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"Virgem" | Crocodilo fêmea gera filhote sem macho

Por  • Editado por  Douglas Ciriaco  | 

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David Clode/Unsplash
David Clode/Unsplash

Algo estranhamente raro aconteceu em um zoológico da Costa Rica: uma crocodilo fêmea da espécie Crocodylus acutus gerou seu próprio filhote sem a participação de nenhum macho. Conhecido como partenogênese facultativa ou "nascimento virginal", a condição nunca tinha sido registrada entre os crocodilos.

Ainda mais curioso no caso da crocodilo fêmea “virgem” e independente é que o feto produzido era 99,9% geneticamente idêntico a ela, segundo estudo publicado na revista Biology Letters.

História da crocodilo “virgem” que fecundou ovo sozinha

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O estudo que comprovou o caso bastante raro de partenogênese entre crocodilos foi liderado por pesquisadores do Parque Reptilandia, na Costa Rica, e pelo Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia (Virginia Tech), nos Estados Unidos.

Conforme descrevem os autores, o ovo foi gerado por uma fêmea da espécie crocodilo-americano em 2018. Ela vivia isolada de outros animais, incluindo membros da sua espécie, desde os dois anos de idade, por motivos que não foram esclarecidos.

Apesar do feito de gerar um ovo de forma 100% independente, sem o auxílio de um macho, o filhote não sobreviveu. Mesmo estando formado, o feto morreu antes de eclodir, configurando um caso de natimorto. A seguir, veja como era a mãe "virgem" e o filhote natimorto:

Neste caso da Costa Rica, os cientistas explicam que “a falha desta partenogênese em eclodir não deve ser vista como um indicador de que todos os [ovos] partenogênicos de crocodilo serão inviáveis”. Eventualmente, um filhote extraordinário em sua gestação pode habitar este mundo.

Espécies conseguem se reproduzir sem macho

Histórias do tipo chamam a atenção por serem impossíveis para os humanos, mas, na natureza, outras espécies realizam a partenogênese facultativa, como explica Warren Booth, um dos autores do estudo e pesquisador da Viginia Tech. ''Vemos isso em tubarões [como um episódio recente na Itália], pássaros, cobras e lagartos. É algo notavelmente comum e difundido", afirma para a BBC.

Inclusive, Booth explica que o fenômeno em crocodilos pode ser muito mais recorrente do que se imagina. A questão é que ele não é documentando e, muito menos, investigado adequadamente, como ocorreu no zoológico da Costa Rica.

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Nesse ponto, o especialista destaca uma situação recente relacionada com as cobras. "Houve um grande aumento nas notificações de partenogênese quando as pessoas começaram a ter cobras de estimação", conta. A explicação para o aumento era bastante simples: mais pessoas estavam observando esses animais, aumentando as estatísticas.

Entre as hipóteses associadas com a capacidade de se reproduzir assexuadamente, é que ela pode ser uma herança dos dinossauros, quando as suas populações estavam em declínio e o encontro de parceiros era realmente difícil. "O fato de o mecanismo da partenogênese ser o mesmo em tantas espécies diferentes sugere que é uma característica muito antiga, que foi herdada ao longo do tempo. Portanto, isso reforça a ideia de que os dinossauros também eram capazes de se reproduzir dessa maneira", sugere Booth.

Partenogênese na natureza

"Embora seja decepcionante que a partenogênese da crocodilo produzida não tenha eclodido, não é incomum ver fetos inviáveis ​​e anormalidades de desenvolvimento dentro das ninhadas”, afirmam os autores do estudo. Além disso, alguns espécimes podem apresentar problemas de crescimento, mesmo quando nascem aparentemente saudáveis.

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Em um experimento sobre partenogênese em perus, os pesquisadores acompanharam uma criação por nove anos e descobriram que apenas 3,3% dos ovos partenogenéticos eclodem. Durante todo esse período, mais de 2 mil ovos do tipo foram identificados, mas apenas 68 geraram descendentes vivos. Embora a sobrevivência desses animais seja ainda mais rara, se sobrevivem até a idade adulta, conseguem se reproduzir.

Fonte: Biology Letters e BBC