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Crítica | Annabelle 3: nem todo fantasma é do mal (e assusta)

Por| 27 de Junho de 2019 às 13h44

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Crítica | Annabelle 3: nem todo fantasma é do mal (e assusta)
Crítica | Annabelle 3: nem todo fantasma é do mal (e assusta)

Os filmes de terror são, geralmente, recheados de clichês, altamente previsíveis e de fácil "digestão", por assim dizer. Desde Invocação do Mal (2013), as demais películas dentro do universo de Annabelle tentam sair um pouco desse estigma, trazendo personagens com motivações dentro do enredo e dando um pouco mais de qualidade às tramas. Annabelle 3: De Volta para Casa tenta seguir essa linha, mas comete falhas grotescas de narrativa que, por vezes, trazem riso ao invés da usual revolta. Isso, no entanto, não o transforma em um desastre.

As atuações, principalmente de Mckenna Grace, como Judy Warren, são bem convincentes e retratam justamente aquilo que falamos: motivação. Annabelle 3: De Volta para Casa entretém, mas não empolga, nem muito menos assusta. Isso, em se tratando de um filme de terror, é bem perigoso e, nesse caso, não é bom.

Cuidado! A análise abaixo pode conter spoilers

Cadê os heróis?

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Annabelle 3: De Volta para Casa segue os eventos de Annabelle, primeiro spin-off após Invocação do Mal. Aqui, o casal de demonologistas Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga) traz a boneca possuída para a sala de artefatos amaldiçoados em sua casa, colocando-a atrás do cofre de vidro que fora abençoado por um padre. No trajeto, no entanto, o clichezão de carro enguiçando, fumaça, cemitério e ver pessoas mortas começa. O que surpreende, no entanto, é que a cena revela uma das "artimanhas" da boneca Annabelle, que serve, também, para pautar tudo o que se vê adiante e nos ajuda a entender um pouco do que se passou em outros episódios da saga. Portanto, por mais que seja uma sequência, você pode "começar" por Annabelle 3, que não se sentirá perdido.

Voltando para casa, as coisas logo vão se desenhando e somos apresentados à grande estrela dessa película, Judy Warren (Mckenna Grace), filha do casal Warren. O aspecto sombrio da menina e sua maturidade logo transparecem que as experiências que ela deve ter vivido graças à profissão dos pais a afetaram diretamente, não apenas na personalidade, mas também no seu cotidiano. Sem mencionar o fato de que Judy "herdou" os "poderes" de sua mãe, notadamente paranormal e sensitiva.

Aos poucos também somos apresentados aos fios condutores de toda a trama, a babá de Judy, Mary Ellen (Madison Iseman), e sua peculiar amiga, Daniela (Katie Sarife). Desde o primeiro momento, Daniela demonstra muito interesse no fato de Mary Ellen trabalhar para os Warren. A princípio, parece que tudo seria bem raso e logo voltaremos a nos deparar com clichês, porém, mais adiante, aparece aquilo que mencionamos acima: a motivação.

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Para que tudo de ruim aconteça em um filme com Annabelle, é óbvio que ela precisaria estar livre, leve e solta, tomando conta do terreno. E, claro, para que isso ocorra, é natural que uma mente bisbilhoteira entre em ação. Sim, acertaram, essa mente é Daniela. Mas, para não estragar a experiência, não contaremos a tal da motivação que a levou a mexer onde não devia.

Aí vocês se perguntam: Onde estão os Warren? Devolvo a pergunta: Onde? Sem qualquer motivo, ambos simplesmente saem para uma missão (?) e deixam Judy e a casa sob a tutela de Mary Ellen. Isso deixa o clima um pouco tenso e é uma sacada inteligente de Gary Dauberman, porém é colocada de maneira bem aleatória, para dizer o mínimo. Com os "heróis" fora de cena, obviamente as coisas são bem mais difíceis de serem resolvidas e toda a bagunça causada por Daniela, claro, fica muito mais palpável.

As habilidades de Annabelle não são suficientes para assustar

A sala com os artefatos amaldiçoados da casa dos Warren contém itens maléficos, munidos de entidades e espíritos do mal. Para quem já está habituado com Annabelle, sabe que ela sempre bagunça o coreto, mas o entendimento sobrenatural sobre a boneca nunca foi realmente explicado. Isso, porém, é dito já no comecinho do filme e em alto e bom som.

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Agora, raciocinem: a casa dos Warren é repleta do que chamamos popularmente de "capeta", ambiente fértil para que o espírito de Annabelle possa causar seus habituais estragos. Isso, no entanto, deixa as coisas meio pasteurizadas. Há pouca criatividade nas cenas assustadoras e elas são bem poucas, além de previsíveis. Com o destaque negativo para dois momentos absolutamente patéticos, que acredito que serão de fácil identificação. O número de possessões e de exorcismos, ou confrontos sobrenaturais entre humanos e os seres maléficos do outro mundo, deixa muito a desejar. Nem mesmo o alívio cômico, protagonizado por Bob (Michael Cimino), conseguiu ser tão ruim.

O contraponto ao fraco "desempenho" da boneca é o brilho que Judy demonstra como personagem. Como dissemos, ela parece ter absorvido bem o fato de ser filha de quem é, e isso fez com que ela aprendesse o possível para lidar com o capiroto. Ao mesmo tempo, Mary Ellen, que em um primeiro momento parecia que seria a grande "líder" da trama, acabou por ser, mesmo que corajosa, uma mera coadjuvante. Isso, porém, não apaga sua imporância para importantes fios condutores que ajudaram a resolver, por assim dizer, os problemas na casa dos Warren.

Agora, é necessário destacar que, por mais que faça sentido para trama, tudo parece se solucionar rápido demais e, detalhe, com ajudinhas bem interessantes vindas do além. Algo que, sinceramente, não cai bem, mas não chega a ser ridículo como as cenas citadas anteriormente.

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Desfecho previsível

Se por um lado tudo foi resolvido rapidamente e deixou o enredo um pouco acelerado, Annabelle 3 não é um filme maçante ou cansativo, o que acaba compensando essa deficiência. Normalmente, em materiais de terror notadamente bem-sucedidos, podemos utilizar a expressão "de tirar o fôlego" ou "de arrepiar" e isso, infelizmente, não pode ser dito sobre esta película.

Com decisões equivocadas de sua produção, Annabelle 3 não é um filme que dá medo e pode ser ridicularizado em alguns momentos. Porém, graças ao elenco segurando as pontas, ele entretém. Resta saber como essa história continuará e, caso isso ocorra, já temos uma nova aspirante a heroína, e sem a necessidade de fantasminhas camaradas.

Annabelle 3: Voltando para casa já está em cartaz nos cinemas em todo o Brasil. O Canaltech assistiu ao filme a convite da Warner.