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Exclusivo: Telecine se inspira na Netflix para migrar conteúdo para o streaming

Por| 27 de Setembro de 2019 às 10h51

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Desde que grandes empresas começaram a entrar no ramo de vídeos por streaming, várias companhias modificaram sua forma de oferecer conteúdo para se adequarem ao novo mercado. Esse é o caso de empresas mais antigas e, sobretudo, de canais de TV por assinatura.

“O usuário mudou o comportamento. A gente precisa estar preparado para isso”, explica Eldes Mattiuzzo, diretor-geral do Telecine, em entrevista ao Canaltech. O canal de TV conseguiu fazer a sua movimentação para o on demand independente no final do ano passado.

O “atraso” na movimentação tem um caráter de negócios. O canal já contava com uma plataforma de streaming, mas com acesso limitado a assinantes de TV por assinatura. Por pressão das operadoras, tanto o Telecine como outros gigantes como Fox e HBO não permitiram por tempos a assinatura do serviço por quem não tinha TV a cabo.

E o que isso muda para o usuário no final? Segundo o diretor, a empresa agora quer acelerar o avanço da tecnologia de sua plataforma. Atualmente, o foco é trabalhar com machine learning para personalizar o acesso do usuário. “O que a gente quer é que as pessoas não demorem mais que 10 segundos escolhendo um filme”, aponta Mattiuzzo. Contudo, não parece fácil. Segundo o executivo, “fazer um serviço de streaming é caro”, mas a companhia não abre números.

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Diferenciais do Telecine

O Telecine é uma empresa de cinema e deve se manter assim. Por isso, o serviço de streaming não vai contar com séries ou outras produções, como acontece em outras plataformas. A ideia é que usuário tenha acesso aos filmes o mais rápido possível depois que eles saem do cinema.

A proposta parece fácil, mas existe um desafio aí: as produções têm janelas de lançamento na seguinte forma: os filmes chegam ao cinema e ficam por até um mês em cartaz. Depois, há janelas de home video e período em que ficam disponíveis em lojas online para aluguel ou compra. Só depois disso é que a produção pode chegar ao streaming.

Sabendo dessas limitações, eles apostam em outros diferenciais. Um dos principais é usar o conhecimento de anos oferecendo cinema para personalizar a experiência do usuário.

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“Nós temos um pessoal que sabe muito como as pessoas assistem a filmes, como elas consomem isso e do que gostam. Então, precisamos usar esse conhecimento junto com algoritmos para nos diferenciarmos”, explica Ana Julia Ghirello, diretora de transformação digital do Telecine, em entrevista ao Canaltech.

Para fazer essa mudança, ela explica que a companhia passou por uma remodelação do modelo de organização. A inspiração, claro, é a própria Netflix. Assim, como a gigante do streaming, o Telecine passou a se dividir nos chamados squads, grupos que funcionam quase como startups dentro da corporação. “A gente sabe que no mundo da tecnologia as coisas mudam muito rápido. Então, a gente precisa dar mais autonomia. Se for planejar tudo, quando a gente executa, aquilo já está desfasado”, explica Ghirello.

Assim, o time conta com um grupo para aquisição de usuários, outro de conversão de vendas, engajamento, conteúdo, atendimento e um último voltado somente para o player que roda os vídeos. Dentro da companhia, esses times funcionam quase que como pequenas startups independentes.

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Conteúdos “originais” do Telecine

Os produtos do catálogo ainda são o maior diferencial na hora de uma pessoa assinar uma plataforma. Nisso, ter um conteúdo original, como fazem Netflix, HBO e Amazon, pode ser a chave para conseguir atrair o usuário.

O Telecine aposta em outra abordagem. A empresa atualmente é formada em sociedade com outras grandes do mercado. São elas: Universal, MGM, Paramount e Fox. Todos filmes produzidos por esses estúdios contam com exclusividade dentro do catálogo do Telecine no Brasil, a não ser que tenham um serviço de streaming próprio, como é o caso da Fox.

“Isso que a gente pode até chamar de ‘nossa produção original’ também. Só nós temos acesso a esses filmes”, brinca Mattiuzzo. Além disso, a empresa faz parcerias com outras grandes do mercado, como Warner e Disney. “Claro que a gente sempre quer que esses filmes sejam exclusivos nossos. Mas existe uma competição do mercado que não permite isso”, completa.

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Junto, a companhia também trabalha com o cinema nacional para financiar filmes que vão entrar no catálogo do serviço em breve.

Imbróglio legal: Telecine x Disney x Fox

A Fox foi comprada no começo do ano pela Disney em uma negociação de US$ 71,3 bilhões. Com isso, a gigante passou a ter os direitos de divisões de filmes e TV da Fox. Na lista estão X-Men, Deadpool, Quarteto Fantástico, Avatar e produções distribuídas pela Fox Searchlight, como A Forma da Água e A Favorita.

A Disney também anunciou a chegada do seu serviço de streaming, o qual estreia este ano nos Estados Unidos e desembarca na América Latina no ano que vem.

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Isso cria um cenário de dúvidas para o Telecine. A Fox não é só um parceiro da empresa, é também sócia da companhia. Ou seja, ao mesmo tempo que pode manter os filmes na plataforma do Telecine, também poderá ser exclusiva do Disney+.

Segundo Mattiuzzo, ainda não há perspectiva de mudança. “Até o fim do contrato de sociedade, a Fox tem exclusividade de conteúdo com a gente. Estamos bem tranquilos quanto a isso”, explica. Tal contrato não tem previsão de fim ainda.

O Telecine ainda tem outro problema: conta com uma parceria forte com a Disney. Inclusive há listas voltadas somente a filmes da produtora e outros só com a biblioteca de produções da Marvel. Segundo o diretor, a manutenção da parceria é uma incógnita. “Até o momento, ela [a Disney] mantém os filmes conosco. Mas ainda não sabemos como vai ser quando ela chegar com o serviço por aqui. Vamos ter de esperar”, afirma.

Futuro do Telecine

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O serviço de streaming do Telecine entrou no ar em dezembro do ano passado. Isso quer dizer que a empresa ainda quer aprimorar muita coisa. Um dos pontos é que ele ainda não conta com download para o usuário assistir às produções offline. Entretanto, isso está em desenvolvimento. “Aguarde algumas semanas que já estamos testando. É questão de tempo. Já sabemos que é uma prioridade dos usuários, vamos implementar sim”, explica Ana Júlia.

A plataforma também quer fazer um processo maior de migração e usuários para o streaming propriamente dito. Atualmente, a maior parte dos mais de um milhão de pessoas que usam a plataforma são oriundos da TV à cabo. Ou seja, já contam com o canal e têm acesso também à versão por demanda.

“Nós sabemos que temos nosso público na TV à cabo e que são ótimos parceiros. Achamos que as duas coisas não concorrem, mas se complementam”, pontua Mattiuzzo.

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A plataforma de streaming do Telecine conta com 2 mil filmes no catálogo e um plano de assinatura de R$ 37,90 por mês com até cinco dispositivos conectados ao mesmo tempo. Novos usuários têm 7 dias de testes gratuitos.