Filhos têm QI inferior ao dos pais por culpa da era digital, diz neurocientista
Por Nathan Vieira | Editado por Luciana Zaramela | 17 de Junho de 2021 às 08h20
Pela primeira vez, os filhos estão apresentando um QI inferior ao dos pais, e segundo o neurocientista Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, tudo tem a ver com a era digital.
- Menina de 2 anos integra sociedade para pessoas com QI elevado nos EUA
- Você editaria um embrião seu? Pois saiba que a ciência está BEM longe disso
- Pesquisa mostra que apenas 37% dos pais se preocupam com vida digital dos filhos
Desmurget é autor do livro "Fábrica de Cretinos Digitais", onde aponta que os dispositivos digitais estão afetando o desenvolvimento neural de crianças e jovens. Em entrevista à BBC News, o neurocientista conta que o QI é medido por um teste padrão, mas frequentemente revisado. Ele menciona que pesquisadores observaram em muitas partes do mundo que o QI aumentou de geração em geração. Isso foi chamado de "efeito Flynn", em referência ao psicólogo americano que descreveu esse fenômeno. Mas recentemente, essa tendência começou a se reverter em vários países.
Questionado sobre o que está causando essa diminuição no QI, o francês alega que ainda não é possível determinar o papel específico de cada fator, como a poluição ou a exposição a telas. Mas o que se sabe é que, mesmo que o tempo de tela de uma criança não seja o único culpado, isso tem um efeito significativo em seu QI. De acordo com o especialista, os principais alicerces da nossa inteligência são afetados: linguagem, concentração, memória, cultura, e esses impactos levam a uma queda significativa no desempenho acadêmico.
O especialista também menciona diminuição da qualidade e quantidade das interações intrafamiliares, essenciais para o desenvolvimento da linguagem e do emocional; diminuição do tempo dedicado a outras atividades mais enriquecedoras (lição de casa, música, arte, leitura, etc.); perturbação do sono, que é quantitativamente reduzido e qualitativamente degradado; superestimulação da atenção, levando a distúrbios de concentração, aprendizagem e impulsividade; subestimulação intelectual, que impede o cérebro de desenvolver todo o seu potencial; e o sedentarismo excessivo que, além do desenvolvimento corporal, influencia a maturação cerebral.
Fonte: BBC