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Crítica | Encontro Fatal é um filme para ser visto da cozinha

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É bem complicado quando um filme se apoia em clichês de gênero e utiliza justamente esse apoio para virar a mesa. Tentar desconstruir a estrutura sólida erguida por muitos filmes anteriores com a intenção de surpreender o espectador talvez possa ter somente dois tipos de resultados: ou a reimaginação é original a ponto de dar à luz algo com ar de novidade ou o resultado é tão enfadonho que não dá para entender muito bem como algo chega ao público apoiado em quase tudo que há de negativo nessa quebra de gênero. Encontro Fatal (disponível na Netflix) parece se apoiar na máxima tá no inferno abraça o capeta. Mas o satanás é o próprio diretor, Peter Sullivan, e o mármore ardente no qual ele nada feliz é o roteiro (dele mesmo e da estreante Rasheeda Garner).

Por essa perspectiva, Sullivan é alheio a qualquer construção coerente de tensão. Não existe uma forma lógica em sua escolha de planos que dê ao filme algum sentido estético. A intercalação desses planos – a decupagem –, inclusive, tem algo de dadaísta, como se cada movimento de câmera e cada posicionamento não fossem capazes de criar uma unidade pensada. A história visual, então, pode ser facilmente descartada, como se cada cena tivesse sido planejada por meio de um sorteio.

No final das contas, assistir a Encontro Fatal pode, sim, ser visto como um programa interessante. Isso, claro, vai depender da quantidade de atenção depositada e, depois de iniciar, da necessidade de assistir ao filme, da força de vontade para ir até o fim ou de quanta louça exista na pia – o que pode ser uma metáfora para só querer algo irrelevante mesmo ou para 89 minutos de natação no mármore do inferno.

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*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Canaltech