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Campo magnético de aglomerado galáctico pode dobrar jatos de buraco negro

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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ESO/L. Calçada
ESO/L. Calçada

Alguns buracos negros supermassivos nos centros das galáxias são ativos e ejetam jatos relativísticos a milhares, ou até milhões de anos-luz de distância no espaço intergaláctico. E alguns deles podem ser muito estranhos, como é o caso dos jatos encontrados na galáxia MRC 0600-399 — eles fazem curvas bizarras e se dividem na forma de T, e um novo estudo sugere que isso é causado por campos magnéticos gigantescos.

Embora galáxias sejam muito distantes umas das outras, mesmo as que fazem parte de um mesmo grupo, um aglomerado galáctico cria interações entre elas que podem ser observadas em raios-X. Em outras palavras, elas formam uma estrutura hierárquica que só pode ser percebida se observada em grande escala. Um desses aglomerados é o Abell 3376, do qual a galáxia MRC 0600-399.

Assim como as galáxias em si, os aglomerados possuem um campo magnético, e os poderosos jatos relativísticos de um buraco negro podem não ser imunes à influência desse campo. Ao menos parece ser o caso dos jatos disparados pelo buraco negro no centro da MRC 0600-399, de acordo com um novo estudo publicado na revista Nature.

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Bem, se considerarmos que a própria formação dos jatos relativísticos pode estar relacionada ao magnetismo do buraco negro, e que os jatos se estendem a distâncias muito superiores à extensão de suas galáxias, parece razoável concluir que um campo magnético ainda maior de um aglomerado de galáxias é capaz de interferir no formato dos jatos.

Já se conhecia o estranho formado dos jatos relativísticos nesta galáxia, mas os astrônomos ainda não chegaram a um consenso sobre a causa de algo tão incomum. Com o rádio telescópio MeerKAT na África do Sul, os autores do novo estudo conseguiram observações em resolução muito maior que as obtidas até então. Ao examinar as imagens, eles confirmaram que os jatos se dobram em ângulos de quase 90 graus, como já havia sido observado antes, mas dessa vez havia algo singular: regiões difusas em ambos os lados do ponto em que o jato se curva, criando uma forma de T.

Para entender melhor o que estavam observando, a equipe fez simulações para tentar reproduzir a forma do jato. Eles descobriram que um jato de buraco negro poderia ser incapaz de ultrapassar uma camada curva de campo magnético, o que resulta em uma curvatura que acompanha a forma do próprio campo magnético — mais ou menos como um jato de água quando atinge uma superfície sólida, como vidro.

Essa não é a única explicação possível, mas é uma das que melhor atende a todas as características dos jatos e o formato das curvaturas. Caso a hipótese esteja correta, seria uma descoberta fascinante, porque demonstra como a presença de campos magnéticos colossais em aglomerados de galáxias podem influenciar o ambiente contido dentro de seus domínios. A pesquisa também pode ajudar a entender melhor a dinâmica de aglomerados galácticos.

Fonte: Science Alert