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Crítica | A Possessão de Mary aposta na fórmula do terror, mas falha em envolver

Por| 24 de Janeiro de 2020 às 19h15

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Qual é a fórmula para um bom filme de terror? Demônios, espíritos, uma história envolvente, mortes, sustos e berros? Bom, se a resposta é tudo isso, A Possessão de Mary, filme dirigido por Michael Goi, resolveu optar por todos, mas o resultado foi desastroso. O longa que chega aos cinemas neste fim de semana conta a história de um barco chamado Mary que está possuído por um espírito antigo e que mata todo mundo que navega em alto mar com ele.

Logo no começo do filme, vemos que a protagonista Sarah (Emily Mortimer) sobreviveu, pois ela está contando toda a história na delegacia para uma policial que parece não acreditar nela. À medida que a trama vai se desenrolando, flashbacks dos depoimentos da sobrevivente vão surgindo, mas fornecendo poucas respostas. As bizarrices que aconteceram no barco falham em ser explicadas nessas cenas e acabam deixando o espectador com ainda mais dúvidas.

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Em meio à história e sua tentativa de ser aterrorizante, o filme tenta encaixar problemas familiares na trama, justificando a compra do barco. A protagonista teria traído o marido David (Gary Oldman), um pescador, com outro homem, deixando-o traumatizado. Então, ele acaba optando por comprar o barco para finalmente se tornar um capitão, algo que ele diz que precisava. Ou seja, ele tinha essa necessidade para tentar esquecer que foi traído e firmar a sua masculinidade, mas acabou comprando algo amaldiçoado.

Tudo isso, no entanto, é muito raso e pouco desenvolvido, assim como tudo o que acontece nesse filme. Não é contado o motivo exato da traição, mesmo que a traidora claramente não seja mais apaixonada pelo marido, mas finge que sim, enquanto os diálogos são tão profundos quanto uma poça d'água e não gerem empatia para nenhum lado. Voltando ao terror, A Possessão de Mary também falha em reproduzir os fenômenos que acontecem no barco, que resultam mais em sustos completamente gratuitos do que em algo relevante realmente acontecendo.

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Quem é Mary? O filme diz ter sido uma sereia que viveu centenas de anos atrás, relembrando de forma vaga lendas antigas em que essas figuras seduziam os marinheiros para o perigo e todas essas coisas.

Mas, infelizmente, para a tristeza da memória desse espírito, ele é tão mal retratado no filme que suas aparições parecem mais aqueles vídeos dos primórdios da internet, quando você está vendo cenas que exigem concentração e de repente aparece um monstro com a boca aberta e dentes afiados berrando na tela. A produção do filme economizou no CGI e maquiagem, e isso fica claro não só na forma como o espírito é mostrado, como pelo fato de ele aparecer pouquíssimas vezes, em sua maioria por milésimos de segundo.

A figura de Mary está lá para dar sustos antes de começar a matança e parece gostar disso. Quando você menos espera, ela aparece na tela dando um grito bem alto e abrindo a boca, enquanto os personagens acordam desse pesadelo. Ou ela aparece e você acha que alguém vai ser perseguido, mas na verdade ela simplesmente desaparece na sequência.

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Ainda na questão familiar, o casal tem duas filhas e, inclusive, uma se chama Mary. É claro que ela é a garotinha que mais tem contato com o espírito, mas nada disso é bem aproveitado. A sereia Mary domina mais os homens, talvez como uma vingança pelo que deve ter passado por ser uma sereia.

Ela controla o corpo do namorado de uma das garotas, que depois de tentar matar o pai da família acaba sendo abandonado na primeira cidade que apareceu e, sem explicação decente, se suicida no hospital.

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Depois é a vez do amigo da família que controlava o barco à noite, que é possuído pela Mary e tenta matar a todos. Seu fim, no entanto, foi pior que o do outro rapaz. O que aconteceu com eles dois tenta ser explicado por Sarah, que mais uma vez não é levada a sério na delegacia, tentando evitar ser acusada de assassinato.

Por fim, Sarah consegue sobreviver à possessão do barco, mas o que aconteceu com o restante da família fica vago e incerto. O filme acaba de repente, quando descobrimos que Mary está no corpo da protagonista, mas sem nenhuma resposta satisfatória no final. A Possessão de Mary nada, nada e morre na beira da praia.