ao módulo, Buzz Aldrin, o segundo astronauta a pisar na Lua, notou que um disjuntor essencial para a decolagem na saída do satélite havia caído. Um interruptor estava quebrado, e eles precisariam dar uma de eletricista para voltar à Terra.

Enquanto os controladores na Terra buscavam uma solução remotamente, Aldrin e Neil Armostrong começaram a vasculhar o módulo lunar em busca de algo que pudesse resolver o problema. Buzz pensou, então, que se enganchasse uma ponta de caneta sem tinta ao interruptor quebrado, conseguiria fazer os conectores se tocarem. E, assim, eles conseguiram retornar para casa.

3. Houston, tivemos um problema

Continua após a publicidade

O mais famoso problema espacial foi relatado no filme citado no início deste texto. A Apollo 13 deveria ter levado mais astronautas à Lua, mas acabou apenas dando algumas voltas no satélite natural e retornando à Terra, depois que um tanque de oxigênio explodiu no segundo dia de missão, em pelo espaço.

Para sobreviver, os astronautas se confinaram no módulo lunar, que já era apertado para apenas duas pessoas - afinal, serviria apenas para levar dois astronautas até a Lua e de volta. Enquanto isso, os controladores na Terra buscavam um meio de improvisar um purificador de ar que pudesse ser construído com objetos presentes na espaçonave.

Eles tinham quatro dias até a reentrada. E conseguiram: com duas latas de hidróxido de lítio, capas do plano de voo, sacos plásticos, fita adesiva e uma meia molhada, o purificador improvisado retirou uma boa quantidade de dióxido de carbono e permitiu aos astronautas retornarem ao módulo de controle para a reentrada.

Continua após a publicidade

4. Golfe na Lua

A quarta gambiarra não foi exatamente uma necessidade para resolver um problema espacial. Na realidade, não houve problema algum, mas um capricho de Alan Shepard, que havia sido o primeiro americano a ir para o espaço, e participou da missão Apollo 14, também.

Depois de uma exaustiva caminhada coletando amostras lunares, Shepard chamou os controladores na Terra: “Houston, talvez vocês reconheçam o que eu tenho na mão?”, perguntou. Sem uma resposta positiva, o astronauta seguiu. “Eu tenho um taco número seis genuíno”, explicou, antes de pegar uma bolinha e deixar cair no solo.

Continua após a publicidade

Shepard estava preparado para jogar. Além do taco - genuíno, um Wilson Staff -, o astronauta levara duas bolas. A primeira não foi muito longe, mas a segunda tacada foi das boas, até mesmo com um efeito de curva na bola.

5. Antenas improvisadas

Era abril de 1985, e a tripulação do Discovery fez todo o trabalho para implantar o satélite LEASAT-3 no ônibus espacial, mas não teve sucesso. As antenas não ficaram fixas. Para não perder um satélite de US$ 85 milhões, os astronautas passaram a trabalhar em uma solução: uma vara de metal, na qual foram coladas as tampas de plástico dos manuais da espaçonave e com um apoio de metal. O dispositivo foi apelidado de “mata-moscas”.

Continua após a publicidade

Depois de mais uma caminhada espacial para implantar a gambiarra, mais um fracasso. Foi só em agosto que os astronautas de outra missão conseguiram instalar um novo módulo no satélite, e ainda sim ele foi devolvido à órbita terrestre em pleno funcionamento.

6. Barbeiragem espacial

Em junho de 1997, o cosmonauta Vasili Tsibliyev tentava atracar manualmente a estação espacial Mir com a nave não tripulada Progress quando ocorreu um acidente espacial. Por um erro de cálculo, a Progress colidiu com a estação, disparando o alarme mestre e causando um vazamento de ar, que começou a reduzir a pressão.

Continua após a publicidade

Enquanto o astronauta americano Michael Foale apenas seguiu o protocolo e embarcou na cápsula Souyz para seguir com os procedimentos de fuga, seus parceiros russos, que tinha ainda Aleksandr Lazutkin, além do responsável pelo acidente, correram para tentar resolver as coisas de outra maneira.

Lazutkin percebeu que o acidente havia atingido apenas uma área específica da estação. Então, a solução era vedar o módulo danificado e salvar todo o resto. Foi o que ele fez. Mas, para isso, ele precisou desconectar as dezenas de fios e cabos que ligavam aquela área ao restante da estação.

No desespero, o cosmonauta notou que alguns fios não cederiam tão fácil. Ele pegou uma faca de cozinha e cortou os fios restantes, fechando a escotilha e salvando a estação Mir. Que, aliás, teve outros episódios que quase terminaram em tragédia, mas nenhum com um desfecho tão criativo e curioso ao mesmo tempo.

7. Dedo no buraco

Continua após a publicidade

A lista se fecha com um incidente bastante recente. Em 31 de agosto do ano passado, um objeto espacial atingiu o módulo orbital da Soyuz e fez um pequeno buraco em uma das paredes da estação. Apesar de bem pequeno, qualquer furo pode ser fatal em um gigantesco veículo espacial. O ar que está dentro vai naturalmente sair.

Os astronautas teriam cerca de 18 dias para evitar que todo o ar do módulo fosse embora. Bastante tempo, mas quanto mais ar escapasse, pior para eles. Foi Alexander Gerst, astronauta europeu, quem teve a ideia de simplesmente colocar o dedo no pequeno furo de 2 mm para manter o ar dentro do módulo. Enquanto isso, seus companheiros trabalharam em uma solução, primeiro com uma fita adesiva e depois com epóxi.

Gerst, então, tornou-se o primeiro ser humano a realmente “tocar” o espaço sem um traje espacial, mesmo que o contato tenha sido apenas de cerca de dois milímetros de pele com o vácuo.

Continua após a publicidade

Fonte: Space.com, BBC, IFL Science