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Universal aproveita o isolamento para fazer mais filmes como Amizade Desfeita

Por| 10 de Junho de 2020 às 17h15

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Blumhouse
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Screenlife, apesar de muito conhecido pelo uso no gênero terror, é um formato que pode servir a qualquer gênero. Nesse tipo de filme, tudo o que o espectador vê acontece na tela de um computador, tablet ou smartphone como um artifício para causar uma impressão de que o conteúdo é real. Uma das maiores vantagens desse gênero é o valor final da produção, que costuma ser muito mais barata ao dispensar, por exemplo, o uso de câmeras e lentes muito caras, já que a baixa qualidade da imagem faz parte do formato.

Amizade Desfeita foi um dos filmes a utilizar com sucesso o screenlife, arrecadando mais de US$ 65 milhões globalmente, o que é uma excelente receita para um filme que custou mais ou menos US$ 1 milhão. Agora, a Universal assinou um acordo com produtor Timur Bekambetov para mais cinco filmes como Amizade Desfeita.

Além de barato, o formato screenlife é perfeito para produções durante a pandemia, quando a maioria das produções se encontram suspensas ou submetidas a uma série de novas regras para evitar disseminação da COVID-19 nos sets de filmagem. Bekmambetov não ignorou isso e está produzindo filmes screenlife durante o isolamento, comunicando-se de sua casa em Los Angeles com atores que estão, inclusive, em lugares distantes, como Londres e Sydney.

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“Durante esse tempo louco, vivemos no modo screenlife e é muito orgânico produzir filmes porque eles podem ser feitos enquanto as pessoas estão em casa, em um local seguro”, disse Bekmambetov em entrevista ao Deadline. “Estamos todos em cidades diferentes e podemos gravar telas sem nos encontrarmos. É a natureza dessa linguagem, desse formato screenlife, trabalhar assim.”

Ele explicou ainda que todo o processo é mais acessível nesse formato, que já funcionava em isolamento mesmo antes da pandemia do novo coronavírus. “O diretor de elenco poderia escalar atores para mim em um dia ao redor do mundo... Se eu precisar de um compositor, posso fazer uma ligação por Skype e desenvolver ideias, sem estar no mesmo espaço. O editor está em uma cidade diferente e a empresa de efeitos visuais também, e todos trabalhamos juntos, sem estar no mesmo espaço.”

Segundo Bekmambetov, foi a produtora e presidente da Universal Pictures Donna Langley que abraçou o formato como uma forma de produzir filmes realmente lucrativos em tempos de isolamento. “Há dois meses apenas, éramos abstratos demais e ninguém entendeu o que eu quis dizer quando expliquei o screenlife, mas depois de dois meses de isolamento, estamos todos aprendendo a viver em um universo digital”, comentou Bekmabetov. “Donna foi a primeira executiva de cinema a dizer, ‘ok, vamos correr um risco e lançar este filme’ que trará uma tela de computador para a grande tela do cinema. Foi bem-sucedido, com Donna e Jason Blum nos apoiando. E agora, eles estão me apoiando enquanto crio minha própria linguagem cinematográfica.”

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Donna Langley também falou sobre Bekmambetov ao Deadline. “Timur traz uma nova perspectiva e uma voz distinta a todo o seu trabalho. À medida que a indústria muda ainda mais, ele encontra novas maneiras de se conectar com o público em todo o mundo. Timur e a equipe da Bazelevs misturam uma marca única de narrativa com criatividade tecnológica que faz com que esses filmes pareçam atuais e relevantes. Esperamos continuar com o sucesso compartilhado à medida que expandimos nossa parceria.”

Bekmambetov também foi o produtor de outro grande sucesso, Buscando..., produzido pela Bazelevs Production em parceria com a Screen Gems e a Stage 6 Films. Com um orçamento de apenas US$ 900 mil, Buscando… arrecadou mais de US$ 75 milhões mundialmente, o que garante ao produtor uma relação de confiança com os estúdios. “Vou discutir com eles o elenco e os diretores, mas eles confiam em mim”, disse ele. Isso “porque cada filme screenlife que fizemos foi bem-sucedido de diferentes maneiras, alguns de forma criativa e outros comercialmente, e porque é uma linguagem nova. Isso será muito relacionado ao público que entende absolutamente essa linguagem, porque é assim que vivemos.”

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O produtor revelou ainda o que ele pensa sobre nossas relações com essas tecnologias, já que isso reflete diretamente no modo como recebemos esses filmes e como eles são capazes de nos impactar através da identificação:

Acredito observar e entender a comunidade humana hoje, você precisa ver a tela do dispositivo dessa pessoa. Vivemos em telas, nos expressamos nelas e criamos relacionamentos com elas. O que eu aprendi é que é mais importante ver o comportamento do seu personagem. Por exemplo, você está digitando algo, como a cena inicial de um filme em que o cara está digitando, pesquisando no Google, "Como cometer suicídio?" Através dessa linha, você já sabe tudo sobre ele, porque nunca mentimos para nossas telas. Achamos que as telas fazem parte do nosso interior. Se você ver minha tela, você sabe exatamente o que sinto, o que faço, com o que estou sonhando.

As próximas produções de Bekmambetov incluem uma versão moderna do clássico romance trágico Romeu e Julieta. Intitulado R#J, o filme está em pós-produção, mas ainda não tem previsão de estreia.

Fonte: Collider