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Preview Arcane | Série de LoL na Netflix é a consumação de uma era

Por| Editado por Bruna Penilhas | 06 de Novembro de 2021 às 23h00

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Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix

Existe uma máxima que todos os fãs de League of Legends já ouviram, ou já falaram, sobre o universo do jogo: “Se a Riot fizesse um filme ou uma série…”. Assim, chega Arcane, série animada da Netflix que se passa antes do momento atual do MOBA. O Canaltech teve acesso aos 4 primeiros episódios da animação, e o sentimento é de surpresa e satisfação.

O projeto também tem o envolvimento da Fortiche Production, mesmo estúdio de animação que trabalhou com a Riot Games em outras colaborações, incluindo o clipe musical do lançamento de Jinx, chamada "Get Jinxed", de 2013. Essa parceria de longa data com o estúdio também ainda inclui os clipes de "RISE", o tema do Mundial de 2018, "POP/STARS", da banda de K-Pop K/DA, a animação de lançamento do campeão Ekko e "Warriors", tema do Worlds de 2014 e uma das músicas mais icônicas de LoL. Com uma parceria já consagrada, não tinha como Arcane errar neste quesito.

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Na série, acompanhamos a história de Vi e Jinx, no caminho para se tornarem as campeãs que são no universo do game. As irmãs se tornam opostos e representam dois lados de uma mesma história. Criadas em Zaun, a cidade subterrânea que fica abaixo de Piltover, a capital da ciência em Runeterra, elas são inimigas na cronologia atual. Em Arcane, saberemos mais sobre o passado de ambas.

Além das duas irmãs, também podemos ver a origem dos personagens Jayce, Viktor, Caitlyn e Heimerdinger. Caitlyn, principalmente, é uma parte essencial nisso tudo. A futura xerife da cidade é parceira de Vi nos Defensores de Piltover e as duas têm como uma das principais obrigações impedir as maluquices que Jinx apronta por aí.

Em Arcane, acompanhamos versões ainda crianças de Vi e Jinx, que vivem como marginais na subferia, que ainda não possui o nome de Zaun. A sequência inicial do primeiro episódio dá o tom da animação. Ela não é fofinha, divertida, ou feita para você assistir com alguém mais novo. Já nos primeiros segundos da série, podemos ver a brutalidade que fica escondida no meio do universo fantástico criado pela Riot Games.

Apesar do começo impactante, somos logo jogados para Vi, Powder e sua trupe. Powder? Sim, Powder. Esse é o nome dado para Jinx quando ainda era criança. Mesmo com um nome extremamente sugestivo, a personagem não tem de longe a psicopatia ou força que Jinx demonstra no jogo. Em Arcane, ela ainda é uma garotinha que se esconde atrás de sua irmã super protetora. E os três primeiros episódios da série colaboram para dar o tom na virada de chave para Power se tornar Jinx e abraçar o caos que existe dentro de si.

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Ainda temos uma prévia do que Jinx é capaz de fazer, com suas loucuras saltando para fora da tela da mesma forma que os rabiscos doidos da campeã aparecem sempre em suas invenções e na sua identidade visual. Arcane não poupa esforços para mostrar o quão quebrada Jinx está se tornando e quanto sua paixão maníaca por explosões e caos é algo que não atrapalha só a vida da personagem, mas de todos ao seu redor.

Inclusive, vale mencionar que as vozes originais dos personagens estão presentes aqui, tanto em inglês quanto em português, algo que com certeza vai agradar aos fãs do game. Para mim, foi até estranho assistir à sequência inicial de Arcane em inglês e não ouvir a voz que eu conhecia da Vi. Ao selecionar a dublagem nacional, e no momento em que as vozes brasileiras foram aparecendo, senti meu coração acalmar e entendi que a minha experiência com Arcane seria mais proveitosa ouvindo as vozes que eu tanto escuto enquanto estou jogando LoL. Caso você também jogue o game em português, recomendo que você faça o mesmo quando for conferir a animação.

Em uma cena em que os personagens aparecem em Piltover, a turminha de Vi rouba a casa de um cientista da cidade, com algumas referências ao universo do jogo. A animação, para quem ama universos fantásticos, é incrível. Se tem uma coisa que a Riot sempre soube trabalhar, é a concepção do seu mundo, e aqui em Arcane tudo é expandido para além das cartas de Legends of Runeterra e League of Legends.

Senti o capricho em tentar criar uma personalidade para Piltover. A cidade é viva, colorida, com um ar steampunk vitoriano, com uma aristocracia focada em ganhar o mundo através da ciência e do progresso. E essa parte sobre como a cidade fará de tudo para avançar, é contada através dos olhos de Jayce, outro campeão de LoL. Aqui, o cientista modelo da cidade é apenas um jovem apaixonado pela sua maior invenção, a tecnologia Hextech. Na ideia de misturar magia com tecnologia, o poder é um recurso extremamente valioso na história.

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Na trama, o núcleo de Piltover possui um tempo significativo de tela nos primeiros episódios. Nada que tome o tempo da história de Vi e Jinx, mas vale a pena citar que a narrativa envolvendo Viktor, Jayce e Heimerdinger como personagens centrais é bastante interessante, principalmente para quem gosta de saber mais sobre a mitologia de LoL. Caitlyn, a xerife de Piltover, também faz uma participação durante a série, ainda em seus estágios iniciais na Polícia da Cidade. Longe de ser a Xerife que comanda os Defensores, a personagem cresce paralelamente a Vi e Jinx, mostrando um pouco da origem da atiradora.

Mas é em Zaun onde o desenrolar da história acontece. E aqui, a direção de arte da série consegue entregar o tom da subferia. Ruas, vielas e um tom mais esverdeado pintam a atmosfera tóxica e perigosa das ruas da cidade subterrânea e é nela que Vi e Powder crescem, mostrando os problemas que uma cidade subjugada pela “irmã rica” pode ter. Com uma relação onde Piltover precisa mostrar que possui força, quem sofre são as vielas. E nesse jogo de poder maior do que as cidades, algumas pessoas não aceitam mais essa situação.

Vi é uma revolucionária em construção, não aceitando a repressão que o povo sofre da superfície. O grande contraponto aos seus ideais revolucionários, é Vander. O dono do bar é a figura paternal das meninas e do grupo de crianças que elas fazem parte. O Zaunita foi tudo o que a campeã queria ser, mas ele viu os problemas que acontecem caso desafiasse a superfície. Por isso, Vander se torna a ponte entre a subferia e Piltover, agindo como um conciliador para apaziguar a polícia e conter os ânimos revolucionários.

Nesse quesito, a animação não poupa esforços para realizar críticas sociais pesadas quanto a opressão e brutalidade dentro dos Defensores de Piltover. Antes da chegada de Caitlyn e Vi como policiais da cidade, podemos ver uma polícia agressiva e implacável que tende a atirar primeiro e perguntar depois. Devido aos problemas que Zaun já causou para a superfície, os guardas tendem a ser implacáveis com o povo do subterrâneo.

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Porém, ainda existem pessoas que tentam causar caos e dor para Piltover. Silco, o principal antagonista da trama, é a maior prova de como o povo de Zaun não esquece a dor que Piltover traz para o povo das ruas. A relação entre Piltover e a subferia é tensa e bem complicada. Quando as vielas saem para a cidade do progresso, as repercussões sempre vão ser graves, e esse é o estopim em Arcane. Vi, Powder e seus amigos causam problemas e daí, as coisas desandam vertiginosamente.

O mundo de League of Legends é um universo que vive seus momentos de guerra e politicagem. A melhor forma de introduzir pessoas que não estão envolvidas no game é através dos olhos de Vi e Jinx. Um conto de duas irmãs que acabam se tornando rivais é algo sólido para entregar uma primeira experiência não só para os fãs de carteirinha do MOBA, mas para aventureiros de primeira viagem. O espetáculo visual que a série entrega é algo que pode saltar aos olhos das pessoas que não entendem tanto de LoL.

A sensação que fica com Arcane é que a Riot quer (e vai) entrar de cabeça na história de seus personagens e entregar experiências cinematográficas para seus fãs e um novo público. Para os jogadores mais apaixonados, referências ao universo do League of Legends estão presentes, personagens que podem aparecer mais adiante na trama fazem pequenas pontas, mostrando como tudo está interligado de uma maneira coesa e natural.

Nos quatro episódios que tive acesso, a força de Arcane está no quão sólido é o universo de Runeterra. Após 10 anos de construção de histórias, contos e animações, conseguimos ver todo o trabalho que a Riot fez finalmente tomando forma além dos jogos e campeonatos. A série cumpre a expectativa de colocar os fãs que já conhecem os personagens empolgados com o que está sendo mostrado, oferecendo uma animação robusta, pesada e com situações e críticas que podem ser transportadas para o nosso mundo.

No fim, as expectativas para a primeira empreitada da Riot no mundo das séries é extremamente satisfatória. Com todas as ativações já realizadas para o lançamento da animação, Arcane é a pedra fundamental para esse momento de virada da desenvolvedora para se tornar algo além de uma empresa de games. Agora, a Riot eleva o patamar de suas produções.

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Os três primeiros episódios de Arcane estreiam na Netflix no próximo sábado (6). A temporada será dividida em três partes, com os episódios 4 a 6 chegando em 13 de novembro e os capítulos 7 a 9 em 20 do mesmo mês.