Cortes na NASA | Mais de 20% dos funcionários da agência espacial são demitidos
Por João Melo • Editado por Melissa Cruz Cossetti |

Mais de 20% dos funcionários da NASA participaram do Programa de Demissão Deferida (DRP) e foram desligados da agência espacial norte-americana. Até a última sexta-feira (25), cerca de 3.780 trabalhadores haviam aderido às duas fases do programa.
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O DRP oferece aos trabalhadores da agência a opção de se demitir em troca de uma compensação financeira. Esses funcionários são colocados em licença administrativa remunerada até uma data de saída previamente acordada.
Em contato com a CBS News, a NASA informou que cerca de 870 funcionários solicitaram a demissão na primeira rodada da iniciativa, enquanto outras 3.000 pessoas se candidataram na segunda fase. Com o total de demissões, o número de empregados da agência caiu de 18 mil para aproximadamente 14 mil.
"A segurança continua sendo uma prioridade máxima para nossa agência, enquanto equilibramos a necessidade de nos tornarmos uma organização mais simplificada e eficiente, e trabalhamos para garantir que continuemos totalmente capazes de buscar uma Era de Ouro de exploração e inovação, incluindo a Lua e Marte", disse a porta-voz da NASA, Cheryl Warner, em comunicado.
Essa iniciativa foi proposta pelo Departamento de Eficiência Governamental da Casa Branca no início do governo Trump e tem como objetivo reduzir custos em diversas áreas do setor público.
Uma proposta de orçamento divulgada pela Casa Branca em maio de 2025 indicou que o financiamento federal à NASA seria reduzido em cerca de 25% no ano fiscal de 2026 — uma queda de US$ 24 bilhões para US$ 18 bilhões.
Cartas de protesto
Legisladores do Comitê de Ciência, Espaço e Tecnologia da Câmara dos Representantes enviaram uma carta ao administrador interino da NASA, Sean Duffy, acusando-o de agir além de sua autoridade ao implementar cortes antes da aprovação de um orçamento final.
"Agora parece que a agência pretende implementar cortes de financiamento que nunca foram promulgados pelo Congresso, a fim de 'alinhar' o orçamento atual da agência com o orçamento de corte e queima proposto pelo governo Trump para o próximo ano fiscal — aparentemente sem nenhuma preocupação com a devastação que será causada por demissões em massa, encerramentos generalizados de programas e o possível fechamento de centros e instalações essenciais", escreveram os parlamentares no documento.
Cerca de 300 astronautas, engenheiros e cientistas da agência também assinaram a “Declaração Voyager”, protestando formalmente contra os cortes orçamentários, o cancelamento de missões em desenvolvimento e as mudanças organizacionais na instituição.
Na declaração, os funcionários alertam que interferências políticas e reduções abruptas no orçamento podem comprometer décadas de progresso nas áreas de exploração espacial, aeronáutica e ciência climática.
Manifestação contra os cortes
No dia 20 de julho, cerca de 100 funcionários da NASA se reuniram em frente ao Museu Nacional do Ar e Espaço (National Air and Space Museum, do Smithsonian), em Washington, para protestar contra os cortes orçamentários e as demissões em massa na agência.
"Eles estão dizendo a todos abaixo deles para aceitarem o Programa de Demissão Deferida agora. Para abandonarem o barco. Isso vai enfraquecer a NASA e os Estados Unidos”, afirmou Marshall Finch, funcionário da agência, ao site Space.com durante a manifestação.
Os participantes do protesto descreveram sentimentos de medo e incerteza dentro da agência. Muitos relataram estar desmoralizados diante da atual situação institucional.
“Ver toda essa fuga de cérebros partir sem nenhum tipo de plano reserva, nenhuma estrutura, tem sido simplesmente deprimente”, declarou Julie, nome fictício de uma funcionária que preferiu não se identificar.
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