Estrela pode ter ficado mais perto da Terra que a sonda Voyager 1
Por Danielle Cassita • Editado por Luciana Zaramela | •
Pesquisadores podem ter descoberto o porquê de alguns objetos no Sistema Solar terem órbitas tão estranhas. Segundo novos estudos liderados por Susanne Pfalzner, astrofísica do instituto de pesquisa Forschungszentrum Jülich, na Alemanha, estes movimentos foram causados por uma estrela visitante que se aproximou demais do nosso sistema.
Os dados mostraram que a estrela poderia ter o equivalente a 0,8 massa solar e teria ficado a apenas 110 unidades astronômicas do Sol, ou seja, 110 vezes a distância entre a Terra e o astro. Para comparação, a estrela estaria mais perto da Terra do que a Voyager 1, sonda lançada em 1971 e que está a 164 unidades astronômicas de nós.
Pode até parecer que a distância é grande, mas, na verdade, é como se o astro tivesse passado “de raspão” por nosso sistema. Segundo os autores, uma perturbação do tipo pode explicar as órbitas incomuns dos objetos transnetunianos, aqueles que ficam mais distantes que Netuno.
Pfalzner explica que muitos deles se movem em órbitas excêntricas inclinadas em relação ao plano orbital comum dos planetas no Sistema Solar. Em outras palavras, as órbitas deles estão inclinadas de forma inexplicável.
A equipe suspeitou que a gravidade de algum intruso poderia estar por trás do fenômeno, e realizaram mais de 3 mil simulações. Os resultados mostraram que, de fato, a visita de algum objeto poderia explicar o porquê de alguns objetos transnetunianos terem órbitas retrógradas (ou seja, seguem na direção inversa em relação às dos planetas no Sistema Solar).
Além disso, o encontro também poderia ter afetado a órbita de Febe, lua de Saturno que tem órbita retrógrada e é estranhamente distante. Aliás, Júpiter e Netuno também têm satélites naturais com estas características. O que elas têm em comum é que podem ter sido objetos transnetunianos que foram “empurrados” pela estrela.
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“Alguns desses objetos poderiam ter sido capturados pelos planetas gigantes como luas”, sugeriu o coautor Simon Portegies Zwart. “Isso explicaria por que os planetas externos do nosso Sistema Solar têm dois tipos diferentes de luas”, finalizou.
O artigo com os resultados do estudo foi publicado nas revistas Nature Astronomy e The Astrophysical Journal Letters.
Fonte: Nature Astronomy, The Astrophysical Journal Letters, Forschungszentrum Juelich