Destroços misteriosos que caíram em chamas na Austrália podem ser foguete chinês
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Destroços misteriosos que caíram na Austrália Ocidental estão chamando a atenção das autoridades locais. Análises iniciais indicam que os fragmentos de fibra de carbono podem ser de um foguete chinês.
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De acordo com a Polícia da Austrália Ocidental, o objeto foi encontrado por mineiros na tarde de 18 de outubro, ainda em chamas, em uma estrada de acesso remoto.
Tanto a polícia quanto a Agência Espacial Australiana informaram, desde os primeiros registros, que se tratava de um destroço de tanque de uma nave espacial e que novas investigações estão sendo conduzidas para determinar sua origem exata.
“A Agência Espacial Australiana está trabalhando junto às autoridades locais em relação aos supostos detritos espaciais descobertos na região de Pilbara, na Austrália Ocidental. Os destroços provavelmente são um tanque de propelente ou um vaso de pressão de um veículo de lançamento espacial”, destacou a agência em uma publicação na sua conta oficial no X (antigo Twitter).
Foguete chinês lançado em 2024
Especialistas em astronomia afirmam que o objeto pode ser um fragmento do foguete chinês Jielong-3, lançado em setembro de 2024. Segundo o analista espacial Marco Langbroek, o artefato se assemelha a um vaso de pressão composto revestido (COPV).
Esse dispositivo é usado para armazenar gases e líquidos de alta pressão em naves espaciais, e frequentemente sobrevive à reentrada atmosférica.
“Um possível candidato para a origem deste aparente detrito espacial é o estágio superior chinês Jielong-3. Este objeto reentrou em 18 de outubro, embora nenhum TIP (Tracking and Impact Prediction, ou ‘Previsão de Rastreamento e Impacto’) tenha sido emitido pelo CSpOC (Combined Space Operations Center, ou ‘Centro de Operações Espaciais Combinadas’)”, escreveu Langbroek em uma postagem em seu blog (sattrackcam.blogspot.com).
Em contato com o The Guardian, a arqueóloga espacial e professora associada da Universidade Flinders, Alice Gorman, também destacou que o fragmento pode ser parte do quarto estágio do veículo chinês, que orbitava a Terra há algum tempo.
“Não havia nenhuma indicação de que ele iria reentrar agora, então as pessoas não esperavam por isso. Quando fui procurar previsões de reentrada, não consegui encontrar nada, o que é uma indicação de que isso foi repentino”, afirmou Gorman.
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Fonte: The Guardian