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Crítica | Dia do Sim entretém com comédia na medida certa

Por| Editado por Jones Oliveira | 15 de Março de 2021 às 10h16

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Comédias familiares são a pedida perfeita para uma "sessão da tarde", em que a classificação indicativa geralmente é livre e promete divertir o público de todas as faixas etárias. Com trama leve, humor fácil e uma moral da história de se emocionar, é difícil não errar a fórmula para um filme do gênero não alcançar o sucesso esperado.

Dia do Sim, o novo filme original Netflix que chegou ao catálogo na última sexta-feira (12), cumpre todos os requisitos básicos para entregar uma comédia acessível para toda a família e divertir em seus 90 minutos de duração. No entanto, pelo pouco charme do roteiro e dificuldade em transformar algumas ocasiões em engraçadas de fato, o entusiasmo do elenco (sobretudo o de Jennifer Garner e Edgar Ramírez) acaba "carregando o filme nas costas", como diz a popular expressão usada nas redes sociais.

Atenção! O texto a seguir pode conter spoilers do filme! Leia por sua conta e risco.

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Dia do Sim apresenta uma família grande liderada por Allison Torres (Jennifer Garner), que logo nos minutos iniciais apresenta a personagem como uma pessoa divertida e destemida para toda e qualquer aventura que a vida lhe oferecia, tanto é que, por ser tão aberta a novas oportunidades, acabou conhecendo o rapaz que veio a ser seu marido, Carlos Torres (Edgar Ramírez). Baseado no livro homônimo escrito por Tom Lichtenheld e Amy Krouse em 2009, a história começa após o casal aderir ao Dia do Sim, cuja proposta é, durante 24 horas, os pais deverão fazer qualquer coisa que os filhos pedirem, sem discussões.

O dia começa com fantasias e pedidos inocentes, como trajes de super-heróis e sorvete no café da manhã, e passa para aventuras que beiram o surreal até mesmo num dia em que, teoricamente, tudo está liberado, como uma policial utilizar uma ambulância para levar a família num parque de diversões ou uma cantora famosa convidar a mãe e a filha para o palco num festival de música. O humor é leve e as tiradas são divertidas, embora totalmente fora da curva, mas não demora muito para o longa recorrer para piadas escatológicas e sem sentido antes de voltar ao ritmo inicial.

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Jennifer Garner, por sua vez, rouba a cena em diversos momentos. Fica nítido na tela para qualquer espectador como a atriz, estrela do gênero no clássico De Repente 30 e veterana em papéis maternais por Com Amor, Simon, se diverte interpretando Allison Torres, mesmo que por muitas vezes os filhos tentem colocá-la como antagonista ou a produção peque com alguns clichês do gênero: o pai viciado em trabalho que não tem tempo para a família; a mãe chatona que precisa recorrer à juventude para encontrar resquícios de diversão; a adolescente rebelde que não se identifica mais com a educação dos pais e os coadjuvantes de inteligência duvidosa que rendem uma risada ou outra.

É necessário elogiar a atuação de Edgar Ramírez também. O ator de The Undoing e Caçadores de Emoção: Point Break está à vontade no papel de pai da família e rende diversos momentos divertidos, embora Garner realmente seja a estrela do longa. De um modo geral, é válido dizer que os adultos aqui destaquem-se mais que as próprias crianças da comédia, interpretadas por Jenna Ortega (que vive a irmã mais velha Kate em sua segunda produção para a Netflix após a série You), Julian Lerner (o irmão do meio, Nando) e Everly Carganilla (a irmã caçula Ellie).

Dia do Sim, no entanto, perde várias oportunidades de entregar uma mensagem além de seu enredo central. Questões de relevância são levantadas logo em seu início, como o fato de Carlos (Ramírez) sempre interpretar o papel de "pai legal e divertido" enquanto a parte difícil de criar os filhos fica toda para Allison (Garner), mas mesmo com seu desenvolvimento, o filme não retoma o assunto como deveria, abordando-o com muita timidez, e acaba focando muito mais na relação da mãe com a filha mais velha, Kate — o que, é claro, não significa que é menos importante.

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Apesar de previsível como qualquer outro título do gênero, os arcos de Allison e da filha não deixam de emocionar conforme se desenvolvem e se completam. Ambas personagens protagonizam a mais comovente cena de todo o filme, que conta inclusive com uma participação mais do que especial da cantora premiada H.E.R.

Uma família que consegue fazer um Dia do Sim funcionar parece existir apenas nesse tipo de comédia, em que crianças calculistas estão dedicadas a humilharem seus pais por um dia inteiro, que sempre têm uma frase de efeito pronta à medida que algo novo é arremessado em suas caras. Justamente por ser um filme, também é claro que a paternidade não é tão simples como retratada.

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No final das contas a verdadeira mensagem por trás de um dia inteiramente dedicado em obedecer aos desejos dos filhos salta para a multi-interpretação, deixando aquele mistério do ar se a conquista é um mérito pelo bom comportamento ou resultado de um suborno. No entanto, o longa deixa sua mensagem responsável com todos no final aprendendo suas necessárias lições sobre responsabilidade, limites, respeito aos pais e responsáveis e, é claro, respeitar a fórmula, rendendo momentos de diversão e risadas genuínas.

Dia do Sim cumpre seu papel em entreter, destacando os personagens de Jennifer Garner e Edgar Ramírez e entregando humor e emoção na duração certa, sem pecar em excessos. O longa está disponível na Netflix.