Marketing na Internet já torna Deadpool um sucesso
Por Gustavo Rodrigues | 22 de Janeiro de 2016 às 14h19
Em um ano repleto de lançamentos de filmes de super-heróis grandiosos, como Batman vs Superman: A Origem da Justiça e Capitão América: Guerra Civil, é um personagem anteriormente fracassado nas telonas que chama atenção pelo seu renascimento nas mãos da 21st Century Fox: Deadpool. Tudo isso graças ao empenho de Ryan Reynolds em fazer o projeto dar certo e ao brilhante uso do marketing pela Internet.
Em 2009, uma das maiores esperanças de todos que foram assistir ao filme X-Men Origens: Wolverine era ver uma boa adaptação do Deadpool, já interpretado naquela época pelo Ryan Reynolds. Como havia sido visto numa versão inacabada do longa vazada na Internet, a adaptação era terrível e o mercenário tagarela havia sido deturpado vergonhosamente, mesmo que tivesse rápidos momentos interessantes como Wade Wilson.
Foi a partir do vídeo teste "vazado" em 2012, com Ryan Reynolds em captura de movimento e Tim Miller na direção, que a produção ganhou apelo popular e tornou-se de fato algo concreto para o estúdio. A reação extremamente positiva do público mostrou que a fidelidade dada naquele simples teste era o que o personagem tinha de melhor e o que faria o longa-metragem sair do papel depois de tanto tempo.
Vale ressaltar o esforço de Ryan Reynolds para que o filme do Mercenário Tagarela fosse adiante. Desde a interpretação em X-Men Origens: Wolverine, ele já havia mostrado que conhecia e gostava do personagem, algo que até remetia ao papel dele como Hannibal King em Blade Trinity. O ator pode não ser talentoso como tantos outros em evidência em Hollywood, mas foi sua persistência em ver o Deadpool bem representado nas telonas que manteve o projeto vivo.
Ao contrário dos filmes da Marvel Studios, que têm várias piadas num universo integrado, ou a abordagem sombria dos heróis da DC Comics, principalmente da trilogia Batman de Christopher Nolan, Deadpool tem na sua essência o que o grande público da Internet mais gosta: humor. Ele não é o melhor detetive do mundo, nem é tão poderoso quanto um deus e muito menos respeitado como herói da Segunda Guerra Mundial — seu grande diferencial é ser apenas pura diversão.
Foi esse aspecto do personagem que os responsáveis pelo Marketing do filme, e o próprio Ryan Reynolds, abraçaram como grande diferencial para cada novidade sobre o longa. Banners como se fosse uma história de amor, clipes apresentando o personagem, aparições em programas americanos famosos, novidades durante o período natalino, criação de emoji, etc. Não há nada que não possa virar publicidade positiva para o Deadpool. Até mesmo a censura do longa na China e petições por uma versão para menores de 18 anos se tornam ponto positivo à insanidade que se espera do anti-herói.
Quando surgiu nos quadrinhos da X-Force, em 1991, o personagem serviu como um respiro para ao clima pesado e realista que ainda existia nos quadrinhos dos anos 80 e aos exageros tanto de arte quanto de sensualidade dos gibis da década de 90. Criado pelos quadrinistas Fabian Nicieza e Rob Liefeld, mais conhecido por seus desenhos extremamente desproporcionais, Deadpool era uma simples versão descontraída do Exterminador, mas com uma mentalidade problemática e o recurso inteligentíssimo de quebra da quarta parede.
Assim como nos quadrinhos, Deadpool pode dar um pouco de respiro ou até um ar de novidade à típica fórmula usada nas histórias de super-heróis. Você sabe que ele vai ser introduzido como alguém normal, algo absurdo vai acontecer, aceitará a jornada do herói e o dia será salvo. Entretanto, o que importa neste caso são as situações absurdas, as piadas inesperadas, chimichangas e referências aos erros da carreira de Ryan Reynolds e às adaptações de HQs.
Mesmo que faça parte do universo cinematográfico conturbado dos X-Men e que seja uma grande aposta da Fox para possíveis sequências, o que o público espera de Deadpool é o mesmo humor usado nos trailers e na publicidade. Apenas insanidade e diversão.
Deadpool estreia nos cinemas brasileiros em 11 de Fevereiro.