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Crítica | Bad Boys para Sempre revigora a franquia com “ação tiozão ostentação”

Por| 29 de Janeiro de 2020 às 09h55

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Sony Pictures
Sony Pictures
Will Smith

O filme policial estilo “buddy cop” fez muito sucesso nos anos 70, sempre com dois parceiros com estilos diferentes, e nos anos 80 agregou-o à comédia de ação, em títulos que se tornariam franquias, a exemplo de Um Tira da Pesada, Máquina Mortífera, A Hora do Rush e Bad Boys. Bem, esse último estreou em 1995, quando Will Smith e Martin Lawrence deixavam de ser comediantes para se tornarem também atores de blockbusters com sequências, digamos, mais físicas.

Agora, depois de uma sequência de relativo sucesso em 2003, eles voltam para o que seria a “missão final”. Smith e Lawrence, que em meados de 90 estavam na casa dos 30, agora são cinquentões, em uma trama com “ação tiozão ostentação” em meio ao novo cenário em que vivemos. A trama: Marcus Burnett (Lawrence) tem um neto e está prestes a se aposentar, quando Mike Lowrey (Smith), solteirão e seu parceiro de décadas, sofre um atentado e fica à beira da morte.

Ao retornar, Lowrey busca vingança e Burnett tenta deixar a vida agitada para trás, enquanto o departamento de polícia recebe uma nova equipe, mais jovem, formada pela tenente Rita (Paola Núñez), a policial especialista em invasões Kelly (Vanessa Hudgens), o nerd musculoso Dorn (Alexander Ludwig) e o hacker/atirador de elite Rafe (Charles Melton).

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“Ação tiozão ostentação”

Quando me refiro a esse tipo de ação, estou falando do mesmo esquema dos anteriores — mas, evidente, com as limitações da idade da dupla. Embora a direção não seja de Michael Bay, conhecido pelos seus exageros, o tom continua sendo parecido, já que a produção é do não menos exagerado Jerry Bruckheimer (Um Tira da Pesada, Top Gun, Bad Boys), ao lado de Will Smith e Doug Belgrad.

Adil El Arbi e Bilall Fallah abusam das panorâmicas com cenários paradisíacos, carros esporte e vida luxuosa. Para incrementar o visual ao nosso tempo, há até filtros de fotografia que você encontra facilmente no Instagram de algum influencer. Isso, claro, serve como referência aos primeiros longas e para se conectar com novos espectadores.

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O roteiro é apenas ok e aposta na bem-sucedida química entre Smith e Lawrence — embora os momentos de risos sejam bem menos inspirados e frequentes do que nos longas anteriores. Além disso, sem a mesma forma física de outrora, as sequências de ação carecem de perseguições mais intensas ou cenas de luta mais realistas, sem tanta edição, como em John Wick, por exemplo.

Ou seja, contente-se em ver Smith e Lawrence atirando bastante e fugindo de explosões, enquanto tentam não quebrar a bacia. Por outro lado, o “núcleo jovem” traz uma certo frescor para Bad Boys.

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Sangue novo na praça

A chegada da equipe liderada por Rita traz um interessante contraponto para os policiais da “velha guarda”. O grupo tem um atrito em potencial entre Lowrey e Rafe, além de um provável romance com Rita, enquanto há uma nítida intenção dos diretores em criar um “legado”, passando o bastão para a nova geração.

A escalação de Vanessa Hudgens não é à toa — e há até mesmo um easter egg com uma tirada cômica com isso — e aqui segue o previsível embate entre veteranos e novatos, enquanto vemos diferentes abordagens. Por exemplo, assim como nas tomadas aéreas, em que vemos cenas mais amplas claramente feitas por drones, também vemos os próprios robôs voadores e celulares em ação.

Essa dinâmica entre a dupla de policiais mais velha e os oficiais mais novos é uma das coisas com maior potencial no filme. Contudo, isso é de certa forma desperdiçado, porque não há tempo de tela suficiente para os personagens. Faltaram conexões sentimentais, que eles eventualmente pudessem compartilhar, para tornar suas relações mais interessantes. Então, embora seja um dos destaques, o conflito de gerações apenas arranha o que seria a cereja do bolo.

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E vejam só: já como um reflexo de nossos tempos modernos, há uma certa discussão sobre a violência. Sabemos que muitos dos filmes de sucesso na “Era Rambo 2” traziam um mote bastante discutível, com o “herói” norte-americano assassinando 300 vietnamitas para salvar quatro estadunidenses. Na história, o personagem de Lawrence e a própria conclusão (e o vilão) abordam esse tema com mais coerência e verossimilhança do que em outras épocas.

Mas… Vale a Pena?

Bad Boys para Sempre traz o núcleo presente nos dois primeiros filmes, lançados há 17 e 25 anos, respectivamente: a comédia de ação, com a química entre Will Smith e Martin Lawrence — além, claro, da famosa música-tema do Inner Circle. O que faltam aqui são os tiozões em movimento, porque o que mais vemos mesmo são explosões e tiroteio.

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Para quem gostou dos anteriores e curte esse gênero, com pancadaria e humor, pode sair satisfeito da sala de cinema, porque a produção traz “mais do mesmo” no quesito diversão. Com um ou outra surpresa na manga, o longa também pode dar a largada para um reboot da franquia e uma nova geração de fãs dos Bad Boys.