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O que faz um cachorro ser mais bravo ou mais manso?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Dezembro de 2022 às 20h30

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Grigory_bruev/Envato
Grigory_bruev/Envato

Quando pensamos em cachorros que são bravos ou amigáveis, é comum associarmos este tipo de comportamento à sua raça. Por exemplo, um Pitbull, um Dobermann, um Pastor Alemão e um Pinscher serão obrigatoriamente agressivos, mas isto não é necessariamente verdade. É o que revela um novo estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP).

Após analisar 665 cachorros de estimação de diferentes raças — incluindo os Sem Raça Definida (SRD) — e a relação com os seus respectivos tutores, os cientistas da USP concluíram que não existe uma fórmula mágica para determinar o grau de agressividade de um animal. Diferentes fatores biológicos e ambientais devem ser considerado, segundo o estudo publicado na revista Applied Animal Behaviour Science.

O que impacta o nível de agressividade de um cachorro?

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"O comportamento [do cachorro] emerge da interação do animal com o seu contexto, ou seja, o ambiente e o convívio com o tutor, por exemplo, além é claro da morfologia do cachorro", explica Briseida de Resende, professora do Instituto de Psicologia (IP) da USP e coautora do artigo, em comunicado da Agência Fapesp.

De forma geral, as principais variantes associadas com o comportamento do cachorro são:

"Todos esses fatores têm impacto na forma como o cachorro interage com o ambiente e também na maneira como a gente interage com ele”, acrescenta a cientista Resende.

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Estudo da USP investiga o que torna cães mais amigáveis e menos bravos

Em análise dos dados levantados através de questionários online, os pesquisadores observaram alguns padrões que estavam conectados com o comportamento canino e o nível de agressividade dos animais. Por exemplo, cachorros que passeiam mais tendem a ser mais tranquilos.

O fato do tutor ser homem ou mulher também pode impactar o quão bravo o animal é. “A ausência de agressividade [com estranhos] foi uma característica 73% mais frequente entre os cães de mulheres”, detalha Flávio Ayrosa, pesquisador e primeiro autor do artigo.

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Além do gênero do tutor, o sexo do animal pode estar relacionado com o nível de agressividade. “A chance de o animal ser hostil com o dono foi 40% menor em fêmeas do que em machos”, afirma Ayrosa.

Tamanho do focinho pode indicar o quão bravo um cachorro é?

Entre as características morfológicas que mais foram associadas com a agressividade do cachorro, está o tipo de focinho. "As chances de agressividade contra o dono tendem a ser 79% maiores em cães braquicefálicos [focinho achatado, como Pugs] do que nos mesocefálicos [focinhos alongados, como Labradores]”, pontua Ayrosa.

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Outra descoberta curiosa é que, quanto mais pesado um cachorro é, menor deve ser o nível de agressividade. Neste ponto, foi possível identificar que as chances do animal ser bravo diminuíam em 3% para cada quilo extra de massa corporal. Aqui, vale a máxima dos baixinhos invocados, como o Spitz, o Chihuahua e o Yorkshire Terrier.

Estudo confirma relação de causa e efeito?

Apesar dos achados do estudo, é preciso destacar que não foi comprovada uma relação de causa e efeito. “Encontramos uma relação, mas não é possível dizer o que vem primeiro", esclarece Ayrosa. Por exemplo, "pode ser que as pessoas passeavam menos com os cachorros por eles serem animais agressivos, ou os cachorros podem ter se tornado mais agressivos porque seus tutores não passeavam com eles”, explica o cientista.

Nesse ponto, mais estudos são necessários para comprovar a relação direta entre fatores ambientais e genéticos com o nível de agressividade do animal. Por enquanto, não existe uma fórmula mágica, mas, sim, um conjunto de fatores que podem indicar o quão sociável o cachorro pode ser.

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Fonte: Applied Animal Behaviour Science e Agência Fapesp