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Crítica Furiosa | Vingança e correria sem usar todo o tanque de gasolina

Por| Editado por Durval Ramos | 22 de Maio de 2024 às 18h39

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Warner Bros
Warner Bros

A primeira vez que estive em uma sala de cinema para assistir Mad Max: Estrada da Fúria foi uma das melhores experiências que já tive relacionadas à tela grande. Eu esperava algo bom, críticas haviam elogiado bastante as cenas de ação e a trama, mas eu saí do cinema completamente maravilhado com o que tinha assistido.

Um dos elementos que mais me chamou atenção foi o personagem interpretado por Charlize Theron, Imperatriz Furiosa. Não fui o único, já que milhões de pessoas se sentiram atraídas para a, perdoem o trocadilho, fúria por trás dos olhos da atriz no papel. Apesar de ter o nome Mad Max logo no título e uma atuação bastante magnética de Tom Hardy, Estrada da Fúria é um filme da Furiosa e ninguém pode negar isso.

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Talvez por isso, quando o diretor George Miller anunciou que produziria um prequel mostrando a origem da personagem, foi impossível não pensar duas coisas. A primeira foi “Precisa mesmo?” e a segunda foi “Por favor, sim!”. 

Uma das coisas mais legais da franquia Mad Max como um todo é o fato de nem tudo precisar ser muito explicado. Pessoas se matando por gasolina? Claro. Um pessoal se juntando em uma arena para mostrar quem é o mais forte? Óbvio. Uma mulher com um braço mecânico fugindo com outras escravas sexuais de um idoso maluco com problemas respiratórios? Faz sentido.

Nada ali precisava de uma explicação além daquilo que estava na tela. Furiosa viveu naquele ambiente tempo suficiente para não aprovar o que estava sendo feito, querendo voltar para a sua casa e levar todo mundo com ela. 

Só que George Miller, criador de toda a franquia, queria contar mais sobre ela. Obviamente não tenho poder ou vontade de falar com todo o coração que não precisava. Quanto mais Furiosa, melhor.

Esse foi o espírito quando entrei em uma sala de cinema para assistir a Furiosa: Uma Saga Mad Max, filme estrelado por Anya Taylor-Joy (A Bruxa) e Chris Hemsworth (Vingadores: Ultimato).

Furiosinha e suas aventuras

Como estamos falando de um filme de origem, vemos a infância de Furiosa e o lugar onde nasceu, um pedaço de terra ainda abundante em natureza, no meio do caos e devastação do deserto. Interpretada pela jovem atriz Alyla Browne, que é realmente parecida com Anya Taylor-Joy, a pequena Furiosa vive livre até cruzar com motoqueiros que encontraram sua terra.

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Em um ato que pode ser classificado como “atitude infantil” ou simplesmente burrice, ela resolve inutilizar as suas motos, sendo capturada durante o ato. Isso acaba criando uma série de eventos que causam a morte de sua mãe e seu aprisionamento por Dementus, o vilão interpretado por Chris Hemsworth.

É possível notar que o ator, conhecido por seu trabalho como Thor nos filmes da Marvel, está se divertindo com a ideia de ser um vilão sádico, com um gostinho para linguiças feitas de sangue humano, mas que em poucos detalhes, se revela muito mais trágico e tridimensional do que o esperado.

Sua bravata na hora de encarar alguém como Immortan Joe, desta vez interpretado pelo ator Lachy Hulme, deixa as cenas com ele muito mais interessantes e divertidas. Dementus é um personagem esquisito, violento e perigoso, mas Hemsworth acaba o deixando um pouco mais humano, o que talvez tenha se tornado um problema ao longo do filme.

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Isso porque, por mais que ele seja o grande antagonista de Furiosa: Uma Saga Mad Max, ele nunca parece assustador o suficiente para ter esse cargo. As cenas com Immortan Joe apresentam uma sensação de perigo e um clima mais pesado, mostrando como ele é um vilão de verdade, enquanto Dementus é só um cara meio maluco.

E onde fica Furiosa no meio disso tudo? Apesar de tudo ser mostrado pelos olhos da jovem Furiosa, praticamente metade do filme só a deixa como isso, uma espectadora que acaba nas mãos de Immortan Joe.

Isso faz sentido por se tratar de um filme de origem e seria impossível ela já aparecer como a personagem que vimos em Estrada da Fúria, mas não existe urgência em conseguir a tal vingança que parecia que tanto queria.

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Isso faz com que os anos se passem, com ela dentro da Citadela sobrevivendo como se fosse um menino mudo, algo que não faz sentido algum à medida que ela cresce e, com seus longos cabelos soltos na frente de todo mundo, seja basicamente a Anya Taylor-Joy com a cara suja.

O nascimento de uma guerreira

Furiosa: Uma Saga Mad Max não é um filme como Mad Max: Estrada da Fúria. Você consegue identificar momentos que acabam servindo como reflexo para a história do filme anterior, e até mesmo ligações com o jogo de videogame baseado na franquia, mas Furiosa tem sua própria história e ritmo.

No momento em que isso ficou bastante claro e ele tenta usar esses elementos para seguir seu próprio caminho, o filme cresce. Furiosa, já mais velha, acaba se envolvendo com Preatorian Jack, o motorista do War Rig, interpretado por Tom Burke quase como se ele fosse uma versão de Mad Max

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Aos poucos, Furiosa encontra caminhos diferentes para sua vida, podendo seguir com a sua vingança ou simplesmente tentar voltar para a sua casa. É com essa escolha que o longa acaba criando a personagem que vimos no filme anterior.

A ideia de um “Furiosa Begins” começa a fazer sentido a partir da segunda metade do filme. É possível apontar uma cena em especial, sobre o ataque ao War Rig, como o momento em que tudo começa a ir para algum lugar. Quando Furiosa deixa de ser uma simples espectadora e começa a se colocar em um local de protagonismo em sua própria história.

Ainda demora um pouco para acontecer, até mais do que eu gostaria, mas quando as coisas começam a se desenhar como o esperado, o filme ganha novo fôlego.

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Guerra, loucura e fúria

Furiosa: Uma Saga Mad Max não apresenta grandes reviravoltas, que deixarão os fãs da franquia surpresos, principalmente porque ele vai até onde Estrada da Fúria começa. Não faria muito sentido contar mais histórias da personagem, sendo que ela não parece ter feito nada além do seu trabalho como alguém de confiança de Immortan Joe.

As cenas de ação, que começam de verdade apenas na segunda metade do filme, são muito boas, com destaque para o já citado ataque ao War Rig, mas devo ser sincero ao dizer que não chegam perto do longa anterior da série. Como eu disse, são filmes diferentes, com ideias um pouco distintas de como contar uma história, mas nessa parte da ação, Estrada da Fúria ainda é melhor.

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Só que isso não impede que Furiosa ganhe uma ótima história de origem. Confesso que, apesar de Dementus ser seu alvo e motivo de grande virada (o final do segundo ato do filme até o seu final é muito bom), gostaria de ter visto Furiosa ver Immortan Joe mais como um antagonista do que é mostrado aqui.

No final de suas mais de duas horas, Furiosa: Uma Saga Mad Max completa o seu ciclo e entrega boa ação, ótimos momentos e mostra como a franquia ainda tem muita gasolina no tanque. Só poderia ter acelerado um pouco mais por aqui.

Furiosa: Uma Saga Mad Max estreia dia 23 de maio nos cinemas brasileiros.