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Asteroides potencialmente perigosos podem se esconder na sombra de Júpiter

Por| 30 de Setembro de 2019 às 19h00

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Um grupo de asteroides e cometas que orbitam na sombra de Júpiter pode representar uma ameaça para a Terra. Embora estejam bem distantes, algumas mudanças significativas em suas órbitas podem fazer com que as rochas espaciais voem em direção ao nosso planeta ou nossos vizinhos. Essa é a conclusão de um estudo liderado por Kenta Oshima, pesquisador do Observatório Astronômico Nacional do Japão. Ele identificou pelo menos um objeto que poderia sofrer essa mudança orbital.

Identificar e monitorar outros objetos escondidos nessa população de corpos celestes pode ajudar a identificar perigos potenciais para a Terra com bastante antecedência. Aí entra a importância de estudos como este. "Apontamos a possibilidade de que populações de asteroides potencialmente perigosos não detectados existam em locais de alta inclinação", escreveu Oshima.

Júpiter é o maior planeta do Sistema Solar, e sua enorme força gravitacional acaba por atrair muitos objetos para perto de si. Alguns deles, como suas luas, estão gravitacionalmente ligados a ele, mas outros seguem uma órbita semelhante à do próprio planeta, circulando o Sol. Estes viagem pelo espaço em um ângulo de mais de 40 graus em relação ao plano do Sistema Solar, e isso faz com que eles tenham uma órbita quase circular. Essas características de suas rotas os mantêm bem afastados de nós, mas é possível que isso mude.

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Muitos desses objetos são difíceis de ver da Terra, porque estão escondidos na sombra do gigante gasoso. Enquanto suas órbitas são estáveis, isso não é um problema, porém se essas órbitas mudarem eles podem entrar em um caminho de colisão com a Terra ou com os outros planetas internos. Claro, se isso acontecer, eles se tornarão visíveis para os observadores de plantão, mas o perigo que eles representam significa que os astrônomos podem trabalhar para identificá-los agora, antes que se tornam de fato uma ameaça, conforme afirma Oshima em seu artigo.

O pesquisador já identificou um objeto que pode se tornar perigoso, denominado 2004 AE9. O asteroide orbita a cerca de 1,5 UA (uma UA, ou unidade astronômica, é a distância entre a Terra e o Sol) no percurso de Júpiter. Mas ocasionalmente ele passa por Marte, chegando a 0,1 UA. A órbita do asteroide se alterou ao longo do tempo, e isso não apenas o aproximou do plano do Sistema Solar, tornando-se menos inclinado, como também sua rota se tornou mais excêntrica - ou seja, não é mais tão circular.

Ainda não há perigo de o objeto colidir com a Terra em um futuro próximo, mas um dia ele poderá mudar sua órbita o suficiente para deixar Júpiter e colidir com um planeta rochoso. "Os objetos que se movem originalmente em órbitas altamente inclinadas e quase circulares, têm uma baixa probabilidade de impacto", disse Carlos de la Fuente Marcos, que estuda a dinâmica do Sistema Solar na Universidade Complutense de Madri, na Espanha. "Se eles se tornarem instáveis e a inclinação for trocada por excentricidade [ou seja, um percurso elíptico], a rota pode se tornar um cruzamento de planetas com uma inclinação baixa, o que se traduz em uma maior probabilidade de impacto".

De acordo com de la Fuente, vale a pena “ficar de olho” nesses asteroides e cometas, catalogando cada um deles e realizando um "censo", para "conhecer melhor o tamanho real dessa população potencialmente perigosa". Para ele, "se forem numerosos, o perigo pode ser potencialmente alto, mas se forem escassos, o perigo pode ser completamente insignificante". 

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Fonte: Space.com