Três Graças: por que novela da TV Globo se passa em São Paulo?
Por Paulinha Alves |
Estreia na TV Globo no próximo dia 20 de outubro Três Graças, novela escrito por Aguinaldo Silva (Senhora do Destino) que irá substituir o remake de Vale Tudo na faixa das 21h.
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Retorno do autor ao horário nobre, após um hiato de sete anos desde O Sétimo Guardião, o folhetim conta a história de Gerluce (Sophie Charlotte), Lígia (Dira Paes) e Joélly (Alana Cabral), três gerações de mulheres de uma mesma família que compartilham a sina da gravidez na adolescência e do abandono de seus companheiros.
Personagens batalhadoras e moradoras de uma comunidade periférica, elas têm suas vidas entrelaçadas a da poderosa família Ferette, um clã que comanda uma fundação que engana a população local fingindo distribuir medicamentos de alto custo gratuitamente quando na verdade seus comprimidos não passam de placebo.
Cidade reflete disputa de poder da novela
Embora seja mais uma vez focada em personagens femininas, uma constante nas novelas de Aguinaldo Silva, Três Graças tem logo de partida um diferencial em relação aos outros folhetins do autor.
Ao invés de ser ambientada no Rio de Janeiro ou em cidades fictícias do interior do Brasil – como a Greenville de A Indomada –, a novela tem como principal cenário a caótica e veloz São Paulo. Uma escolha que, mais do que curiosa, é condizente com a proposta da novela, apontada pelo diretor artístico Luiz Henrique Rios como um grande dilema ético que existe no Brasil: quanto vale a vida e para quem a vida vale?
“Eu acho que se essa novela se passasse onde no início seria – o Rio de Janeiro –, ela estaria em um lugar em que a violência tem um caráter distinto. Ir para São Paulo nos permitiu contar esta novela de forma mais próxima do centro de onde se dá essa disputa [de poder]”, esclareceu Rios durante a coletiva de imprensa de Três Graças em que o Canaltech esteve presente.
De acordo com o diretor, São Paulo oferece um universo muito interessante, múltiplo e intenso de existências; características todas presentes na novela. E, além disso, reflete um espaço muito específico de poder da elite brasileira. Algo que promete ganhar representação na trama com os personagens de Murilo Benício e Grazi Massafera, que dão vida, respectivamente, ao empresário e político Santiago Ferette, e sua sócia e amante, a socialite sem escrúpulos Arminda.
Realidade periférica é ponto chave da trama
Outro ponto levantado pelo diretor é o fato de Três Graças se passar na fictícia Chacrinha, uma favela em que vivem muitas pessoas que batalham dia após dia e não perdem a esperança.
“A periferia [de São Paulo] é também muito múltipla, então ela permite que a gente construa uma periferia específica que fale de muitas periferias”, esclareceu Rios.
Segundo o diretor, não à toa, algumas cenas da novela foram gravadas em Brasilândia, um complexo de favelas na zona norte de São Paulo em que há quase 250 mil pessoas vivendo em uma área de quase 10 km² de autoconstrução, autoexistência e autorregulação.
“Ali o estado agora participa, mas demorou muito a aparecer. E aquelas pessoas construíram e deram conta de suas vidas. Diferente de quase todos nós, que de alguma maneira [tivemos] alguém que construiu a nossa casa, alguém que colocou a nossa água, alguém que instalou a nossa luz”, refletiu.
Longe de querer romantizar situações de descaso e pobreza, a novela pretende, portanto, retratar a realidade desses lugares sob um viés mais esperançoso e iluminado.
“O Brasil entende a favela como um lugar de carência, um lugar de falta. Eu acho que, de alguma maneira, o Aguinaldo propõe um lugar de força. Um lugar onde as pessoas realizam a sua existência com fé, profunda esperança e muita vontade de poder ser feliz”, finalizou o diretor.
Contando ainda com Rômulo Estrela, Andréia Horta, Marcos Palmeira e Arlete Salles no elenco, Três Graças estreia em 20 de outubro na tela da TV Globo.
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