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Análise | Turf Wars é a parte mais fraca de Marvel’s Spider-Man

Por| 21 de Novembro de 2018 às 18h20

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(Captura de imagem: Rafael Arbulu)
(Captura de imagem: Rafael Arbulu)

A ideia de tornar as três primeiras DLCs de Marvel’s Spider-Man uma trilogia amarrada por um enredo mais “pés ao chão” é provavelmente uma das decisões mais acertadas da produtora Insomniac Games.

Se no jogo principal, tínhamos visuais exageradamente fantásticos, vilões com roupas espalhafatosas e uma cidade totalmente aberta à exploração, a trilogia “The City That Never Sleeps” (“A Cidade Que Nunca Dorme”) — formada por “The Heist” (“O Assalto”), “Turf Wars” (“Guerra por Território”) e “Silver Linings” (algo como “Lados Bons”) — trouxe uma narrativa mais focada na guerra urbana, envolvendo a polícia de Manhattan, as gangues do crime organizado e o já conhecido amigo da vizinhança, o titular Homem-Aranha.

Fica o alerta aqui, porém: se você ainda não jogou “O Assalto”, é recomendável que você pare de ler esta análise e vá cuidar dessa pendência. Como o enredo conecta os três conteúdos extras, partir para esta análise — que é focada no meio da história — pode bagunçar a sua experiência. Sem falar que, por mais cuidado que tenhamos no texto para não detalhá-lo demais, há uma referência com spoilers do fim de “O Assalto”, se você é do tipo que se importa com isso.

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“Guerra por Território” começa logo exatamente após o final de “O Assalto”, onde a ocasional heroína/ocasional vilã/ocasional interesse amoroso do Homem-Aranha, a Gata Negra, supostamente morre em uma explosão causada pelo mafioso Cabeça-de-Martelo. Por causa disso, esse segundo extra não se intimida em jogar você no meio da ação — e rapaz, haja ação: se você sentiu, durante a aventura principal ou na primeira parte da trilogia de DLCs, que por vezes ficou soterrado por inimigos, “Guerra por Território” será o seu maior desafio até aqui.

O enredo conta que o Cabeça-de-Martelo se apropriou de armamentos da equipe paramilitar de Silver Sable (este é o ponto de conexão dos extras com a aventura principal, aliás), então isso abre um grau de dificuldade consideravelmente elevado, com armas que lhe causam mais dano que o normal, variados oponentes e até mesmo a inclusão de um novo inimigo, que carrega um armamento que mistura jetpacks com escudo e “voa” em sua direção com uma irritante frequência. Nada que não fique mais simples, porém, quando você descobre a “receita” para derrotá-lo.

O problema é que essa DLC é incrivelmente rasa. “O Assalto” tinha lá as suas falhas, mas de uma forma geral, conseguiu brilhar acima do esperado: aqui, “Guerra por Território” se empenha tanto em consertar os erros de seu predecessor que, embora consiga isso em certos momentos, deixa a peteca cair muito mais do que devia, de forma muito mais desnecessária. Um exemplo: a explosão que supostamente “matou” a Gata Negra, que mencionamos no primeiro parágrafo, é mencionada apenas em uma cinemática inicial que resume a narrativa até aqui. O fato é totalmente esquecido, ignorado em prol de permitir a entrada do vilão Cabeça-de-Martelo, que, apesar de desempenhar bem o papel do mafioso sociopata, não consegue se livrar do rótulo de “vilão B”, “segunda mão” no rol de inimigos do Homem-Aranha. Não há absolutamente nada “gostável”, se você nos permite o termo, sobre ele. E convenhamos, um vilão convincente tende a ser parte essencial para o sucesso em qualquer história.

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Com isso em mente, perde-se o foco na história deste extra, que tenta em vão criar outros laços com outras personagens do jogo: a capitã Yuri Watanabe, companheira do Homem-Aranha na aventura principal, volta aos holofotes aqui — e ela seria a representação perfeita de um personagem que vai crescendo em tamanho na história, não fosse tão mal conduzida: em alguns momentos, é possível notar que a relação dela com o aracnídeo vai ficando estremecida, ao ponto de ela própria assumir um vigilantismo ilegal apenas para matar o vilão mafioso. Isso dá um bom pano de fundo para explorar o enredo, mas não: tudo acaba de forma abrupta e sem grande sentido, em mais um gancho que abre o caminho para a terceira DLC, “Lados bons”, que ainda não tem previsão de lançamento (chutamos dezembro ou janeiro, a julgar pelo espaço entre o lançamento do jogo principal, o primeiro episódio “O Assalto” e a chegada de “Guerra por Território”).

Ok, mas o que eu quero mesmo é gameplay!

Então prepare-se para outra decepção: se em “O Assalto”, você tinha o mesmo ritmo de gameplay da aventura principal, mas inaugurando novas missões extras e novos colecionáveis (obras de arte roubadas do “Gato Negro”, o pai de Felicia Hardy), “Guerra por Território” ignora esse aspecto explorador do jogo, efetivamente reduzindo o seu tempo de duração mesmo quando se busca atingir 100% de seu conteúdo.

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As sidequests, poucas em número, se resumem a duas correntes: tomar uma base de assalto de grupos armados a serviço do Cabeça-de-Martelo por um lado, participar de desafios pouco variados propostos pela vilã youtuber tresloucada Screwball, que coloca o jogador para enfrentar grupos de inimigos enquanto faz live streaming de tudo: tais desafios, aliás, ou se resumem a combate sem restrições, combate apenas com certos tipos de itens, ou seções em stealth onde você deve incapacitar oponentes dentro do tempo estipulado, evitando sua detecção por eles e por sensores de movimento espalhados pelo cenário.

O problema: tudo acaba muito rápido. São poucas bases, poucos desafios e nenhum deles adiciona em nada para temperar um jogo que, tirando estes pormenores, segue como uma obra de arte. Há toda uma contextualização de situação dependendo da hora em que você aborda certas atividades (o diálogo do Homem-Aranha muda se você tomar uma base antes ou depois de derrotar o Cabeça-de-Martelo, por exemplo) e o ritmo cadenciado das conversas e interações fazem jus à pegada mais casual do “Herói Amigo da Vizinhança”. Até os colecionáveis estão ausentes: não há porque explorar a cidade expandida de Nova York em busca de itens. A Insomniac simplesmente os removeu da equação.

Mas, então, vale ou não vale?

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É difícil recomendar “A Cidade Que Nunca Dorme” ainda, haja vista que não conhecemos o conteúdo que promete fechar essa trilogia. Enquanto “Lados Bons” não for lançado, porém, o que temos em mãos são duas DLCs que, somadas, podem ser terminadas em 100% em cinco horas, no máximo seis. Nem mesmo as três roupas novas deste extra salvam, já que a entrada delas não traz recursos novos de jogabilidade e servem apenas para mexer com uma certa nostalgia de leitores mais antigos dos quadrinhos do Aranha. Puramente visual.

Se tirarmos nossa base apenas pelo que temos agora, é melhor esperar alguma promoção na PlayStation Network. Ou, você pode adquirir tudo agora e rezar para que “Lados Bons” compense todas essas falhas. Esperamos que seu estoque de velas e santinhos esteja em dia...