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X-Men '97 | Como o novo desenho expõe o grande problema dos mutantes nos cinemas

Por| Editado por Durval Ramos | 20 de Março de 2024 às 17h00

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Reprodução/Fox, Marvel Animation
Reprodução/Fox, Marvel Animation
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X-Men ‘97 é uma das melhores produções do Marvel Studio e um grande acerto por parte da divisão de animações do estúdio. Trabalhando muito bem as suas histórias, assim como já acontecia no desenho animado original dos anos 90, a nova série também expõe um problema das adaptações live action do time de mutantes até agora — a forma como alguns de seus heróis foram caracterizados.

A estreia do seriado, com dois episódios logo de cara, mostra como alguns dos temas mais importantes dos personagens podem ser abordados, mas principalmente, como os próprios personagens deveriam ser retratados no cinema.

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X-Men é um time com vários heróis

Existe uma animação bem interessante da Marvel chamada Wolverine e os X-Men. Lançada em 2009, ela mostra acontecimentos em que, após o desaparecimento de Charles Xavier, o grupo de mutantes se dissolve e Logan tenta reunir o time mais uma vez.

Esse desenho foi lançado no auge do sucesso de Hugh Jackman como Wolverine, fazendo com que o personagem, que já era imensamente popular nos quadrinhos, acabasse ganhando filmes solo e se tornando o mais importante mutante aos olhos do público. Então, não era bizarro ver uma história sobre os X-Men com o grupo relegado a coadjuvante do grande herói, Logan.

Wolverine é, realmente, um personagem muito interessante e merece a sua popularidade, mas ela trouxe um problema para o cinema e para várias outras mídias que tentaram adaptar os mutantes de alguma forma, que é focar demais suas histórias em um personagem só.

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O primeiro X-Men é uma boa adaptação para a sua época, mas ainda é um longa com vários problemas. O principal está em relegar praticamente todos os personagens importantes para uma posição de coadjuvantes de luxo. Ciclope e Tempestade, dois dos personagens mais importantes não somente dos X-Men, mas de toda a Marvel, são deixados de lado,sendo tratados ou como um bonzinho que o Wolverine quer talaricar, ou como a mutante que solta raio e frases de efeito ruins. Jean Grey parece ter recebido mais destaque pelo fato da admiração que Logan tem por ela, logo, sua proximidade permite que ela tenha um papel maior.

X-Men é um bom filme do Wolverine, mas um longa bem qualquer coisa do time de mutantes. X-Men 2 e X-Men: Primeira Classe podem ser considerados os únicos filmes que realmente tentam adaptar a dinâmica que faz os quadrinhos funcionarem.

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Entre lutas que envolvem seres do espaço, lutas épicas, viagens no tempo e momentos de vida e morte para toda a humanidade, X-Men é a história de pessoas excluídas por serem de um jeito e que encontram uma nova família para chamar de sua.

O time é uma grande família, onde todos, de alguma forma, são importantes. A animação, tanto a original dos anos 1990, quanto X-Men ‘97, tem um pouco mais de destaque para Ciclope, o líder real do grupo, mas todos os personagens têm seu momento de brilhar.

Todos conseguem trabalhar juntos e são bem desenvolvidos, algo que, pela escolha de focar em apenas um ou dois personagens, os filmes falham. Em qual filme vemos os X-Men de fato agindo como uma família? Jean Grey e Ororo Monroe praticamente cresceram juntas na escola, mas você quase nunca vê as duas conversarem com esse nível de intimidade.

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Em dois episódios de trinta minutos cada, X-Men ‘97 consegue mostrar isso, inclusive com o Wolverine sendo muito legal ali no meio como coadjuvante.

Nem tudo é soco e poder

A animação dos mutantes entrega de bandeja para a própria Marvel o que ela deve fazer quando os X-Men de fato chegarem ao universo cinematográfico da empresa — lembrando que X-Men ‘97 não faz parte do MCU. Todos os elementos que fazem os X-Men funcionarem estão ali, seja na forma como os personagens interagem, as histórias que podem ser abordadas e a forma como eles podem ser vistos dentro desse universo compartilhado.

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Em apenas dois episódios, a maior ameaça contra os mutantes é a raça humana e o preconceito que eles sofrem por simplesmente existirem. Apesar de as adaptações para o cinema tocarem nesse tópico, que é sensível mas extremamente importante para o significado dos X-Men além de “um monte de gente com roupa colorida e poderzinho”, elas nunca entram de cabeça no assunto.

X-Men 3: O Confronto Final tenta abordar isso, trazendo em sua trama a criação de uma cura para os poderes dos mutantes, mas não demora muito para que isso seja deixado de lado para mostrar Jean Grey despertando o poder da Fênix e, depois de eliminar Ciclope como se ele fosse um nada, precisa ser impedida pelo único herói possível, Wolverine.

Muitos dos problemas das adaptações de quadrinhos para cinema é que existe uma fórmula em que todos os conflitos são resolvidos no soco. Você dificilmente verá um filme de super-herói que não tenha um vilão ou monstro para dar porrada no final. O conflito é sempre físico.

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A animação dos X-Men já abre a possibilidade de isso acontecer em seus episódios simplesmente por trabalhar esse lado, ironicamente, mais humano dos seus personagens. O desenho original tem episódios em que a ação é segundo plano para os dilemas que os mutantes enfrentam.

O Marvel Studios tem uma oportunidade incrível nas mãos de fazer X-Men ser muito mais do que o esperado nos cinemas, simplesmente observando algo que eles já fizeram na animação. Sei que é difícil de acontecer, já que o estúdio não é muito conhecido por assumir riscos, principalmente agora, mas assistir aos primeiros episódios de X-Men ‘97 me deixaram esperançoso.

Potencial para isso esses heróis já mostraram que têm de sobra.