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Pesquisadores holandeses recriam Game Boy em versão que dispensa bateria

Por| 09 de Setembro de 2020 às 18h40

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Arquivo Pessoal/Jasper de Winkel
Arquivo Pessoal/Jasper de Winkel

Quando Gumpei Yokoi criou o Game Boy lá em 1989, o objetivo era levar os arcades para mão dos jogadores. O desafio para a época, como acontece com grande parte dos smartphones ainda hoje em dia, estava no uso de energia da maneira mais compacta possível, exigindo um robusto conjunto de baterias para manter o aparelho ligado. Agora, 31 anos depois, um grupo de pesquisadores holandeses está prestes a criar o Game Boy sem bateria, alimentado principalmente por energia solar.

Antes de descrever o videogame, é preciso dizer: o dispositivo não tem o objetivo de replicar o portátil da Nintendo, mas estudar uma nova forma de pensar videogames sem a necessidade de uma bateria.

Chamado de Engage, o aparelho é bastante semelhante a um Game Boy, até mesmo no design. Uma diferença grande está no conjunto de painéis solares colados à face frontal. Contudo, a mudança dos desenvolvedores não se limita apenas em colocar alimentação solar, mas também utilizar a energia mecânica de quando se apertam os botões para também fazer o aparelho funcionar.

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O segredo do processo está na chamada computação intermitente. Trata-se de um processo em que o aparelho não precisa de alimentação contínua para funcionar. Em termos básicos, o que acontece com o Engage é que ele liga e desliga somente quando está sendo usado, diferente de um computador que permanece ligado mesmo se ninguém estiver usando.

Os pesquisadores criaram um sistema que, com energia mecânica e alimentação solar, permite deixar o dispositivo ligado por um ciclo de 10 segundos. Parece pouco, mas isso significa que você precisa fornecer energia a ele (ou seja, apertar qualquer botão) a cada intervalo de 10 segundos. Em um jogo como Tetris, por exemplo, isso é bem possível — já que pressionar botões no game é algo constante.

Desta forma, com pouquíssima energia criada pelo apertar dos botões e com os painéis solares, é possível fazer com que o dispositivo funcione sempre depois que se apertam os botões, gerando um ciclo contínuo.

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Desafios

Apesar de promissor, ainda há desafios no projeto: os pesquisadores estão buscando entender as limitações de benefícios de se usar a computação intermitente para games. A principal vantagem parece clara: não precisar de baterias.

Isso faz com que o dispositivo possa ser mais leve e não esquentar, além de permitir que o usuário curta seus jogos sem se preocupar com uma tomada ou carregar pilhas na mochila. Porém, isso também restringe, e muito, o leque de energia que pode ser usado. Um problema inicial está no som: fazer “barulho” pede do aparelho muita energia e os pesquisidores simplesmente abandonaram a ideia. Ou seja, o Engage não tem som.

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Outra questão está no sistema de salvamento. Para poder criar perfis de save em jogos, as empresas de games criaram pequenas baterias dentro dos cartuchos, que armazenavam os dados dos jogadores.

Como o Engage se desliga depois de 10 segundos, não há como usar a mesma técnica. Aqui, os pesquisadores lançaram mão de outro método que basicamente permite registrar no sistema o caminho da informação. De forma simples, o que o dispositivo faz é registrar, antes de ser desligado, todo o cenário em que estava o jogo. Quando religado, ele reproduz a mesma cena tão rápido que o jogador não percebe a recriação e tem a impressão de que está de onde parou.

Quando será lançado? 

Como dito no começo desta notícia, a ideia do grupo de pesquisadores holandeses não é recriar o Game Boy e revender o aparelho. Como ele usa emuladores da Nintendo, isso provavelmente criaria problemas jurídicos com a fabricante japonesa.

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Jasper de Winkel, líder do projeto, vai levar o projeto para a UbiComp 2020, evento que acontece virtualmente e que discute avanços em engenharia da computação. A ideia é mostrar novas formas de trabalhar com portáteis, e até smartphones para jogos, sem a necessidade de baterias para isso.

Fonte: CNET