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Crítica | O Diabo de Cada Dia traz relações perturbadoras com a realidade

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Sendo o cinema, inicialmente, uma narrativa visual que, para boa parte dos historiadores, tem suas raízes na literatura, é sempre ousado quando há um retorno às origens. Contar uma história por meio de uma narração em off pode retirar a força das imagens e concentrar quase tudo no texto. O Diabo de Cada Dia, assim, acaba por ficar preso no meio, em uma espécie de transição entre passado e futuro.

Ao passo que a vida de Willard, desde a Guerra, acaba o tornando um pai temente por culpa, sofrido e, por fim, psicologicamente destruído, seu filho cresce como se existisse uma batalha constante em cada esquina. O macro de uma guerra como a vivida pela personagem de Skarsgård acaba se transformando no micro dolorido do dia a dia e o micro desse dia a dia vivido por Arvin o leva ao macro contra os vietcongues.

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No final das contas, O Diabo de Cada Dia consegue superar a possível fragilidade da narração em off intermitente porque a direção de Campos a utiliza para preencher lacunas sem causar exposição exagerada. Então, é por ficar preso entre o passado e o futuro que o resultado pode parecer tão atual, tão pertinente e, de repente, assustador. Além disso, como Arvin, mesmo citando o Vietnã, permanece vivo, a lacuna de uma mudança, de uma sobrevida, fica aberta. Cabe a nós imaginarmos, como nos melhores livros, o que acontecerá após a última linha de leitura ou, no caso, depois do seu descanso, depois do último corte.

O Diabo de Cada Dia pode ser assistido pelos assinantes da Netflix.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech.