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Astrônomos flagram buraco negro "escondido" devorando uma estrela

Por| Editado por Patricia Gnipper | 05 de Maio de 2023 às 14h28

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ESO/M. Kornmesser
ESO/M. Kornmesser

Um buraco negro supermassivo foi flagrado enquanto se alimentava de uma estrela em circunstâncias incomuns. Agora, os astrônomos cogitam que muitos outros eventos semelhantes tenham ocorrido antes e passaram despercebidos — e a culpa é das nuvens de poeira.

Quando uma estrela se aproxima muito de um buraco negro, ela é despedaçada em um processo extremo conhecido como ruptura de marés (TDE, na sigla em inglês), liberando enormes quantidades de energia em vários comprimentos de ondas.

Normalmente, esses eventos são muito brilhantes em raios-X, ultravioleta e luz visível, então é isso que os astrônomos procuram quando querem encontrar um TDE. Contudo, essa técnica revelou refeições de buracos negros apenas em galáxias de baixa formação de novas estrelas.

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Isso sempre pareceu estranho, para dizer o mínimo, porque as galáxias onde novas estrelas são produzidas em taxas mais altas possuem mais “comida” para os buracos negros supermassivos em seus núcleos. Mas não era isso que os cientistas estavam encontrando e ninguém sabia porquê.

A nova explosão, batizada de WTP14adbjsh, não apareceu em raios-X, ultravioleta ou luz óptica, pois havia uma grande nuvem de poeira bloqueando a radiação emitida enquanto o buraco negro despedaçava a estrela. A única luz que consegue atravessar essas nuvens é a infravermelha, e foi exatamente isso que os astrônomos viram.

O local onde o evento ocorreu é a galáxia NGC 7392, localizada a cerca de 137 milhões de anos-luz da Terra; portanto, esse é o TDE mais próximo de nós já observado até o momento. O buraco negro supermassivo no centro da galáxia tem cerca de 30 milhões de vezes a massa do Sol.

Essa galáxia tem coloração azulada, pois apresenta uma alta taxa de formação de estrelas — e talvez ela explique a ausência de TDEs em outras galáxias do seu tipo. A maioria dos eventos parecidos foram detectados em galáxias vermelhas ou verdes, que apresentam uma taxa de formação estelar baixa.

Galáxias azuis, no entanto, deveriam experimentar uma quantidade muito maior de eventos TDE pelo simples fato de possuírem mais estrelas para alimentar o buraco negro central. Outra curiosidade é que o WTP14adbjsh poderia ter apresentado uma quantidade muito maior de tipos de radiação, o que não aconteceu. O evento só foi descoberto graças ao infravermelho.

Considerando que os TDE anteriores foram sempre observados em raios-X, ultravioleta e luz visível, o WTP14adbjsh poderia ter sido facilmente confundido com algum outro tipo de evento mais relacionado ao infravermelho. Por isso a equipe da descoberta considera que, talvez, outros TDE parecidos com esse podem ter sido detectados antes, mas ninguém percebeu que se tratava um buraco negro dilacerando uma estrela.

Se isso estiver correto, os astrônomos poderão analisar dados à procura de algo semelhante ao sinal associado ao WTP14adbjsh. Caso encontrem outros eventos idênticos, o mistério da ausência de TDEs em galáxias azuis estará solucionado: elas estavam lá o tempo todo, mas as nuvens de poeira bloquearam a radiação emitida.

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As descobertas foram publicadas no The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: The Astrophysical Journal LettersMIT