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Produtores alertam para falta de incentivo estatal no cinema brasileiro

Por| 25 de Fevereiro de 2020 às 11h11

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K.Klimenko/Depositphotos
K.Klimenko/Depositphotos

O corte de 43% no orçamento da ANCINE (Agência Nacional do Cinema) está preocupando alguns produtores e cineastas brasileiros quanto ao futuro deste setor por aqui. Com uma série de reclamações e alertas, esses profissionais não estão nada confortáveis com o futuro do mercado local.

“Existem vários produtores, inclusive nós, que têm projetos que receberam apoio do fundo regional de Pernambuco em 2017 e 2018, mas nunca o receberam”, disse Rachel Daisy Ellis, cineasta da produtora independente Desvia, para a Variety. Esse corte de verbas atinge, sobretudo, produções menores, muito embora a Lei Rouanet, uma das ferramentas estatais para produções culturais e que prevê incentivo governamental e privado, tenha sido criada justamente para favorecer produções que mais precisam.

"É cinema sangrento, é cultura sangrenta. Há uma sensação de desgraça, uma anemia em relação à cultura e ao cinema ”, diz Karim Aïnouz, diretor de Vida Invisível de Euridice Gusmão.

Ancine corre risco

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A emenda à Constituição da Desvinculação dos Fundos (PEC 187/2019), analisada por senadores, economistas, representantes de fundos, pesquisadores e empresários na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na terça-feira, dia 11 de fevereiro, quer dar mais poderes para o Congresso quanto a alocação de verbas infraconstitucionais, ou seja aquelas que não estão previstas na Constituição.

A proposta faz parte do pacote de medidas Mais Brasil e autoriza o Governo a usar para outras finalidades o dinheiro hoje retido em fundos desse tipo. A justificativa do governo é que os fundos concentram recursos em atividades ou projetos de áreas específicas, o que significa “amarrar” receitas a determinadas finalidades. Com isso, segundo o governo, o dinheiro fica engessado e muitas vezes acaba parado nos fundos, enquanto outras áreas sofrem com a falta de recursos.

Uma "vítima" dessa mudança pode ser a maior fonte de financiamento do cinema brasileiro, o Fundo do Setor Audiovisual (FSA), o que causa divergência entre produtores e economistas. A alternativa para essa queda vertiginosa de verbas pode ser o auxílio mais regionalizado, além da exploração por parte de plataformas como Netflix, HBO ou até mesmo a Globoplay, além de produtoras europeias, sempre atentas ao cinema nacional.

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A Spcine, de São Paulo, por exemplo, forneceu apoio financeiro para quatro filmes que participaram do Festival de Cinema de Berlim deste ano. A região registrou um aumento de 96% nas produções que receberam apoio entre 2017 (28) e 2019 (61). “Atualmente, a cidade de São Paulo representa 25% de todas as produções audiovisuais do Brasil, possui a segunda maior comissão de filmes da América Latina, responsável por mais de mil filmes anualmente, e abriga 1.537 produtoras”, diz a presidente da Spcine, Laís Bodanzky.

Esboço de censura

Os produtores que buscam garantir o financiamento da Ancine já são obrigados a indicar se seus filmes incluem sexo explícito ou temas políticos e sua natureza, vista por alguns profissionais como um meio de censura do Governo. Em dezembro, André Sturm, ex-secretário de Cultura de São Paulo, foi nomeado secretário de audiovisual do governo Bolsonaro. Sua seleção, agora, deve ser ratificada pela nova secretária da Cultura, a atriz Regina Duarte.

Fonte: Variety