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Roadmap de IA: do diagnóstico à transformação

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Reprodução/Pexels/Fauxels
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Em meu último artigo, discorri sobre a possibilidade de vivenciarmos, em 2025, uma real e significativa presença da inteligência artificial no ambiente de trabalho. Um cenário como este, claro, não acontece da noite para o dia, e talvez daqui a um ano poderemos dizer se essa previsão – se é que podemos chamá-la assim – se concretizou.

E, claro, por não se tratar de algo trivial, vislumbrar e alcançar esse horizonte demanda esforço, demanda organização. Aproveitando a metáfora, é preciso que as empresas nadem, um nado quase sincronizado no qual estejam alinhadas questões de estratégia, liderança, cultura, pessoas e processos – tudo isso de forma contínua, sem que haja, ao final de tudo, uma linha de chegada.

Naturalmente, por se tratar de uma perspectiva relativamente nova para o mercado, esse movimento representa um grande desafio para as empresas – sobretudo porque boa parte delas sequer possui o entendimento sobre o estágio que estão em termos de aplicação, utilização e implementação de IA e como realizar esse diagnóstico.

Assim, pretendo que esta última coluna de 2024 tenha também um tom mais utilitário, de modo que possa ajudar as empresas a criar um roadmap de implementação de IA e alcancem, consequentemente, uma adoção exitosa de IA, com foco em aspectos cruciais como governança, cultura e criação de valor para o negócio. Boa leitura!

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Destravando o real potencial

Atualmente, às vésperas de adentrarmos a segunda metade da década, muito do que fazemos e utilizamos em nosso dia a dia, independentemente de sua complexidade, já tem alguma ou muita influência de inteligência artificial.

Este cenário pode nos causar a impressão de que a inteligência artificial em si já alcançou postos e lugares até então inimagináveis – o que, de certa forma, é uma verdade –, mas a realidade é que, até agora, pouco se pôde aproveitar de todo o seu potencial, principalmente quando se trata da sua adoção e implementação nas organizações, no âmbito corporativo.

Sobre isso, dados de uma pesquisa da Accenture apontam que apenas 12% das empresas já atingiram uma maturidade em IA suficiente para impulsionar crescimento e transformação no negócio. Essas empresas, classificadas pelo estudo como Achievers, representam a parcela mais avançada e madura no uso estratégico da inteligência artificial.

Paralelamente, 25% das organizações apresentam pouco avanço em seu nível de maturidade, enquanto que a grande maioria (63%) ainda se encontra na fase de testes.

Três anos atrás, em 2021, empresas que traziam o assunto para o centro das discussões já possuíam 40% mais probabilidade de ver o preço de suas ações aumentarem. E, para que se possa alcançar este nível, entender em que estágio a empresa se encontra em termos de maturidade é o primeiro passo necessário.

Níveis de maturidade em IA

Hoje existem diversos modelos projetados para realizar essa avaliação e orientar as empresas nessa jornada de integração de IA aos seus processos produtivos. A partir deles, as organizações podem tanto avaliar suas capacidades já existentes quanto identificar lacunas que precisam ser preenchidas.

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Na AIMANA, nossa ferramenta de diagnóstico já está em funcionamento, servindo como a base fundamental para orientar toda a implementação de soluções nas empresas, com inspiração em modelos consolidados do mercado. O modelo da Gartner – já bastante conhecido –, por exemplo, estabelece cinco níveis de maturidade:

  • Conscientização: organizações conhecem a tecnologia, mas não apresentam iniciativas formais;
  • Ativo: projetos de IA ainda iniciais, conduzidos individualmente pelos departamentos;
  • Operacional: projetos de IA em um nível mais coordenado e já integrados aos processos de negócios;
  • Sistêmica: inteligência artificial incorporada em toda a empresa e alinhada estrategicamente com metas e objetivos do negócio;
  • Transformacional: a inovação na organização é impulsionada por IA, a qual possibilita, também, a criação de novos modelos de negócio.

O “segredo” dos achievers

Ao contrário do que possa parecer, discutir sobre a implementação de IA e seu nível nas empresas conversa não apenas com os aspectos técnicos inerentes ao processo, mas sobretudo à metodologia envolvida – e como isso abrange questões de estratégia, cultura, talentos e governança.

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Logo, em linhas gerais, a maturidade de IA se relaciona diretamente ao desenvolvimento de capacidades essenciais a partir de combinações certeiras, de modo que a adoção da tecnologia possa, de fato, representar um fator de diferenciação sobre a concorrência.

Boa parte disso, inclusive, foi discutida em artigos publicados no passado nesta coluna. Um dos pontos que apresentei foi a importância do suporte por parte dos executivos C-level e diretores, essencial para que iniciativas possam ser testadas e desenvolvidas – com o “patrocínio” das lideranças, que defendam a IA como uma prioridade de estratégia e negócios. Nas organizações Achievers, 83% delas contam com essa estrutura.

Outro aspecto de diferenciação – um dos que mais defendemos na AIMANA – é o investimento no desenvolvimento e educação de talentos. Ainda de acordo com dados da pesquisa da Accenture, 78% das empresas achievers possuem treinamentos obrigatórios em IA para a maioria de seus colaboradores, passando por engenheiros de desenvolvimento de produtos até executivos da alta hierarquia.

Conclusão

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Como tem sido possível observar – sobretudo nos últimos anos, com o desenvolvimento da IA generativa e os recém-chegados agentes autônomos –, a transformação movida por essa tecnologia é contínua: a IA é um campo em constante evolução. Não há, como eu falei, uma linha de chegada, mas uma extensa trajetória de aprimoramento.

E, à medida que a inteligência artificial avança, o modo como as organizações se utilizam dela também deve e precisa evoluir. Isso exige um compromisso com a adaptação, alinhando equipes, processos e estratégias recorrentemente.

A verdadeira mudança, logo, não consiste na mera implementação de ferramentas inovadoras, mas na construção de uma cultura e mentalidade de inovação. A partir disso, a IA poderá, de fato, tornar-se um motor de evolução e, eventualmente, de disrupção.